AL atrai investimentos
Marcas e Empresas

AL atrai investimentos


A América Latina comemora uma marca histórica de investimento estrangeiro direto (IED) na região — US$ 135 bilhões em 2011 — justamente quando o mundo observa com preocupação o avanço estatizante de Argentina e Bolívia sobre empresas controladas por capital de fora. O montante recorde divulgado ontem em Santiago, no Chile, pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), órgão das Nações Unidas, representa 10% do fluxo mundial no período.

 O Brasil liderou o fluxo de recursos no ano passado, com US$ 66,7 bilhões ou 43% do IED total. Em seguida, vem México (US$ 19,44 bilhões), Chile (US$ 17,29 bilhões), Colômbia (US$ 13,23 bilhões), Peru (US$ 7,659 bilhões), Argentina (US$ 7,24 bilhões), Venezuela (US$ 5,30 bilhões) e Uruguai (US$ 2,52 bilhões). Os valores apurados pelos quatro primeiros do ranking foram recordes históricos.

 O relatório do organismo ligado às Nações Unidas indica ainda que os valores totais do ano passado devem ser superados este ano, possivelmente superando a máxima histórica, de 2008, quando os ingressos somaram US$ 137 bilhões. Em 2010, América Latina recebeu US$ 120,88 bilhões em IED, contra US$ 81,59 bilhões do ano anterior, auge da crise econômica mundial.

 "Apesar da incerteza que ainda reina nos mercados financeiros globais, as economias latino-americanas atraíram significativos volumes de investimento estrangeiro direto em 2011, que devem se manter altos em 2012", disse Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, durante a apresentação do levantamento anual. 

Segundo ela, 46% dos ingressos do IED se destinaram ao setor de veículos utilitários, refletindo uma maior confiança das multinacionais e das crescentes oportunidades de negócios na região, que cresceu 4,3% ano passado.

 Incertezas 
Para 2012, a Cepal prevê desaceleração das economias latino-americanas, com expansão média de 3,7%, em meio ao baixo crescimento dos países desenvolvidos e seus reflexos sobre os fluxos de investimento. Seus técnicos avaliam que, caso a crise na Eurozona ganhe dimensões maiores, é possível que a taxa de IED continue em alta, mas limitada por eventuais recuos, sobretudo de europeus. A aposta é que a taxa na América Latina este ano varie de uma queda de 2% a uma alta de 8%.

 O Fundo Monetário Internacional (FMI) negou que a América Latina esteja entrando numa de nacionalizações de empresas. O porta-voz do organismo, Gerry Rice, disse ontem que as recentes expropriações por parte de Argentina e Bolívia de empresas espanholas não mudam o clima de investimento. "Trata-se de uma região muito diversa e não podemos dizer que o que está ocorrendo é uma tendência. De uma maneira geral, seus países se beneficiaram de investimentos externos", disse.

 Em um sinal contrário à segurança dos investimentos externos, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou esta semana a expropriação da Transportadora de Eletricidade (TDE), filial do grupo espanhol Red Eléctrica. Duas semanas antes, o governo argentino anunciou o confisco de 51% das ações da petroleira YPF, em poder da também espanhola Repsol. (SR)

 Tsunami monetário 
 A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) considera estrategicamente importante para países como o Brasil a adoção de políticas para coibir valorização excessiva da moeda local. Estudo do organismo sobre investimentos diretos revela ser impossível identificar todos os capitais em busca de lucros com juros elevados e que chegam disfarçados de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Nesse sentido, a Cepal avaliza a crítica do Palácio do Planalto ao chamado "tsunami monetário". Para o secretário executivo adjunto da Cepal, Antonio Prado, os países precisam ter instrumentos para evitar a apreciação excessiva do câmbio e, assim, defender sua capacidade de exportação e produção.
Fonte:Correio Braziliense 04/05/2012



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