Marcas e Empresas
Cultura empresarial é obstáculo para avanço de offshore brasileiro, aponta analista
Mais do que superar os problemas da falta de infraestrutura do país, as empresas brasileiras de TI precisam desenvolver uma cultura de parceria e inovação para se firmar no mercado de serviços de offshore outsourcing (modalidade de terceirização de serviços feita fora do país de origem), alerta o analista da Forrester Research, Jan Erik Aase, que esteve ao país a convite da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
Ao avaliar as perspectivas e projeções de crescimento dos negócios nos países que compõem o chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), Aase diz que pesquisas com executivos de médias e grandes empresas de todo o mundo revelam que o offshore outsourcing deve migrar para novos mercados, hoje concentrado na Índia. "O offshore não será mais centralizado na Índia, como temos visto. Os outros países dos Brics passarão a ter uma participação significantiva nesse segmento e o mercado ganhará ainda novos atores, como México, Indonésia, Ucrânia e África do Sul", afirma Aase.
Segundo o analista, as multinacionais de TI preferem parceiros estratégicos a fornecedores. Isso porque a principal preocupação, além da óbvia redução de custos, é a falta de especialização em ramos específicos de negócio. "É preferível atender apenas três setores da indústria, com alto nível de especialização, do que todos os segmentos", enfatizou.
Para Aase, ainda falta cultura de inovação entre as empresas brasileiras de serviços de TI. "As empresas querem conselhos e o expertise de seus parceiros locais. O mercado brasileiro é muito específico, e o desenvolvimento global conta com esse conhecimento", completou. De acordo com ele, um dos aspectos citados pelas empresas entrevistadas para o avanço dessa parceria é a desoneração do setor do TI. "A infraestrutura, embora preocupante, teve um progresso considerável mesmo tendo muito ainda a evoluir."
O diretor de Infraestrutura e Convergência Digital da Brasscom, Nelson Wortsman, reforça que o setor privado deve atuar junto ao setor público para pressionar por mudanças, principalmente em relação a infraestrutura de rede. "O Brasil está se tornando um celeiro de data centers e o que devemos nos perguntar é: temos estrutura para hospedar tudo isso?", provoca.
Aase, da Forrester, cita o exemplo da Índia como país no qual as empresas contornaram a deficiência do poder público e construíram suas próprias redes elétricas e de conectividade. "Claro que o Brasil não está nesse nível. Mas o que se aprende com essa história é: não espere que a economia cresça para seu negócio crescer, aproveite o crescimento para crescer junto com ele", finaliza.
Fonte:tiinside25/08/2011
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