Marcas e Empresas
Com economia fraca, aquisições devem crescer até 15% no país em 2015
Se o aumento se confirmar, será quase o dobro do registrado em 2014 na comparação com 2013, de 8,25%
Em meio à crise e estagnação da economia brasileira, o número de aquisições e fusões de empresas no país deve crescer até 15% em 2015 em relação ao do ano passado, segundo estimativa da consultoria PwC.
Se o aumento se confirmar, será quase o dobro do registrado em 2014 na comparação com 2013, de 8,25%.
"No momento atual [do Brasil], há mudança de preço dos produtos e as estruturas das empresas começam a ficar com custo muito alto. Assim, as empresas recompõem o faturamento e a participação de mercado com a aquisição ou com a fusão", diz Rogério Gollo, sócio da PwC.
Ainda de acordo com a PwC, o número de aquisições e fusões no Brasil mais do que dobrou nos últimos dez anos: de 389 transações em 2005 para 879 em 2014.
SETORES EM 2015
O setores que devem puxar o crescimento de negócios em 2015 é o de TI (tecnologia da informação), seguido por bancos e de serviços auxiliares.
Em 2014, TI já liderou as fusões e aquisições no país, com 141 transações. Só nos dois primeiros meses de 2015, esse número chegava a 31 (em relação a 17 no mesmo período de 2014).
O segmento financeiro teve dez negócios nos primeiros dois meses de 2015 (ante nove no mesmo período do ano passado e 78 no total de 2014). A área de serviços auxiliares concretizou oito negócios em 2015 (e 12 em janeiro e fevereiro de 2014 e 83 no ano passado todo).
CENÁRIOS DISTINTOS
Ainda de acordo com Gollo, da PwC, dois cenários distintos favorecem as aquisições ou fusões de empresas. O primeiro é quando a economia está ruim e há queda de preço dos produtos -como agora. Então, para não perderem parte de sua estrutura, as companhias se veem obrigadas a se remodelarem e repõem o faturamento com a aquisição ou a fusão.
O atual cenário econômico com inflação e juros altos e a menor oferta de vagas no mercado de trabalho, portanto, favorece a concretização dos negócios no país.
O outro momento favorável aos negócios é quando o mercado cresce de forma acelerada e as empresas querem crescer mais que o mercado. Isso explica o aumento do número de transações e fusões também nos anos em que a economia do país vai bem. Em 2010, com crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 7,6%, o número de fusões e aquisições de empresas aumentou 24% em relação ao de 2009, de 644 para 799 transações.
Para o sócio da consultoria RGF Gian Filli, as aquisições e fusões de empresas são movimentos naturais e tendência em todo o mundo, pois representam a consolidação do mercado para as empresas se tornarem mais competitivas. No Brasil, no entanto, hoje as companhias visam à sobrevivência.
"O que vemos hoje é uma tentativa de sair de uma potencial crise", diz Filli. "Os donos de empresas eventualmente se sentem sem saída e buscam novas estratégias, como fechar ou vender a companhia", afirma.
Para Filli, a Operação Lava Jato, que investiga fraudes e pagamentos de propinas em contratos de empreiteiras com a Petrobras, também fortalece o aumento do número de aquisições e fusões de empresas em 2015.
"Em função da operação, várias empresas se veem obrigadas a fazerem caixas e, assim, vendem parte da sua companhia ou mesmo suas subsidiárias", diz.
ESTRANGEIROS
"Os compradores nas épocas de crise a enxergam oportunidade para comprar ativos por um valor mais baixo. Com isso, há lucro maior sobre as aquisições", afirma Filli.
A economia doméstica enfraquecida é mais favorável a fusões e aquisições comandadas por empresas estrangeiras no Brasil.
"Empresas estrangeiras têm suas posições em dólar, então, elas podem comprar as empresas daqui. Acredito ser mais difícil empresas nacionais comprarem outras nacionais porque grande parte está ressabiada nesse momento da economia, com dificuldades de aposta em médio prazo", diz Filli.
Nos dois primeiros meses de 2014, investidores estrangeiros participaram de 52 transações no Brasil, ou 43% dos negócios no país. No primeiro bimestre desde ano, a participação de empresas estrangeiras saltou para 53%, com 55 transações. FOLHAPRESS Leia mais em otempo 15/04/2015
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