Acordos e fusões agitam mercado nos EUA
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Acordos e fusões agitam mercado nos EUA


No começo de fevereiro, o CEO da Time Warner, Jeffrey Bewkes, discursou sobre o desempenho de sua empresa em um evento rotineiro. Ele abordou, por exemplo, a cobertura eleitoral da CNN e a popularidade da HBO. Não era de se esperar que falasse muito dos produtos impressos, mas acabou não se referindo a nenhuma das revistas, que já foram a jóia do grupo.

A Time Inc, divisão de revistas da Time Warner – que inclui títulos como Time,People,Sports Illustrated,Fortune eInStyle –, recebeu apenas uma menção sobre como vem produzindo mais aplicativos para tablets. A Time Warner é uma das diversas grandes empresas de mídia americanas buscando vender ou reestruturar suas divisões de produtos impressos. Investidores tem vendido suas ações em companhias do setor diante da considerável queda na receita do impresso ao longo da última década. Mas o ritmo das fusões, aquisições e reestruturações nos últimos meses indica o surgimento de uma nova ordem.

 No ano passado, o gasto total com publicidade digital nos EUA foi de US$ 37,3 bilhões (em torno de R$ 72 bilhões), excedendo os gastos com anúncios impressos pela primeira vez, segundo a empresa de pesquisa eMarketer. “Os anos 2000 foram um período em que as empresas de mídia impressa tomaram ciência de que a ruptura digital estava mudando os modelos de negócios”, diz Ken Doctor, analista de mídia que escreve sobre a indústria para o site Newsonomics.

 Diversos acordos recentes poderão remodelar quatro dos 10 maiores jornais americanos, algumas das revistas mais populares e rentáveis e uma gigante do mercado de editoração educacional:

 >> A News Corp divulgou, em dezembro, detalhes da separação do grupo em duas partes; uma impressa – que inclui os jornais Wall Street Journal e New York Post – e outra de entretenimento. A divisão deverá ser concluída até o final do ano.

 >> A Time Warner chegou a ensaiar um acordo com a editora Meredith, mas as negociações falharam. Na semana passada, anunciou que irá separar a Time Inc do resto do grupo. Com declínio na venda de anúncios e assinaturas, a receita da divisão impressa caiu 7%, para US$ 3,4 bilhões, no ano passado.

 >> A Tribune Company, que publica o Los Angeles Times e o Chicago Tribune, saiu de quatro anos de falência em dezembro e tem planos de vender todos ou parte de seus oito jornais. Analistas acreditam que a empresa passará a focar em suas 23 emissoras de TV.

 >> O CEO da New York Times Company, Mark Thompson, afirmou que o grupo quer concentrar suas estratégias e investimentos na marca e no jornalismo do New York Times, seu carro-chefe. Em 2011, a empresa vendeu sua unidade de jornais regionais, com 16 títulos, para a Halifax Media Holdings por US$ 143 milhões. Agora, o Boston Globe também deve ser vendido.

 >> A McGraw-Hill concordou, em dezembro, em vender sua divisão de educação – trata-se da segunda maior editora de livros universitários dos EUA –, cujas vendas vêm caindo nos últimos dois anos, para a Apollo Global Management por US$ 2,5 bilhões.

 Condições de mercado favoráveis 

 Até um ano e meio atrás, havia pouco apetite na indústria midiática para fusões e aquisições. Mas com o mercado financeiro mais relaxado, as atitudes estão mudando. Segundo a Thomson Reuters, cerca de US$ 21 bilhões em acordos de “mídia e entretenimento” surgiram desde o começo de 2013. Os investidores estão sendo impactados pela melhoria – embora lenta – das condições da indústria jornalística.

 E, enquanto acionistas pressionam as empresas para aumentar o preço das ações ao se livrar de divisões que estão perdendo dinheiro, a separação das unidades impressas pode ser, a longo prazo, algo positivo para elas. Atualmente, ser parte de menor destaque de um grupo maior com recursos combinados pode significar desvantagem, já que os investimentos acabam indo para as iniciativas com maior potencial de crescimento. “Agora, elas podem focar no que fazem melhor”, opina Reed Phillips, cofundador do DeSilva + Phillips, banco de investimentos especializado na indústria midiática.

 O que também contribui para o otimismo é o aumento das evidências da disposição dos leitores para pagar por conteúdo na internet. WSJ, NYTimes, Financial Times e jornais locais publicados pela Gannett já cobram pelo acesso a seus sites.

 Mercados locais fortalecidos 

 Jornais em mercados menores, com menos competição por audiência e anunciantes, têm mais potencial para manter o crescimento. A compra de mais de 60 jornais locais pelo investidor Warren Bufftet, incluindo o Omaha World-Herald e oRichmond Times-Dispatch, confirmam esse argumento.

 Já em relação ao futuro dos maiores jornais americanos, analistas são menos confiantes. Mas até aí surge uma nova categoria: indivíduos com responsabilidade política ou civil, com dinheiro e disposição para investir, estão sendo vistos como “salvadores da mídia”. O maior exemplo recente é o da revista New Republic, comprada pelo cofundador do Facebook, Chris Hughes.  edição 737 Tradução: Larriza Thurler, edição de Leticia Nunes. Informações de Roger Yu [“Shakeout in old media picks up paces”, USA Today, 25/2/13]
Fonte: observatoriodaimprensa 12/03/2013



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