Fleury ganha primeiro Prêmio iG/Insper Negócio do Ano
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Fleury ganha primeiro Prêmio iG/Insper Negócio do Ano


Para conselho de notáveis, ousadia da aquisição, aliada à boa gestão e imagem da rede de laboratórios vale primeiro lugar de 2010

Ainda que se soubesse da estratégia do Laboratório Fleury de crescer por meio de aquisições, um lance ousado do grupo de medicina diagnóstica surpreendeu o mercado no fim de 2010. Em uma operação de R$ 1,04 bilhão, o grupo, cuja receita anual somou R$ 1,2 bilhão em 2010, arrematou o controle do concorrente Labs D’Or, do Rio de Janeiro. A compra deu à empresa a liderança do segmento de exames por imagem no mercado fluminense, no qual a Labs D’Or tem 57 unidades. Também permitiu que o Fleury elevasse sua fatia no mercado brasileiro, que movimenta aproximadamente R$ 11 bilhões ao ano, de 6% para 10%.

A relevância deste negócio para a empresa, que representou um importante movimento de consolidação do mercado, fizeram com que os membros do Conselho de Notáveis escolhessem a transação como o Negócio do Ano iG/Insper. "Meu voto é pelo Laboratórios Fleury, pela ousadia da aquisição da rede Labs D'Or, aliado ao histórico de crescimento orgânico da empresa, nos últimos anos", afirma o ex-ministro Miguel Jorge. "Bem gerida, com uma excelente imagem entre os usuários, em um setor altamente competitivo, e no qual a qualidade dos serviços é fundamental, a empresa tem conseguido resultados importantes e deu um passo fundamental com a compra da rede Labs D'Or."

O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, destacou quatro operações como extremamente relevantes: Marfrig e Keystone, Braskem e Quattor, Cosan e Shell e Fleury e Labs D'Or. Achou a última merecedora do prêmio Negócio do Ano. "É claro que toda escolha e avaliação exigem uma super simplificação pois sabemos que concretizar qualquer negócio acima de R$ 100 milhões é um grande desafio!", diz Pinto. "Mas esta operação destaca-se pelo valor em relação ao tamanho da empresa (primeiro lugar no ranking Negócio mais ousado) [...] e vai proporcionar à empresa a ampliação da sua presença no Rio de Janeiro e seu fortalecimento na linha de negócios de operações hospitalares."

Essa aquisição não foi o primeiro movimento do Fleury desse tipo, nem será o último. “Em dez anos, fizemos 25 aquisições”, afirma Magid Hauache, presidente do Fleury. “Examinamos todas as boas oportunidades. Nada está descartado.” Para ele, essa estratégia levou o Fleury ao papel de principal consolidador do mercado. Fundado em 1926 pelo médico Gastão Fleury Silveira, o grupo iniciou suas atividades como pequeno laboratório. Ao longo dos anos, ampliou o leque de serviços, tornando-se um dos primeiros a empregar métodos multidisciplinares – exames que combinam o cruzamento de várias técnicas – e a oferecer diagnósticos por imagem. A empresa também inova ao investir em obras de arte e exposições em suas unidades. Em uma delas, a do Itaim (zona sul de São Paulo), os corredores são repletos de quadros de artistas renomados.

Por vários indicadores, a estratégia de ser um consolidador parece estar sendo seguida a risca. O grupo chegou a ter 16 marcas sob sua gestão, em seu guarda-chuva. Elas serão consolidadas, a partir de agora, em quatro: Fleury, a+ Medicina Diagnóstica, Campana e Weinmann. Nessa estratégia, a a+ é a única que terá presença nacional e atenderá também ao público de alta renda em muitas localidades. Segundo Hauache, o nome a+ foi escolhido por ser simples. No setor, a marca dos laboratórios costuma ser o sobrenome do fundador ou está associada a palavras técnicas, como “diag” ou “lab”.

No plano de estender o a+ pelo País, 94 dos laboratórios adquiridos em várias cidades nos últimos dez anos, serão convertidos para a nova marca, que receberá investimentos de R$ 20 milhões em 2011. O orçamento inclui a reforma de várias unidades. O nome Fleury, que existe há 83 anos, continuará sendo o carro-chefe e a marca premium do grupo, respondendo por mais de dois terços do faturamento.
“Aquisições fazem parte do nosso projeto de crescimento, que, claro, tem como intuito o aumento da receita”, diz Hauache. “Mas temos também uma visão estratégica de sinergia de serviços e incorporação de bons profissionais ao grupo.” A aquisição da rede Labs D’Or agregou 500 novos profissionais de saúde à rede, incluindo médicos.

