Marcas e Empresas
BTG antecipa redução na atividade de fusões e aquisições
Banco disse que a eleição presidencial afetará confiança e impedirá que aquisições se expandam acima do nível do ano passado
O Grupo BTG Pactual, o maior consultor de fusões do Brasil, disse que a eleição presidencial no País em 2014 afetará a confiança e impedirá que as aquisições se expandam acima do nível do ano passado, de US$ 78,8 bilhões.
“Os agentes costumam ser muito cautelosos para fazerem investimentos em anos de eleição, dada a incerteza”, disse Marco Gonçalves, diretor de fusões e aquisições do banco sediado em São Paulo, em entrevista por telefone. Gonçalves estima que as companhias de infraestrutura, de produtos de consumo e do setor de serviços gerariam a maioria dos acordos em 2014.
A votação em 5 de outubro, na qual é provável que a presidente Dilma Rousseff enfrente Aécio Neves e Eduardo Campos, será mais uma das preocupações que restringirão o volume de fusões, bem como a especulação com que a nota de crédito do País seja rebaixada devido ao crescente déficit fiscal, disse Gonçalves.
As companhias brasileiras anunciaram 592 aquisições no ano passado, 14 por cento a menos do que em 2012, segundo dados compilados pela Bloomberg, porque o crescimento econômico de 2,3 por cento registrado nos 12 meses encerrados em setembro foi menor do que o estimado pelos analistas, o governo interveio nos mercados do petróleo e de eletricidade e cresceu a especulação com que a Reserva Federal americana reduziria seus esforços de estímulo.
No mês passado, os responsáveis pelas decisões políticas do Fed decidiram reduzir os US$ 85 bilhões que estavam injetando no sistema financeiro por mês mediante aquisições de títulos para US$ 75 bilhões a partir deste mês.
‘Acordos enormes’ No ano passado, o mercado de fusões e aquisições foi dominado por “acordos enormes”, disse Gonçalves. As dez maiores aquisições representaram mais de 50 por cento do total anunciado em 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em 2012, as dez maiores transações representaram 44 por cento dos US$ 65 bilhões anunciados. O BTG administrou 55 acordos por um total de US$ 33 bilhões em 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Há muito movimento vindo dos investidores em private-equity”, disse Rodrigo Figueiredo Nascimento, sócio na Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, um escritório de advocacia que administrou 41 acordos no Brasil no ano passado, mais do que qualquer outro consultor legal, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Indústrias como a de infraestrutura, de petróleo, de gás e de energia “continuam atraindo muito interesse dos agentes internacionais”, disse João Ricardo de Azevedo Ribeiro, outro sócio na Mattos Filho. Ele disse que a receita da companhia obtida com fusões e aquisições aumentou 10 por cento em 2013 frente a 2012.
O volume de aquisições não cairá porque “muitas companhias simplesmente não podem ficar fora do Brasil, dado o tamanho do mercado interno do País”, disse Ribeiro, acrescentando que ele antecipa que mais empresas multinacionais invistam no Brasil, a maior economia da América Latina.
Campo de Libra Ribeiro mencionou como exemplo o campo de Libra, a maior descoberta de petróleo do País. Em outubro, a administração de Dilma Rousseff outorgou os direitos de desenvolvimento de Libra a um grupo que inclui a petroleira estatal Petróleo Brasileiro SA, a Royal Dutch Shell Plc, a Total SA e duas companhias estatais chinesas, a China National Petroleum Corp. e a China National Offshore Oil Corp.
A oferta exigiu uma taxa de assinatura de R$ 15 bilhões. Libra requererá gastos de cerca de R$ 400 bilhões durante 35 anos, segundo a ANP, o ente regulador. O leilão de Libra não está incluído nos dados de fusões e aquisições da Bloomberg.
“As preocupações com a economia em geral e com os setores regulados estão reduzindo a atividade nos mercados de fusões e aquisições no Brasil”, disse Paulo Aragão, sócio na Barbosa Mussnich Aragão, o segundo maior consultor legal de fusões e aquisições em 2013 conforme o volume de acordos, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“O Brasil já não é o queridinho dos investidores internacionais”, disse ele.
Fonte: exame 07/01/2014
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