Marcas e Empresas
Amil não terá plano popular até 2015
Por pelo menos mais três anos, a Amil não estará suficientemente competitiva para alcançar sua meta disputar com outras empresas o público com renda de até três salários mínimos. A afirmação foi feita ontem pelo presidente da operadora de planos de saúde, Edson de Godoy Bueno. O principal entrave, segundo o executivo, são os custos da operadora, ainda altos e inadequados para atender a esse nicho do mercado. Por isso, a ordem na Amil é de "redução total de custos".
"Vamos reduzir custos nos próximos dois ou três anos. Mesmo assim, não conseguiremos entrar com planos tão baixos como os da Intermédica [que atua em São Paulo]", admitiu Bueno, após receber o prêmio de executivo do ano de 2011 do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - Rio de Janeiro (Ibef-Rio). Após reduzir os gastos, é que a empresa deverá elaborar produtos para esse público.
As despesas administrativas nos nove primeiros meses do ano passado da Amil somaram quase R$ 1,1 bilhão, um avanço de 17,7% quando comparado a igual período de 2010. Esse item do balanço registrou aumento por conta de dissídio coletivo de cerca de 5% e das despesas com aquisições, em especial à Lincx. Houve ainda um crescimento de 22,2% nas despesas de comercialização, que somaram R$ 332 milhões no período encerrado em setembro.
Ciente das dificuldades de entrar na classe popular, Bueno chegou a fazer há alguns anos propostas para aquisição da Intermédica, segundo fontes do setor. A operadora, fundada pelo médico Paulo Barbanti, é a terceira maior, com cerca de 4 milhões de beneficiários e faturamento na casa dos R$ 2 bilhões. A Amil é a líder com 5,7 milhões de clientes e receita líquida de R$ 6,5 bilhões nos nove primeiros meses de 2011.
Bueno afirmou que o objetivo da empresa em 2012 é crescer organicamente, sem descartar aquisições de outras empresas. A compra de outras companhias pela Amil pode ficar em segundo plano, nas palavras do diretor financeiro da empresa, Gilberto da Costa. "Hoje, a ideia é crescer organicamente. Assim, é melhor do que comprar empresas menores em dificuldades", disse Costa. Ele destaca que as novas exigências da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estão impondo dificuldades às operadoras de menor porte.
Os investimentos da Amil em 2012 deverão chegar a R$ 450 milhões. Os recursos serão utilizados no aumento de sua rede de atendimento, com reforma e ampliação de hospitais em São Paulo, Rio e Brasília, afirmou o diretor financeiro da Amil, Gilberto da Costa.
Em relação à captação de R$ 300 milhões, realizada por meio de títulos de dívida no fim do ano passado, Costa explicou que metade desse valor será utilizada em março para quitar debêntures pertencentes ao Bradesco. "Após esse pagamento, ficaremos com uma dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão que vencerá nos próximos cinco anos, mas podemos rolá-la", complementou o executivo. Por Diogo Martins (Colaborou Beth Koike, de São Paulo)
Fonte:ValorEconômico26/01/2012
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