Esclarecimento Econômico Revisitado
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Esclarecimento Econômico Revisitado


(Economic Enlightenment Revisited: New Results Again Find Little Relationship Between Education and Economic Enlightenment but Vitiate Prior Evidence of the Left Being Worse)
Daniel B. Klein e Zeljka Buturovic
Economic Journal Watch. Volume 8. Edição 2.

Anteriormente, comentei um artigo com uma pesquisa sobre o grau de esclarecimento econômico dos respondentes através de algumas perguntas básicas. Um dos resultados foi o de que o grau de escolaridade não está relacionado com o grau de acerto e outro resultado analisado com maior destaque foi a de que conservadores e libertários tiveram um grau de acerto maior. Certamente que a esquerda (que se denominam “liberais” e “progressistas”) não gostaram muito desses resultados e comentaram o artigo.

Uma das críticas foi a de que as perguntas desafiavam as posições “liberais”, mas não as posições conservadoras ou libertárias. Embora os autores tenham (corretamente, na minha opinião) alegado que as respostas certas não deveriam variar de acordo com a ideologia, de fato era mais fácil para os conservadores e libertários concordaram com as respostas dadas como corretas na pesquisa. Nesse artigo, os autores inverteram essa situação e fizeram perguntas que desafiassem as posições conservadoras.

As novas perguntas são:

9) Um dólar significa mais para um pobre do que para um rico
10) Tornar o aborto ilegal aumentaria o mercado negro de abortos
11) Legalizar as drogas daria mais dinheiro e poder às gangues de rua e ao crime organizado
12) Proibição às drogas falha em reduzir o acesso às drogas
13) Proibição ao comércio de armas falha em reduzir o acesso às armas
14) Ao participar no mercado nos Estados Unidos, imigrantes reduzem o bem-estar dos americanos
15) Quando um país vai à guerra seus cidadão vivenciam um aumento em seu bem-estar
16) Quando duas pessoas completam uma transação voluntária, ambos necessariamente se beneficiam
17) Quando duas pessoas completam uma transação voluntária, é necessariamente o caso de que todos os demais não são afetados pela transação.

A resposta à pergunta 9) não é controversa: na margem, um dólar a mais acrescenta mais para o pobre do que para o rico. A pergunta 10) também é bastante óbvia e independe de ideologia: a proibição não só aumenta o mercado negro como apenas a proibição pode criá-lo. A pergunta 11) eu considero controversa: se as drogas nunca tivessem sido proibidas, a criminalidade associada seria muito menor do que com a proibição, mas não sei se a legalização agora iria enfraquecer o crime. Mais creio que a resposta mais esclarecida seja mesmo discordar, já que, se não vai enfraquecer, também não deve fortalecer. As perguntas 12) e 13) são confusas: o mais certo seria perguntar se a proibição reduz o acesso, a resposta esclarecida sendo concordar, nesse caso. “Falha em reduzir” pode dar um nó na cabeça das pessoas e concordar (a resposta errada) implicaria que a proibição não reduz o acesso: pode até não eliminar, mas a proibição certamente dificulta o acesso. A pergunta 14) de fato desafia mais os conservadores, menos afeitos à imigração, legal ou ilegal. Um curto (e talvez insatisfatório) argumento em favor da imigração é que, ao aceitarem salários menores, os imigrantes reduzem o custo de mão de obra e liberam recursos para outras utilidades. A pergunta 15) até pode desafiar mais os conservadores (e os resultados mostram isso), mas são os keynesianos que falam das bênçãos da destruição. As perguntas 16) e 17) desafiam mais os libertários, que erraram mais nessas duas perguntas, a 16) sendo incorreta não pela intenção, mas pelo resultado (certamente as pessoas esperam se beneficiar de uma transação voluntária, mas nem sempre isso ocorre). A pergunta 17) é sobre externalidades, tema pouco simpático aos libertários. Certamente que uma transação voluntária afeta pessoas não envolvidas diretamente, a questão é sobre o governo deve ou não intervir nessa questão. Em suma, essas perguntas podem ser menos simpáticas para os conservadores, mas mesmo esses poderiam concordar com a maioria das perguntas.

Separando por escolaridade, os respondentes com colegial ou menos erraram 6,72 das questões (de 17 possíveis somando as duas pesquisas), os com universitário incompleto erraram 6,66 e os com nível superior completo 6,10. Com isso, há pouca relação entre escolaridade e esclarecimento econômico, como foi constatado na pesquisa anterior.

Por ideologia, os “liberais”, “progressistas” e moderados se saíram melhor do que os demais nas novas nove perguntas, esses três grupos errando menos do que a média. Na pesquisa anterior, repetida aqui, o resultado foi o inverso. Ou seja, as perguntas de fato são enviesadas, do contrário, haveria um único padrão. Juntando os dois conjuntos de questões, os autores alegam que não dá para dizer que um grupo ideológico se saiu melhor ou pior, em três observações: 1) Os libertários, grupo com menor grau de erro, não foram desafiados (na minha opinião, foram nas duas últimas perguntas); 2) A diferença entre as médias é pequena. 3) O certo seria fazer alguma ponderação entre as perguntas.

Os autores não fizeram notar que conservadores, muito conservadores e libertários erraram menos do que a média, o que é algo a se notar. Se eles querem argumentar que a diferença é pequena, deveriam ter feito um teste estatístico: sem isso, não dá para concluir nada.

No fim, o mais importante é que 37% das perguntas foram respondidas erroneamente (um grau bastante elevado) e não há relação entre nível superior e esclarecimento econômico.

Outros resultados interessantes (e talvez estatisticamente significativos): pessoas mais propensas a votar nas eleições nos EUA (onde o voto é facultativo) erraram mais (o que é péssima notícia), os que se declaram residentes no planeta Terra erraram mais, investidores (pessoas que se declararam membros da “classe investidora) erraram menos, há uma relação quase linear e negativa entre renda e número de erros e homens erraram menos do que as mulheres.



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