Cemig vai às compras
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Cemig vai às compras


A holding de energia do governo mineiro está em busca de novos negócios no Brasil e no Exterior para recuperar receitas, depois de devolver 18 hidrelétricas ao governo federal

 O Brasil acordou diferente nos últimos dias e, agora, busca um novo caminho para fortalecer sua democracia e o bem-estar da população. Na vida das empresas, reviravoltas desse tipo também acontecem e exigem dos executivos respostas fortes para manter o caminho do crescimento e do lucro. No caso da Cemig, companhia mineira de energia que detém participação nas usinas de Belo Monte e Santo Antônio e é dona de 25% da Light, os atropelos do governo federal na renovação dos contratos de concessão, no ano passado, representaram uma oportunidade de rever estratégias e sair mais forte da crise que afetou todo o setor. É hora de ir às compras, diz o presidente da Cemig, Djalma de Morais.

“Em vez de ficarmos passivos, vamos em frente, com mais fôlego para novas aquisições”, afirma. “Queremos retomar os patamares do ano passado, com a compra de novos ativos, em busca de ainda mais musculatura do que antes.” No início de agosto, a companhia chegou a valer R$ 31,8 bilhões, o que a tornava a elétrica mais valiosa da América Latina. Mas a empresa, controlada pelo governo de Minas Gerais, viu suas ações caírem, principalmente com o anúncio de que devolveria 18 das 63 usinas hidrelétricas que operava. Não houve consenso sobre o preço mínimo das tarifas, estabelecido pelo Ministério de Minas e Energia para a renovação dos contratos.

 Embora tenha perdido 40% do seu valor de mercado, o assunto já é passado. Morais admite que está conversando com potenciais parceiros, tanto dentro como fora do País, para avaliar a viabilidade de ativos que façam sentido para a empresa mineira. No dia 14 de junho, ele começou a colocar em prática a nova estratégia. A Cemig anunciou a compra de 49% das ações da Brasil PCH que pertenciam à Petrobras, por R$ 650 milhões. O negócio somou 13 pequenas centrais hidrelétricas ao parque gerador. “Vamos focar nossa atenção prioritariamente em geração e, na sequência, em transmissão”, afirma Morais. O executivo não descarta também a aquisição de ativos do Grupo Rede, que se tornaram os mais cobiçados do setor.

 Para Thaís Prandini, diretora-executiva da consultoria Thymos Energia, de São Paulo, a estratégia da empresa está bem focada e os investidores vão premiá-la por isso. “A Cemig sempre foi pioneira em tomar decisões estratégicas, sempre com respaldo técnico”, diz Thaís. “Definitivamente, não acreditamos que terá grandes problemas.” Thaís lembra que, ao contrário da Cemig, outras estatais, como Chesf e Furnas, mantiveram um comportamento mais cauteloso no mercado. “Elas reduziram suas participações em leilões de geração e transmissão”, afirma. A Cemig não esconde o apetite para expandir seus horizontes, inclusive no Exterior. “Estamos conversando com bancos que representam empreendimentos no Chile e em outros países da América Latina”, diz Morais.

 Ele está atento aos movimentos da portuguesa EDP, cujo maior acionista é a chinesa Três Gargantas. “Se buscarem associação, ou estiverem dispostos a vender ativos, estamos de olhos bem abertos.” Apesar dos desgastes vividos com as mudanças no setor elétrico – que geraram críticas pesadas ao estilo de gestão da presidenta Dilma –, o presidente da Cemig entende que as renovações seriam inevitáveis. “Faltou um pouco de diálogo”, acredita. Mas admite que o exercício seria complexo, capaz de inviabilizar o objetivo do governo, que era buscar tarifas mais baixas para os novos contratos, em busca da redução do custo Brasil. “Talvez seja isso que norteou a presidenta. Se ela fosse dialogar, não teria feito as mudanças”, diz.  Por Carla JIMENEZ
Fonte: istoedinheiro 28/06/2013



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