Marcas e Empresas
Dasa investe em nova estratégia e lucra menos
As mudanças na estratégia de atuação da Dasa tiveram impacto no balanço do primeiro trimestre da empresa de medicina diagnóstica, que registrou queda no lucro e na margem operacional. Conhecida pelo grande volume de atendimentos, a Dasa agora está priorizando os exames de imagem, que geram maior retorno, está investindo fortemente na compra de equipamentos e na contratação de médicos para atuarem dentro dos laboratórios.
O custo com pessoal aumentou 26,4% e atingiu R$ 100,6 milhões, entre janeiro e março. As despesas administrativas e gerais também tiveram elevação de 24,6% e somaram R$ 94 milhões. "Promovemos um aumento no salário dos atendentes do call center para diminuir a rotatividade, porque não adianta treinar as pessoas e depois elas pedirem demissão", disse o médico Romeu Domingues, presidente do conselho e CEO interino, durante teleconferência realizada para analistas ontem.
Na tentativa de mostrar que está priorizando a qualidade, Domigues fez questão de ressaltar, logo na abertura da teleconferência, que a equipe médica da Dasa está produzindo artigos para revistas científicas - algo incomum até então.
No primeiro trimestre, o lucro líquido da Dasa caiu 18,4% ficando em R$ 36,4 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 122 milhões, uma redução de 7,5%. A margem operacional também baixou de 25,9% para 22%. "A margem Ebitda foi pressionada pelas iniciativas relacionadas aos investimentos para melhoria da qualidade, como mais funcionários nas unidades e no call center", informou a companhia em relatório.
"Faz sentido a Dasa investir em qualidade. A empresa está tendo maior custo de pessoal agora, mas a margem do serviço premium é maior e no futuro a Dasa pode se beneficiar", afirmou Gustavo Campana, sócio da Formato Clínico, consultoria especializada no setor de medicina diagnóstica.
"Apesar das quedas no balanço, estou otimista porque a companhia está investindo em serviço de melhor reputação e qualidade no atendimento", disse Iago Whately, analista da corretora Fator, que recomenda a manutenção do papel da Dasa.
"Nós acreditamos que os resultados vão ser recebidos com relativa neutralidade pelo mercado e não vemos nenhum fator que pressione as ações a curto prazo", informou o relatório do Deustche Bank, assinado pelo analista Josh Milberg, enviado ao mercado na noite de segunda-feira, quando o balanço foi publicado.
Whately, da Fator, comparou a taxa de crescimento orgânico da receita bruta de 10,4% da Dasa com a de seu principal concorrente. O Fleury cresceu 18,7% no mesmo período. "Os dois laboratórios atuam no mesmo segmento e essa margem de crescimento da Dasa veio abaixo do esperado. A empresa vinha crescendo nos três últimos trimestres do ano passado e achei que ia manter", disse o analista da Fator.
Outro fator que empurrou para baixo o resultado da Dasa foi a perda do contrato com o Hospital São Luiz, que hoje está com o concorrente Fleury. A Rede D'Or adquiriu o São Luiz e também vendeu sua rede de laboratórios Labs D'Or para o Fleury.
A Dasa conquistou outros dois hospitais (Sepaco e AC Camargo), mas ainda assim amargou no primeiro trimestre uma perda de R$ 13 milhões por conta da saída do São Luiz, que tem três unidades em São Paulo. Por Beth Koike
Fonte: Valor Econômico
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