Marcas e Empresas
Cuidado com o "Business Case"
O mercado é pródigo em desenvolver mantras. Um destes é o termo business case, que é uma análise da atratividade e viabilidade de um movimento estratégico, com informações que sustentem a tese, consubstanciada em uma análise do retorno do investimento.
Em nossos projetos de consultoria os executivos nos questionam sobre o conteúdo e o momento de uso do mesmo.
Há distintas metodologias de gestão de projetos, no entanto, as potenciais inovações envolvem características, circunstâncias e desafios que precisam ser considerados quando do uso do business case. O grau de incerteza de uma potencial inovação é muito maior dada a ausência de referências disponíveis. Não há benchmark, pesquisa de mercado ou dados secundários.
O business case é uma ferramenta bastante adequada para a gestão, captação de recursos e sustentação de oportunidades conhecidas pela organização. Para utilizá-lo no contexto de projetos inovadores há a necessidade de adequar três dimensões fundamentais: mentalidade, timing e conteúdo.
A lógica de desenvolvimento de um projeto de potencial inovador é a de descoberta e experimentação e não de análise, planejamento e execução. A repetição da mentalidade convencional reduz as chances de êxito dos projetos ou os transforma em melhorias.
Infelizmente o business case é a ponta do iceberg de uma lógica frágil estimulada pelas empresas. A noção de que é possível provar que as coisas irão dar certo no futuro.
Com uma nova mentalidade, o uso business case pode servir de instrumento para suportar a gestão de inovações desde que aplicado no momento e com o conteúdo adequado. Na fase de idealização há a geração das ideias e a busca de oportunidades inovadoras.
É o momento de um "resumo da ideia" que traduza sua essência, privilegiando o entendimento de seu conceito, alinhamento estratégico e grau de novidade.
A segunda fase é o que denominamos de conceituação. As ideias inovadoras não nascem prontas. Elas precisam de espaço e visões complementares. O foco destina-se a compreender o mercado, as soluções alternativas concorrentes, a tecnologia e viabilidade técnica.
Se a gestão exige um business case completo nessa fase ela inibe as mudanças necessárias para refinar a ideia e prende seus gestores com o caminho estabelecido.
A experimentação é quando a empresa realiza um projeto-piloto ou protótipo para simular a realidade que o projeto enfrentará quando for implementado em larga escala. O problema é que quando o business case já foi apresentado antes dessa fase, o piloto se transforma numa implementação antecipada e não no espaço para errar e refinar suas premissas centrais.
A fase final é a implementação, quando o projeto já foi criado, refinado, testado e precisa ser executado, onde o enfoque deve ser o de materializar as premissas do business case.
Antecipar tais informações e exigir que o negócio se prove certo quando ele praticamente não existe não vai melhorar as chances de êxito.
Se for colocado no tempo certo com o enfoque adequado, o uso do business case pode ser uma ferramenta importante na gestão de potenciais inovações. Do contrário irá censurar a inovação e direcionar o foco para melhorias incrementais. Por Maximiliano Carlomagno - Sócio-fundador da Innoscience e autor do livro Gestão da Inovação Prática.
Fonte:brasileconomico28/10/2011
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