Ipiranga e Raízen disputam segundo lugar
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Ipiranga e Raízen disputam segundo lugar


A briga pela vice-liderança em distribuição de combustíveis no Brasil vai acirrar a disputa entre Ipiranga, do grupo Ultra, e Raízen, joint venture entre a Shell e Cosan. As duas companhias estão fazendo investimentos pesados em 2012 para ganhar mais espaço nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, consideradas com maior potencial de expansão no país.

Dominado pela BR Distribuidora, da Petrobras, com participação nacional de 39%, o mercado de distribuição de combustíveis no Brasil deverá fechar 2011 com 110,3 bilhões de litros comercializados, crescimento de 2,8% sobre 2010, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).

O crescimento desse mercado para o consumo de gasolina e etanol tem forte respaldo no aumento de renda da população, sobretudo da classe C, e na entrada de cerca de 3,5 milhões de veículos novos por ano. As obras de infraestrutura estimulam também a demanda por diesel.

Com investimentos estimados em R$ 775 milhões para 2012, o grupo Ultra, dono da marca Ipiranga, vai focar seus planos de expansão nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, uma vez que o crescimento na região Centro-Sul do país já está consolidado, afirmou Pedro Wongtschowski, presidente da companhia. O grupo tem uma participação nacional de cerca de 21% - enquanto nessas regiões está em 12%. "Temos espaço para crescer", afirmou. A expansão será em conversões de postos de bandeira branca e em aquisições de redes regionais, segundo o executivo.

Seguindo essa mesma rota geográfica e estratégica, a Raízen, que desde o dia 1º de junho está com operações integradas, trabalha a marca Shell no Brasil. "Até o fim de 2013 os postos da Esso [da Cosan] serão convertidos para Shell", disse ao Valor Luiz Henrique Guimarães, vice-presidente comercial da Raízen. A união entre Cosan e Shell, anunciada no início de 2010, fortaleceu o negócio de distribuição das duas companhias em um mercado altamente concentrado e de margens apertadas. Na terceira posição, mas quase encostada na sua concorrente, a companhia está mapeando o país para expandir seus tentáculos na busca pela vice-liderança.

A Raízen está investindo em centros de distribuição e estocagem de combustíveis no Centro-Oeste e também analisa oportunidades de aquisições regionais para ganhar mercado. A empresa não abriu seus investimentos para 2012, mas o Valor apurou que será praticamente da mesma ordem de grandeza de seus concorrentes. A meta da empresa é abrir aproximadamente 300 postos novos no ano que vem - o grupo tem cerca de 4.500 unidades.

A companhia também quer dobrar sua participação na distribuição de etanol no Centro-Oeste nos próximos três anos, principalmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Atualmente, a participação da Raízen nessa região é de cerca de 9%. O Centro-Oeste é considerado estratégico por conta da expansão da oferta de álcool em razão dos investimentos do grupo em usinas. Com a joint venture, a Shell também passou a ser produtora de etanol e açúcar.

Com liderança consolidada, a BR Distribuidora também promete não ficar parada. A companhia tem orçamento de R$ 1,3 bilhão para crescer no país em 2012.

A disputa pelo segundo lugar passou a ficar mais acirrada em 2010, quando a Cosan e Shell decidiram se associar. Com a joint venture, a Raízen ameaçou a vice-liderança da Ipiranga. A compra de uma rede com participação relevante para se consolidar no segundo lugar tornou-se o objeto de desejo das duas concorrentes, embora o discurso de ambas seja por aquisições que agreguem em galonagem e não em quantidade de postos.

As apostas do mercado eram que uma das duas companhias compraria a AleSat, resultado da união em 2006 entre as redes Ale, controlada pela mineira Asamar, e da potiguar Sat. No entanto, como o fundo de private equity Darby , sócio da companhia, está negociando sua saída da holding AleSat, as conversações emperraram, segundo fontes próximas à companhia.

Tanto Ipiranga como Raízen já conversaram com os controladores da AleSat, mas os negócios não evoluíram, segundo apurou o Valor. "Os postos da rede não têm grande galonagem", afirmou uma fonte. O grupo Bunge também foi apontado, recentemente, como um dos possíveis interessados nos ativos da distribuidora. Procurados, Bunge e a AleSat negam negociações.

Marcelo Alecrim, presidente do grupo, afirmou que a empresa investirá R$ 135 milhões em 2012 para abrir cerca de 200 postos. Sobre o fundo americano Darby, Alecrim disse que é o caminho natural a saída de um fundo de private equity do negócio, quando o projeto atinge seu amadurecimento. Segundo o empresário, o grupo não está à venda e não descarta abertura de capital para promover sua expansão. "Já estamos no Nordeste, queremos avançar para o Centro-Sul." Por Mônica Scaramuzzo
Fonte:Valor26/12/2011



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