Pré-pagos e celulares devem mudar indústria de cartões
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Pré-pagos e celulares devem mudar indústria de cartões


Até o final de abril, o faturamento da indústria de cartões - crédito, débito e private label (lojas) - totalizou R$ 805,376 bilhões, alta de 20% na comparação com o mesmo período de 2011. O volume de transações foi de 9,555 bilhões e o número de unidades emitidas chegou a 746,245 milhões, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Para 2012, o mercado espera mudanças na área tecnológica com a popularização de novos produtos de pré-pagos e avanços no pagamento por meio de celular, conhecido como mobile payment.

O diretor-executivo de Tecnologia da Informação e Operações da Alelo, antiga VisaNet, Pedro Paulo, revelou, durante fórum de inovação da Fecomercio -SP, que as grandes mudanças virão no pré-pago. "Pode ser o canal para atingir com serviços financeiros a classe não-bancarizada."

Até o final do ano, a Alelo lançará no Brasil 12 produtos, com destaque para o gift card, uma parceria com a Givex e Cielo. "O gift é carimbado, ou seja, utilizado por um lojista específico, mas que pode ser distribuído em diversos estabelecimentos comerciais. Já o cartão presente não é carimbado e tem uso geral."

Segundo o diretor, atualmente há 6,1 milhões de cartões ativos da Alelo, sendo 400 mil novas emissões e 40 milhões de transações por mês. Cadastrados, há 230 mil estabelecimentos comerciais em parceria com a Cielo. "Vai haver uma migração dos pagamentos para o pré-pago. Há a vantagem do controle de gastos, com uso específico, informações de onde está sendo comprado, praticidade, acesso aos nãobancarizados, além da redução de custos", lembrou Pedro Paulo.

A migração, segundo o diretor, ainda ocorre de forma gradual devido ao processo regulatório, ainda em discussão entre Banco Central, Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e Abecs.

No que diz respeito à evolução do mobile payment no Brasil, o diretor disse que esbarra na regulamentação e divisões entre os parceiros institucionais. "A maior barreira é a regulatória". Segundo ele, os diversos players (operadora de celular, banco emissor, bandeira e adquirente) começam a trabalhar de forma conjunta. "As margens estão cada vez mais estreitas, mas cada parceiro quer a sua fatia. Se todos quiserem 30%, vai dar 150% e não funciona."

O gerente de pagamentos móveis da Valid, Alencar Nunes da Silva Júnior, explicou que o pagamento eletrônico com o uso de celulares avançou nos últimos anos no mundo, principalmente na Ásia e na África, onde as empresas de telecomunicação funcionam como instituições financeiras e permitem o uso do aparelho para compras e pagamentos. "Em países onde não há alto nível de bancarização, a operadora se torna um potencial fornecedor financeiro. No Brasil é difícil uma operadora se tornar financeira, porque o grau de bancarização é maior", pontuou Silva, que acrescentou: "Há ainda uma regulamentação específica [Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel] que limita o que pode ou não estar no celular. A gente percebe que o caminho é uma sinergia entre as indústrias".

 Questionado sobre a mudança para o empresário, Silva Júnior revelou que na venda presencial não há nada referente às reduções de custo. "Mas ela agrega com ferramentas adicionais e de contato com o cliente. Por exemplo, benefícios, programas de fidelidade, promoções e gifts".

Já na venda não-presencial, Internet ou telefone, o executivo afirmou que ocorre aumento da distribuição e segurança. "Tem certeza de quem recebe a transação", disse Silva.

O presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio - SP, Adolfo Melito, concordou que será necessária uma junção de diferentes setores para que um sistema desse tipo funcione. "Tem que ter uma multiplataforma de operadoras e bancos. Além disso, será preciso uma regulamentação desse serviço. Acredito que isso ainda demore entre dois e três anos", concluiu.

Melito ainda exemplificou o caso da Oi Paggo, que hoje está associada ao Banco do Brasil e Cielo."No Japão é permitido compra colocada no celular, mas a Anatel não permite aqui. Para o mobile payment funcionar, tem que sentar todos à mesa."  Por Marcelle Gutierrez
Fonte: DCI 10/05/2012



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