Entre cautela e euforia, IPOs estão de volta à cena
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Entre cautela e euforia, IPOs estão de volta à cena


A segunda metade do ano começa com muita incerteza para empresas que pretendem captar recursos na bolsa.

O otimismo dos que acreditam no bom desempenho da economia doméstica e a cautela dos que apostam que o segundo socorro à Grécia não impedirá novos soluços na Zona do Euro dividem as expectativas de escritórios de advocacia que preparam ofertas de ações para o período.
Durante o 1º semestre, entre dinheiro destinado ao caixa e ao bolso de seus controladores, as empresas conseguiram levantar R$ 15,7 bilhões na bolsa. Os números consideram aberturas de capital e operações de empresas já listadas na BM&F Bovespa.
Mesmo com a convicção de que o caminho será árduo - com investidores pedindo desconto para comprar os papéis - há quem acredite ser possível chegar ao final do ano com cerca de 40 ofertas fechadas, mais do que dobrando as 18 realizadas entre janeiro e junho.

Ainda que a bolsa venha se mostrando um mau investimento no ano, já há diversas empresas retomando operações, diz Eliana Chimenti, sócia do escritório Machado, Meyer.
"Começamos o semestre com pelo menos quinze na fila, entre IPOs e ofertas de companhias já listadas". Segundo ele, varejo e infraestrutura concentram os negócios.
Outro escritório para o qual o semestre começa aquecido é o Mattos Filho. Com nove operações concluídas, quatro que acabaram canceladas e outras quatro sob revisão da Comissão de Valores Mobiliários até junho, a banca já contabiliza 10 ofertas em andamento.

"Temos mais IPOs do que operações subsequentes sendo estruturados. As empresas são de setores ligados a consumo e infraestrutura", diz Jean Arakawa, sócio do Mattos Filho.
Embora sem citar números ou setores, Maria Cristina Cescon, sócia do Souza, Cescon, projeta um 2º semestre ainda melhor que o 1º. Curiosamente, até por conta do alto grau de incertezas que rondam o mercado global.

"Não será fácil encontrar bons investimentos nesse cenário. E o Brasil tem sido. Muitas empresas estão se preparando, outras retomaram projetos e estão aguardando apenas uma boa oportunidade para acessar a bolsa", diz a advogada.
O escritório participou de quatro operações com valores fixados até o final de junho.
Aguardando um mercado bem mais seletivo, mas ainda assim bom, o Lefosse, que participou de oito ofertas na primeira metade do ano, começa a segunda com outras cinco empresas se preparando para captar dinheiro na bolsa.
"Isso sem contar duas - Petro Recôncavo e Los Grobo - que ainda não saíram em road show para buscar investidores", lembra Rodrigo Junqueira, sócio do escritório, que projeta que as ofertas movimentarão valores médios entre R$ 500 e R$ 1,5 bilhão.
Quanto aos setores que impulsionam essas operações, o advogado cita varejo, infraestrutura, energia e óleo e gás.

Para o Tozzini Freire, que no primeiro semestre esteve entre os escritórios que participaram do IPO da Arcos Dourados, quando a operadora na América Latina do McDonald's levantou R$ 2 bilhões na bolsa de Nova York, ainda é cedo para prever se as empresas terão sucesso em acessar a bolsa brasileira no semestre. "Precisamos aguardar com cautela o atual cenário global.
Janelas abrem e fecham e é necessário saber a hora certa de ir ao mercado", pondera Antonio Felix, da área de mercado de capitais da banca.
Atualmente, o Tozzini está envolvido em um IPO que deve ocorrer até dezembro se o apetite dos investidores ajudar.

Para Thiago Giantomassi, do Demarest & Almeida, escritório que inicia o semestre com quatro operações em andamento, uma eventual piora no quadro financeiro global pode inviabilizar algumas emissões.
"Além disso, as novas ofertas já serão preparadas com faixas de preços menores pelos bancos de investimento".

Além do IPO
Com participação no primeiro semestre em ofertas de três companhias que já tinham capital aberto e vislumbrando a continuidade dessas operações - o Barbosa, Musnich e Aragão aposta que a busca por recursos no mercado de capitais não vai se concentrar em ofertas de ações até o final do ano.
"Dependendo de como o apetite dos investidores estiver para bolsa e com uma taxa de câmbio favorável, haverá o crescimento do número de empresas que vão optar por buscar dinheiro com dívidas de prazos entre cinco e sete anos no exterior", estima Fabíola Cavalcanti, sócia da área de mercados financeiro e de capitais do escritório.

Fonte:brasileconomico06/07/2011



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