A Anhanguera quer apagar a Geisy
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A Anhanguera quer apagar a Geisy


Com a aquisição da Uniban, em setembro, a Anhanguera finalmente ganha relevância em São Paulo — seu desafio agora é recuperar a imagem da instituição

O empresário paulista Antonio Carbonari Netto, fundador e presidente do conselho de administração da Anhanguera Educacional, a maior rede de ensino superior privado do país, com receitas de 1 bilhão de reais, jamais perde uma piada.

Na primeira reunião que teve com os executivos do grupo, logo após a aquisição da Universidade Bandeirantes, em setembro deste ano, por 510 milhões de reais, ele decretou o que seria seu grande trunfo para promover a instituição: “Vamos contratar a Geisy Arruda”.

A referência ao episódio envolvendo a expulsão da estudante de turismo, em outubro de 2009 após ter sido hostilizada pelos colegas por trajar um vestido curto foi recebida com um silêncio sepulcral por parte dos diretores presentes.

Carbonari então soltou uma gargalhada, disfarçou e rapidamente adotou um semblante mais sério. “Temos de nos preparar para uma verdadeira operação de guerra”, disse. Guerra, evidentemente, é um exagero.

Mas é fato que a má publicidade gerada pelo “caso Geisy” causou um estrago e tanto na imagem da Uniban. Naquele ano, o número de vestibulandos em São Paulo, onde estão localizados sete de seus 12 campi, caiu pela metade, para pouco mais de 9 800.
Com isso, a Uniban encerrou o ano passado com 55 700 alunos matriculados, quantidade 20% inferior ao verificado em 2009 — nesse período, o setor como um todo cresceu 12% na Grande São Paulo. “Esse é um assunto que as pessoas aqui dentro não gostam nem de tocar”, diz Carbonari. “Causa calafrios até hoje.”

Não é somente em termos de imagem que a Uniban tem se provado a aquisição mais complexa da Anhanguera desde seu IPO, em março de 2007.

Muito embora esteja no azul — com um lucro estimado em 30 milhões de reais no ano passado —, a universidade conta com uma dívida elevada, de aproximadamente 100 milhões de reais — ou um terço de seu faturamento (para efeito de comparação, a média no setor é de apenas 10% da receita).

Parte das pendências diz respeito a salários atrasados de professores e ao não pagamento de horas extras. A Uniban também possui um dos maiores índices de evasão do setor, em torno de 20%, e teve três de seus nove cursos de direito ameaçados de fechamento em janeiro deste ano pelo Ministério da Educação por sucessivos maus desempenhos no Provão.
“A Uniban já vinha apresentando problemas de gestão há anos. O caso Geisy foi apenas a gota-d’água”, afirma Ryon Braga, presidente da Hoper Educação, consultoria especializada em instituições de ensino.

Diante de tantos problemas, o fundo Pátria Investimentos, um dos maiores acionistas da Anhanguera, com 17% de participação, destacou o próprio Carbonari para cuidar da reestruturação da Uniban.

Oito dias após o anúncio da aquisição, em 26 de setembro, ele assumiu como chanceler da universidade, um cargo acima do de reitor, criado sob medida para a tarefa. (Carbonari continua na presidência do conselho da Anhanguera, acumulando os dois postos.) “A Uniban foi uma aquisição importante. Com ela, ganhamos relevância em São Paulo”, diz Ricardo Scavazza, sócio do Pátria.

“Não podíamos correr nenhum risco com a integração.” Uma das primeiras medidas de Carbonari foi aplacar os ânimos do governo com relação à universidade.
Em busca de um acordo, ele viajou a Brasília para negociar com o MEC um prazo maior para reorganizar os cursos ameaçados de interdição — em troca, comprometeu-se a retirar os processos movidos pela Uniban contra o ministério.

Desafio
Resolvidas as pendengas externas, Carbonari pôde concentrar-se na reorganização da Uniban. O ex-reitor da PUC de Campinas Gilberto Selber assumiu a reitoria. Para auxiliar na gestão, foram criadas quatro pró-reitorias, que funcionarão como vice-presidências: operação, graduação, pesquisa e pós-graduação e administrativo-financeira.

Embora os postos tenham sido preenchidos há pouco tempo — o grupo tomou posse no dia 18 de outubro —, algumas decisões já foram tomadas.
A principal delas diz respeito à marca Uniban, que será extinta até meados do ano que vem — a universidade vai adotar o nome Anhanguera, a exemplo de outras 23 instituições adquiridas de 2007 para cá. Para reduzir os custos — e a dívida — da Uniban, a ideia é adotar o maior número possível de processos da empresa-mãe.

A partir de 2011, por exemplo, os cursos passarão a ser semestrais e terão oito disciplinas comuns, o que garante escala na compra do material didático e no treinamento dos professores.

Às sextas-feiras, as aulas serão ministradas à distância. “Isso garante uma economia de 20% na folha de pagamento”, diz Carbonari.

Sem contar com uma marca forte para atrair novos alunos, ele contratou da concorrente FMU o vice-reitor Arthur Sperandeo de Macedo, especializado na captação de estudantes por meio de parcerias com associações e sindicatos. “Nossa missão é transformar a Uniban em uma instituição premium”, diz Selber. Antes disso, será preciso apagar, de vez, seu passado. Por Naiana Oscar
Fonte:exame02/11/2011



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