Marcas e Empresas
Educação é o elo frágil dos países do grupo Brics
Mesmo com os avanços econômicos, o modelo de ensino e os investimentos nesta área nas nações do bloco deixam a desejar quando comparados com os de membros do G8.
As ações para a criação de uma bolsa de valores e de um plano para a agricultura, que será implementado entre 2012 e 2016 - com foco em fomentar ações de tecnologia, informação, mudanças climáticas e abastecimento -, são iniciativas que consolidam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como um bloco, disposto a crescer à parte dos problemas enfrentados por Europa e EUA.
Mas o entusiasmo não vai além da esfera econômica, pois um elo frágil ameaça o crescimento dos países do bloco: a baixa qualidade da educação.
Com exceção de algumas ilhas de excelência no ensino na China, como Xangai e Hong Kong, os países amargam problemas similares no financiamento, equidade e capacitação dos estudantes.
"Os países em desenvolvimento ainda trabalham com paradigmas tradicionais de educação, com ênfase em rotina, para o desenvolvimento de algumas habilidades técnicas. Estudantes seguem o professor, como o trabalhador comum segue o chefe", explica Ying Cheong Cheng, vice-presidente de desenvolvimento e pesquisa do Instituto de Educação de Hong Kong.
Na prática, esse sistema montado para dar suporte ao crescimento, não consegue atender às demandas econômicas e sociais.
"Nenhuma economia é forte para sempre. As respostas de hoje são passageiras e com a educação funciona da mesma forma. Nenhum país tem uma resposta pronta para os problemas do ensino. Eles têm de ser constantemente repensados", diz Georges Haddad, diretor de pesquisa da Unesco Paris.
"E quando a educação melhorar, temos de ser mais cuidadosos, porque os desafios aumentam." E prova disso é a realidade atual do Brasil, que vem melhorando suas notas no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O país, por exemplo, foi o segundo maior em crescimento na nota média de matemática. De 2003 a 2006, a diferença foi de 30 pontos, de 356 para 386, só perdendo para o México, que subiu 33 pontos.
E apesar disso, ainda está muito aquém no ranking mundial, com a 53ª posição. E muito abaixo da média dos países da OCDE, com pontuação de 499 na última avaliação, há dois anos.
A melhoria vem da evolução de programas sociais, como o Bolsa Família, considerado pelo Banco Mundial como uma das melhores ferramentas de educação atuais, por estimular a frequência das crianças na escola.
O reflexo dessas melhorias reflete no interesse social em relação a maior cobrança do governo - a nova crise do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um exemplo, assim como a pressão social para que se invista 10% do Produto Interno Bruto em Educação, que hoje se discute no Congresso por causa do Plano Nacional de Educação.
De volta ao básicoNo Brasil, o termo "back to basics" ficou conhecido como a estratégia favorita da consultoria Galeazzi & Associados em processos de choque de gestão em empresas, com ações simples como redefinição do posicionamento de mercado, corte de custos e adoção de práticas de governança corporativa.
Mas a ideia de "voltar ao básico", agora, também vale para a educação. Ao menos na África do Sul. Lá, a insatisfação social com os rumos do ensino edita movimentos conservadores.
"Estamos voltando ao básico na sala de aula, sem grandes invenções", explica Paul Colditz, diretor executivo da Federação "of Governing Bodies of South African Schools (Fedsas)".
Colditz explica que o modelo de educação que foi importado na década de 1990 para o país nunca foi de fato apropriado.
"A ideia moderna é que os professores devem ser facilitadores e que os alunos aprendam com suas próprias experiências. Mas no "back to basic" não tem isso. O professor deve ensinar o aluno a ler, escrever, fazer contas. E a função do estudante é aprender nesse processo", ressalta.
De acordo com ele, o modelo construtivista de ensino não serve para todos os sistemas. "Não recusamos oficialmente esse sistema, mas é uma tendência, como o que foi feito na Austrália e Nova Zelândia." Por Regiane de Oliveira Fonte:brasileconomico08/11/2011
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