Marcas e Empresas
Banco Original comprará participação em empresas
O presidente do banco, Emerson Loureiro, afirma que a intenção é buscar companhias que têm potencial para crescer e transformar-se em consolidadoras em seus setores
Não foi só o nome que mudou. O Original, como passa a se chamar a instituição resultante da fusão entre os antigos bancos JBS e Matone, planeja uma guinada em sua atuação no mercado financeiro. Controlado pela holding J&F, mesma dona da maior empresa de proteína animal do mundo, o JBS, o Original estará presente em três diferentes atividades bancárias: financiamento ao agronegócio, varejo e investimentos.
O Original pretende comprar participações em empresas não financeiras por meio de fundos de investimentos, de maneira semelhante ao que faz o banco de investimentos BTG Pactual, que é acionista de redes de hospitais, farmácias, estacionamentos e postos de gasolina. O presidente do banco, Emerson Loureiro, afirma que a intenção é buscar empresas que tenham potencial para crescer e transformar-se em consolidadoras em seus setores.
O presidente do banco, Emerson Loureiro, afirma que o Original pode crescer para
até R$ 12 bilhões em ativos sem necessidade de aumentar o capital
“A ideia é ser realmente um banco de investimento nas empresas, e não só vender produtos financeiros complexos”, afirmou Loureiro à DINHEIRO. O banco já está negociando uma participação numa empresa de varejo. “Estamos dispostos a ser minoritários de empresários que sejam bons operadores”, diz.
O Original está montando uma gestora de recursos que administrará fundos, inclusive os Fundos de Investimento em Participações (FIP) que serão usados para investir nas companhias não financeiras. O banco pretende ainda fazer outros negócios de banco de investimento, como emissões de dívida e ações.
Além desta área nova, o Original pretende alavancar os negócios nos segmentos onde atuavam o JBS e o banco Matone antes da aquisição. O JBS, que financiava principalmente os pecuaristas fornecedores do frigorífico, agora passará a conceder crédito também a agricultores. “O DNA do grupo está ligado ao campo e é natural crescer na agropecuária”, diz Loureiro.
Os analistas de crédito do banco são agrônomos e zootecnistas, baseados em locais como Marabá (PA), Goiânia (GO), Andradina (SP) ou Pedra Preta (MT). “Eles têm condições muito melhores de avaliar se uma fazenda é bem operada do que um engenheiro ou administrador baseado na avenida Paulista”, afirma. Com esta carteira, o Original conseguirá captar recursos a um custo baixo, emitindo Letras de Crédito ao Agronegócio (LCA), que são vendidas principalmente a pessoas físicas e têm a vantagem de estar isentas de Imposto de Renda.
O Matone, que era especializado em crédito consignado, passará a conceder crédito pessoal e vender seguros de diversos tipos, de microsseguros como os que garantem o pagamento de parcelas de crédito em caso de desemprego até apólices para proteção de veículos e residências. O banco está fechando acordos com duas seguradoras para distribuição dos produtos, que incluirão ainda títulos de capitalização.
O potencial de crescimento do banco é razoável. A instituição nasce com R$ 4,3 bilhões em ativos e patrimônio de R$ 1,85 bilhão, o que corresponde a um índice de Basiléia (capital ponderado) de 28%. Tem cerca de 800 funcionários, e deve aumentar o contingente para suportar a expansão. “Podemos crescer para até R$ 12 bilhões em ativos sem necessidade de aumentar o capital”, afirma Loureiro.
Praticamente todo o patrimônio do Original foi constituído por um aumento de capital de R$ 1,85 bilhão feito pela holding J&F pouco depois da aquisição. A operação recebeu a ajuda do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que bancou boa parte dos recursos. Loureiro não revela quanto foi emprestado pelo FGC nem o custo do dinheiro, mas afirma que critérios mais conservadores para provisões com perdas de crédito aplicados pelos novos controladores reduziram o patrimônio anterior do Matone, de R$ 150 milhões. Na época da compra, o banco estava com índice de Basiléia de 9%, abaixo dos 11% mínimos exigidos pelo Banco Central. Por Tatiana Bautzer
Fonte:istoedinheiro17/11/2011
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