Marcas e Empresas
Alta demanda estimula consolidação de data centers no Brasil
O anúncio da compra da Tecla pelo fundo de investimentos Riverwood e de sua possível fusão com a Mandic não foi uma surpresa para os analistas de mercado. Para Bruno Tasco, da Frost & Sullivan, e Anderson Figueiredo, da IDC, o negócio é reflexo do amadurecimento do mercado brasileiro, com demanda cada vez maior por data centers e nuvens públicas, principalmente para pequenas e médias empresas.
Os dois analistas concordam que, com o negócio anunciado nesta terça-feira, 27, o mercado brasileiro ganha um concorrente mais forte. “A união da Mandic com a Tecla tem tudo para dar certo, pois cria um portfólio de serviços bastante interessante”, diz Tasco, da Frost, lembrando que a Mandic sempre foi uma provedora de e-mail para o mercado corporativo, e agora agrega infraestrutura como serviços (IaaS). Para ele, as empresas ganham mais corpo para oferecer mais soluções e competir com mais força no mercado brasileiro.
Figueiredo, da IDC, explica que a Tecla sempre trabalhou com o universo de pequenas empresas, menores ainda que o alvo da Locaweb, que são hoje o principal das nuvens públicas. “Eles são muito bem vistos pelos clientes e, com a união com a Mandic, vão aumentar a participação deles no mercado de pequenas empresas e, acredito, começar a incomodar o mercado de médias empresas”, prevê.
O analista da IDC acredita que a nova empresa deve tentar conquistar clientes maiores do que estão acostumados. Para isso, explica, deve ampliar seu portfólio, reforçando as ofertas de software como serviço (SaaS). “A Tecla sempre teve mais força na oferta de infraestrutura como serviço, mas para ganhar volume, terá que fortalecer as ofertas de software”, diz.
Ainda assim, o impacto do negócio no mercado deverá ser limitado. Para Tasco, da Frost, a fusão não muda muito o mercado em termos de competitividade. “Não aumenta, porque se trata de um setor já bastante competitivo, com a participação inclusive de operadoras de telecomunicação”, lembra.
Ao contrário, ele acredita tratar-se de uma reação a esta competitividade. Unidas, a Tecla e a Mandic se posicionam com mais força para competir. Figueiredo, da IDC, acredita em um impacto localizado nas ofertas para médias empresas. “Eles começarão a incomodar mais os concorrentes focados neste segmento”, diz.
Mercado atraente
Impacto à parte, o negócio também chamou a atenção pelo interesse de investidores estrangeiros no mercado brasileiro. Para os analistas, este é um movimento que está apenas começando e mais anúncios devem ser esperados para os próximos meses. “O mercado brasileiro é muito promissor, por isso a vinda não apenas de grandes investidores estrangeiros, mas também de empresas como a Amazon. Há muitas oportunidades para nuvens públicas no segmento de pequenas e médias empresas”, afirma Tasco, da Frost.
Figueiredo, da IDC, defende que o mercado brasileiro de data center é o melhor dos mundos para os investidores. “Aqui temos mais demanda que oferta, o que torna o mercado atraente. Há muitas empresas interessadas em data centers e o movimento vai continuar. Teremos mais empresas chegando, seja por meio de fusões, aquisições ou construção de data centers, e com a ajuda de fundos de investimento para estas iniciativas”, diz.
Boa parte desta atratividade vem do crescimento econômico do Brasil que, mesmo menor, ainda apresentará uma situação melhor do que o hemisfério norte. Parte desse crescimento deve-se à ascensão das pequenas e médias empresas que, segundo Figueiredo, estão crescendo, mas não vão investir em infraestrutura de TI. “Esse é o grande foco das empresas de cloud e isso não acontece à toa: nossa previsão é que as nuvens públicas cresçam 60% ao ano no Brasil até 2015. Quem não quer investir em um mercado que vai crescer 60%?”, pergunta.Por Fábio Barros
Fonte:ConvergênciaDigital28/03/2012
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