Para Marco Melo, analista da Ágora, a estratégia adotada pelo Fleury é positiva e já surte resultados. A corretora tem sugerido a alguns de seus clientes -aqueles com perfil mais agressivo- a compra de papéis do laboratório. “Os múltiplos projetados a partir de 2012 mostram atratividade, assim como o nosso preço-alvo de R$ 33,40 para dezembro nos parece coerente”, diz.
Segundo Melo, a administradora de laboratórios tem a possibilidade de forte crescimento do lucro líquido e do Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos próximos anos e na percepção de valor do negócio.

A Itaú Corretora tem opinião semelhante. Isso porque, com a aquisição do Labs D’Or, a empresa contribuiu para a consolidação do setor hospitalar, ainda muito fragmentado, e fortaleceu sua posição em um mercado promissor. A Itaú aponta ainda que a aquisição reforça a reputação do grupo e deve trazer ganhos de escala. “Esperamos que o mercado responda positivamente devido o valuation que agrega valor e, mais importante, devido à adequação estratégica”, afirma a analista Juliana Rozenbaum.

Com a compra do Labs D’Or, a receita líquida anual estimada do grupo deve chegar perto de R$ 1,3 bilhão em 2011. A receita líquida do Labs D’Or está estimada em R$ 415 milhões. O faturamento do Grupo Fleury alcançou em 2010 a marca de R$ 871,5 milhões.

Em 2010, a rede D’Or fechou uma parceria financeira com o banco BTG Pactual. A instituição entrou no grupo por meio de subscrição de debêntures conversíveis em ações. Capitalizada, a D’Or adquiriu, em setembro de 2010, o hospital São Luiz, de São Paulo, consolidando sua posição de maior grupo hospitalar do país, com faturamento de R$ 2,3 bilhões. Essa aquisição é importante para o Fleury, porque dá ao grupo participação em negócios importantes com o novo parceiro.

Isso porque as novas ações não estão restritas à área laboratorial. “Temos várias linhas de serviço. Hoje, os diagnósticos por imagem compõem um percentual de quase 50% de nossa receita, mas quando lidamos com aquisições, é possível envolver outras linhas de negócio”, diz Hauache.

Com a transação, os sócios da Labs D’Or passaram a deter 15% de participação no Fleury e direito a uma vaga no conselho de administração. Além dos laboratórios, o acordo também dá opção ao Fleury de operar a área de serviços de medicina diagnóstica de 19 hospitais da rede D’Or/São Luiz.

Em 2008, o Fleury lançou programa de gestão de doenças crônicas, em parceria internacional com a Healthways, líder do mercado norte-americano nessa atividade. Composta basicamente por programas de acompanhamento de doentes crônicos, essa linha de negócio tem como objetivo contribuir para que os tratamentos sejam seguidos conforme orientação médica.

Recentemente, o Grupo Fleury iniciou estratégia de diversificação e passou a atuar de modo crescente em medicina preventiva e terapêutica por meio das suas linhas de negócio check-up, promoção de saúde, gestão de doenças crônicas e serviço de infusão de medicamentos (método recente de tratamento de pacientes crônicos que consiste em administrar remédios por via oral ou endovenosa de forma controlada dentro de uma clínica especializada). O objetivo é oferecer uma solução integrada para seus clientes.

Hauache assumiu a presidência do grupo em fevereiro no lugar de Mauro Figueiredo, que assumiu o comando do conselho da companhia. Formado em medicina, entrou para a empresa em 2000, tendo ocupado os cargos de assessor médico em endocrinologia, gerente de produtos e serviços de análises clínicas, diretor de análises clínicas e diretor-executivo das marcas regionais de medicina diagnóstica.

Com capital aberto há dois anos, o Fleury movimentou R$ 630,2 milhões em sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em 2009. O Fleury obteve o preço de R$ 16 por ação, no centro da faixa indicativa - que variava entre R$ 15 e R$ 17. Além do lote principal, a demanda permitiu que a empresa registrasse um lote suplementar.





Para Hauache, fazer parte do Prêmio Negócio do Ano iG/Insper mostra que a empresa está no caminho certo. “É um reconhecimento aos nossos esforços em buscar sempre a qualidade e a inovação em serviços”, diz Hauache. “Estamos honrados por termos sido escolhidos.”
Fonte: iG12/07/2011



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