Marcas e Empresas
Brasil é 'estrangeiro' com mais negócios na Nyse
O Brasil é este ano o país estrangeiro com ações mais negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse). Mesmo com poucas novas empresas brasileiras listando ações em Wall Street nos últimos anos, o País ainda supera China, Canadá e Europa em volume de transações. Papéis de empresas como Vale, Petrobrás e Itaú chegam a bater as operações de grandes companhias americanas, de acordo com dados da Nyse.
O Brasil, pelo interesse que desperta nos investidores e pelo potencial de atrair mais negócios, é uma das prioridades mundiais da Nyse Euronext, segundo o vice-presidente e chefe regional da companhia para América Latina, Alexandre Ibrahim, que conversou com a Agência Estado ontem logo após a Brasilagro listar suas ações em Wall Street, interrompendo um jejum de três anos sem novas listagens de empresas brasileiras em Nova York.
Uma prova recente do interesse da Nyse Euronext no Brasil, diz Ibrahim, foi o acordo da bolsa americana com o Americas Trading Group (ATG) para criar uma plataforma de negociação de ativos no mercado brasileiro. Com investimento inicial de US$ 100 milhões, a plataforma deve começar a operar em 2014.
Em Wall Street, a principal explicação para o alto volume de negociações com papéis brasileiros em comparação com outros países é o porte e importância das companhias do Brasil que listaram ações na Nyse. Segundo Ibrahim, boa parte das empresas chinesas e canadenses listadas em Nova York são companhias de menor porte, que despertam menor interesse dos grandes investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras.
Perfil. Já o Brasil tem seus maiores bancos (Itaú e Bradesco) e outras grandes companhias, como Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Vale, Petrobrás e Fíbria listadas em Wall Street. Em número de companhias listadas, o Brasil é o terceiro no ranking da Nyse, com 29. O primeiro é o Canadá, seguido pela China.
Dos 30 produtos mais negociados em todo pregão da Nyse, que incluem não só ações, mas fundos de índices (os chamados ETFs), bônus e outras operações estruturadas, cinco são American Depositary Receipts (ADRs) de empresas brasileiras. Vale, Petrobrás, Itaú, Bradesco e CSN, nesta ordem, são geralmente os mais negociados. Gerdau também costuma aparecer nessa lista, alternando posição com a CSN. Na sessão de ontem, Vale e Cemig estavam entre as mais negociadas da Nyse.
O movimento de empresas brasileiras migrarem para Nova York começou em 1992, quando a Aracruz (hoje Fibria) listou suas ações. Em seguida, várias outras grandes empresas também passaram a ter papéis na Nyse, gerando dúvidas no mercado de capitais brasileiro se a liquidez dos negócios não migraria também para os EUA, esvaziando operações da bolsa paulista.
A liquidez não migrou, embora algumas ações, como Itaú, cheguem a ser mais negociadas em Wall Street do que na BM&FBovespa. O movimento de ida de companhias brasileiras para Nova York também parou. Desde 2004, a maioria das empresas tem preferido listar ações apenas na bolsa de São Paulo.
Ibrahim diz que tem mantido conversas com várias empresas do Brasil para tentar levá-las para os EUA, mercado com mais negócios, mesmo de pessoas físicas, e maior visibilidade para grandes investidores. Este ano, o grupo atraiu a Brasilagro e o BTG Pactual. O banco de André Esteves, porém, preferiu listar seus papéis na Nyse Euronext da Holanda. Já a Brasilagro interrompeu um jejum de 3 anos sem novas empresas do Brasil listadas na Nyse, e desde ontem está no pregão de Wall Street.
O presidente da Brasilagro, Julio Toledo Piza, afirma que a vantagem de estar nos EUA é uma maior visibilidade, o que ajuda a atrair mais investidores estrangeiros. "Quem quiser diversificar e investir no agronegócio brasileiro, pode fazer por meios das nossas ações em Nova York", disse o executivo. A Brasilagro é também a primeira empresa do ramo de agronegócios do Brasil a ir para a Nyse.
Se as empresas brasileiras são líderes em negócios nos EUA, o mesmo não se pode dizer da rentabilidade. As ações do Brasil acumulavam até ontem queda de 10,8% este ano, segundo o índice do Bank of New York formado só por ADRs brasileiros. Já as empresas asiáticas sobem 5%, mesmo porcentual das companhias europeias. Atualizado: 10/11/2012 02:11 | Por ALTAMIRO SILVA JÚNIOR
Fonte: estadao 10/12/2012
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