Marcas e Empresas
Eike acerta venda de 65% do Porto Sudeste
O empresário Eike Batista deu mais um passo ontem na reestruturação do grupo EBX, ao anunciar acordo preliminar de venda de 65% do Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ), por US$ 400 mi-Ihões com a holandesa Trafigura e o fundo árabe Mubadala. O porto é o ativo mais valioso da sua empresa de mineração, a MMX. Pelo acerto, Eike se compromete a negociar com exclusividade com a dupla pelas próximas quatro semanas. Se, ao fim da negociação, o acordo for concretizado, a Trafigura e o Mubadala assumirão também a dívida bilionária da mineradora.
A notícia fez as ações ON (com voto) da MMX apresentarem a maior queda do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis terminaram a sessão com baixa de 17,10% a R$ 1,90.
Desde que Eike começou a negociar a venda de sua fatia na MMX, o objetivo do empresário era vender a empresa por completo ou pelo menos os ativos da Região Sudeste: as minas em Serra Azul (MG), reunidas na MMX Sudeste, e o porto, controlado pela MMX Porto Sudeste. Ambas as subsidiárias são integralmente controladas pela MMX, da qual Eike tem 59,3%. Os potenciais compradores insistiam em comprar apenas o porto. O receio do empresário era ficar apenas com as minas em Serra Azul, sem logística para escoamento de produção, como acontece com pequenas mineradoras da região.
Com o acordo de ontem, Eike deixará de ser o acionista majoritário no porto, mas terá direito de embarcar sete milhões de toneladas de minério de ferro por ano, podendo estender o volume a 13 milhões de toneladas anuais. Além disso, poderá aumentar esse volume, em caso de expansão da capacidade portuária. O Porto do Sudeste tem capacidade inicial para 50 mi-Ihões de toneladas de minério de ferro por ano e pode dobrá-la no futuro. O início das operações do terminal foi novamente adiado, para meados de 2014. A MMX terá também a opção de adquirir mais 7,5% na MMX Porto Sudeste. O comunicado não é claro, mas dá a entender que ela ficaria com 35% num primeiro momento.
Os US$ 400 milhões serão aportados pelo consórcio comprador por meio de subscrição de ações em um aumento de capital da MMX Porto Sudeste, mesmo modelo adotado na reestruturação da MPX (energia). Segundo uma fonte envolvida nas negociações, os recursos vão direto para o caixa da MMX, para serem investidos na própria empresa e permitir a conclusão das obras do porto. Eike, portanto, não embolsará a parte que lhe cabe do montante nem usará o dinheiro para pagar dívidas, já que Trafigura e Mubadala vão assumir os débitos bancários da MMX Sudeste. A dívida financeira da MMX era de R$ 3 bilhões no fim do segundo trimestre. A maior parte dela se refere à MMX Sudeste, já que a operação da empresa em Corumbá (MMX Corumbá) é pequena.
Esse foi um dos pontos que pesaram a favor da Trafigura e do Mubadala. Além deles, as conversas — intermediadas pelo BTG Pactuai — também eram travadas com a trading suíça Glencore e o po CSN, Usiminas, Gerdau e Vale, sócias na MRS, por onde o minério de Serra Azul é escoado até Itaguaí. Outro ponto que pesou na negociação foi o fato de o consórcio ter aceitado assumir o pagamento do título MMXM11.
A MMXM11 é uma das duas ações da MMX negociadas na Bovespa. Ela foi criada quando a MMX comprou o Porto do Sudeste da LLX (braço de logística do grupo). Na época, todos os acionistas da LLX "ganharam" essa nova categoria de ações, que prevê o pagamento de um royalty trimestral de US$ 5 por tonelada de minério de ferro embarcada pelo porto a partir da geração de lucro bruto. Com o dólar alto, este era um passivo importante na negociação.
— O porto é o ativo mais importante da empresa. Mas a venda não significa a troca de controle, o que não traz benefício para o acionista. Por isso, as ações (ON) da mi-neradora recuaram. Já o papel MMXM11 subiu 11,66% a R$ 2,70 — disse um operador de Bolsa.
OGX: SEGUNDA MAIOR QUEDA NA BOVESPA
As ações ON da OGX (petróleo) caíram 11,62%, a R$ 0,39, a segunda maior perda do Ibovespa. A queda refletiu o rebaixamento, na véspera, da nota de crédito da empresa para "C" que indica calote iminente no ranking da agência de classificação de risco da Fitch.
Ontem, a OGX divulgou o contrato de "put" (opção de compra de ações) com Eike Batista. O documento garante que o exercício da opção contra o empresário, para que ele injete até US$ 1 bilhão na empresa, pode ser pedido pela diretoria da companhia, em caso de ausência de conselheiros independentes. A diretoria exerceu a opção na última sexta-feira, mas Eike disse que vai questioná-la e que poderá pedir arbitragem. Representantes da OGX também se reuniriam ontem à noite com investidores em Nova York para pedir uma injeção de capital fresco na empresa, o que seria a última cartada para evitar a recuperação judicial.
Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou dados sobre compra e venda de ações de agosto. Pelos dados, Eike vendeu 152,2 milhões de ações da OGX no mês, totalizando R$ 278,76 milhões entre maio e agosto.
A situação da OGX é a mais crítica das empresas X, seguida da OSX (construção naval), para as quais não houve comprador. O grupo já acertou a venda do controle da LLX para a americana EIG e a venda de parte da MPX (energia) para a alemã E.ON. Ontem, Eike, que detém 29% da MPX, divulgou que pretende vender nova fatia da empresa. Com isso, as ações ON da MPX avançaram 0,84%, a R$ 5,95. (Colaborou Bruno VillasBôas) O Globo
Fonte: clippingmp11/09/2013
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