Marcas e Empresas
Esquenta disputa por pagamentos eletrônicos
Quem diria, até o mercado de pagamentos eletrônicos tem seus dias de novela mexicana. Com trama digna dos mais convolutos dramalhões, começou neste ano uma verdadeira batalha de gerações entre as empresas de gateway - que servem como facilitador de transações de comércio eletrônico. Comandadas por ex-executivos da Braspag, pioneira no setor no Brasil e que hoje pertence à Cielo, duas novas companhias prometem brigar com a antiga casa pela preferência do varejo, usando como atrativos não só o preço, mas também novas funcionalidades.
Até no nome, as novas empresas lembram a "mãe" Braspag: maxiPago e Mundipagg. As três servem como uma espécie de substituto digital das maquininhas de cartões para lojistas (por sso, também são chamadas de POS eletrônico). Funciona assim: o cliente compra na loja virtual e quem processa o pagamento é a empresa de gateway. As novas entrantes, porém, prometem que semelhanças acabam por aí.
Das duas, a maxiPago começa com um investimento mais substancial: são US$ 5 milhões aportados por um investidor-anjo, que a empresa mantém em anonimato, e pela parceira internacional, a Maas Global Solutions, também do setor de pagamentos. Os dois fundadores são Svante Westerberg, que foi um dos sócios da Braspag, e Daniel Bento, presidente da Braspag na época que ela pertencia ao grupo Silvio Santos. A empresa entrou no ar há pouco mais de cinco semanas e conta com doze clientes.
Boa parte desse investimento inicial foi aplicada em desenvolvimento tecnológico. A maxiPago quer fisgar varejistas principalmente através de um sistema mais eficaz de conciliação, ferramenta que cruza e combina em um único relatório as informações do lojista e das demais empresas envolvidas na cadeia de meio de pagamentos (como adquirentes e administradoras de cartões).
"As contas do lojista deixam de ser uma ''caixa-preta", diz Bento, que afirma que a ferramenta da maxiPago foi criada tendo em vista possíveis problemas de pagamento, como as transações não confirmadas pelo cliente, que acabam em estorno do valor (cashback). Em testes com varejistas, nas últimas quatro semanas, a empresa conciliou cerca de R$ 2 bilhões em transações.
"É um mundo novo no mercado de cartões, anos e anos depois de um monopólio de adquirentes", diz Westenberg. A lista de funcionalidades prometidas pela maxiPago inclui uma melhora no tempo em que a ferramenta fica no ar e uma monitoração mais ampla das taxas de conversão de pagamentos (quando a transação é ou não aprovada).
Já a Mundipagg promete trazer um diferencial no preço. "O custo final para loja deve ficar 40% mais barato que cobrado hoje por serviços semelhantes", diz Verena Stukart, co-fundadora da nova empresa, que começa a operar efetivamente em março. Stukart e o outro fundador da empresa, Fabio Barbosa, foram diretores de operações e de tecnologia na Braspag até pouco depois da compra pela Cielo.
A dupla divide a empresa com o fundo Arpex Capital, dos fundadores originais da Braspag, André Street e Eduardo Pontes - que voltam ao mercado de gateways depois do vencimento de uma cláusula de não concorrência, assinada na época da venda da Braspag para o Grupo Silvio Santos, em 2009. A Arpex não precisa quanto investiu inicialmente na Mundipagg, mas Stukart afirma que foi próximo do valor recebido pelos sócios na venda da Braspag para Silvio Santos, que totalizou R$ 25 milhões. A meta é que o investimento inicial se pague em cerca de um ano.
A Mundipagg também tem seu quinhão de diferenciais tecnológicos. Um deles foi inspirado na gigante do comércio eletrônico mundial Amazon e permite que, após um primeiro cadastro, todas as compras subsequentes dos clientes sejam feitas com apenas um clique, já que a Mundipagg armazena as informações bancárias do comprador. A maxiPago promete ferramenta semelhante. Para compras on-line de alto valor, a Mundipagg também permitirá que sejam usados múltiplos meios de pagamento em uma só compra.
A queda de braço com a Braspag, porém, não vai ser fácil. Criada em 2005, a empresa já passou pelo grupo Silvio Santos e foi vendida para a Cielo, por R$ 40 milhões, em maio de 2011. A Braspag detém historicamente 65% de participação no mercado de pagamentos eletrônicos do Brasil. A maxiPago quer uma fatia de 30% desse mercado até o fim de 2013.
A Braspag hoje é parte de uma estratégia mais ampla da Cielo para fortalecer sua presença na cadeia de e-commerce. Rogério Signorini, diretor de inovação da Cielo, diz que 7% do faturamento da empresa em 2011 (R$ 4,2 bilhões) veio de operações de comércio eletrônico. Ele projeta que essa fatia chegue a 20% em dez anos. Por Felipe Marques
Fonte: Valor 02/05/2012
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