Marcas e Empresas
Francesa Vivendi estuda venda da GVT
A operadora de telecomunicações Vivendi estuda a venda da brasileira GVT, segundo fontes do mercado. A operação pode ajudar as ações do grupo francês a recuperar terreno. O negócio pode chegar a 8,5 bilhões (US$ 10,42 bilhões).
A venda da GVT foi considerada pela empresa depois que a Vivendi tentou se desfazer, sem sucesso, da unidade de videogames Activision Blizzard. Mas foram poucos os interessados em pagar o preço pedido, afirmaram as fontes. "A venda da GVT não é mais um tabu e agora está sendo considerada internamente", disse uma das fontes. Porém, nenhum banco foi ainda contratado para vender a operadora.
A Vivendi, um conglomerado que atua em áreas que vão do entretenimento às telecomunicações, está revendo sua estrutura para reverter uma queda contínua no preço de suas ações. Bancos de investimento estão lançando ideias prevendo a venda de unidades ou a divisão completa dos negócios do grupo.
Avaliada em 20,5 bilhões, a Vivendi é liderada pelo presidente do conselho de administração, Jean-René Fourtou, de 72 anos, que assumiu depois que o antigo presidente executivo Jean-Bernard Levy anunciou sua saída no mês passado, por causa de desentendimentos com o conselho a respeito de como reestruturar o grupo.
Fourtou enfrenta agora a pressão de agências de classificação de risco preocupadas com a dívida de 14 bilhões da companhia e também com as elevadas expectativas de investidores, ansiosos por uma reestruturação capaz de destravar o crescimento do valor de mercado do grupo.
Nas últimas semanas, a Vivendi promoveu rodadas de discussões para buscar interessados em sua participação de 60% na Activision. Nenhum deles, porém, mostrou disposição em pagar o prêmio que o grupo francês buscava, de pelo menos 12% sobre o valor de mercado de US$ 8,3 bilhões, afirmaram as fontes.
A chinesa Tencent, a americana Time Warner e pesos pesados da tecnologia como Microsoft, Apple e Facebook foram sondados, disseram as fontes.
Motor. A GVT e a Activision têm sido nos últimos anos o motor do crescimento da Vivendi. Juntas, as empresas acrescentaram 438 milhões ao lucro operacional da Vivendi no ano passado, ajudando a compensar uma baixa nos ganhos da divisão francesa SFR e Maroc Telecom, de telecomunicações.
A GVT se tornou candidata à venda para a Vivendi porque a empresa procura reduzir suas participações no setor de telecomunicações, segmento que tem sido considerado por Fourtou como muito arriscado e exigente em termos de investimentos, disseram fontes informadas quanto à estratégia da empresa.
O grupo francês assumiu o controle da GVT em novembro de 2009 por US$ 2,9 bilhões. Na época, a empresa também era disputada pela espanhola Telefônica, que teve a oferta coberta pela proposta da Vivendi.
Até então, a compra tinha a ver com a estratégia de Levy de expansão em mercados emergentes. Investidores criticaram o alto preço da aquisição, mas acabaram reconhecendo o valor da GVT assim que a empresa começou a elevar os resultados do grupo francês.
Atração.
A GVT - provedora alternativa de serviços de telefonia fixa, banda larga e TV em 120 cidades brasileiras - deve atrair o interesse de empresas maiores de telecomunicações.
A empresa tem investido muito no reforço de sua rede de fibra ótica para se aproveitar da precariedade histórica dos serviços de acesso à internet no Brasil. Recentemente, a Vivendi destinou um investimento de 1 bilhão à GVT para financiar a expansão do serviço de banda larga.
Os potenciais interessados na GVT incluem a própria Telefônica e a Oi, bem como a Telecom Itália, por meio da TIM Brasil.
A América Móvil, do magnata mexicano Carlos Slim, que controla as operadoras Claro, Net e Embratel, também pode mostrar interesse, apesar de uma fonte do setor bancário ter afirmado que tal aquisição poderia gerar preocupações em autoridades de defesa da concorrência.
"Dado o potencial do mercado de banda larga, há muito valor de longo prazo para esse pessoal", disse um representante de banco de investimento.
Uma porta-voz da GVT não quis comentar a venda. A Activision não pôde ser contatada para o fechamento da matéria. Um porta-voz da Vivendi disse: "A Vivendi jamais comenta rumores envolvendo suas diferentes atividades, e não vai começar a fazê-lo agora".
Disputa com a Telefônica
O Estado de S.Paulo
A francesa Vivendi disputou a compra da GVT, operadora brasileira que atua principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do País, com a Telefônica. A primeira oferta feita pela Telefônica, de R$ 42 por ação, foi feita em setembro de 2009. Depois disso, o grupo espanhol apresentou duas propostas não solicitadas, sendo que a última chegou a R$ 50,50. A oferta vitoriosa da Vivendi foi anunciada em novembro, e chegou a R$ 56 por ação, avaliando a GVT à época em mais de R$ 7 bilhões.
A operação gerou bastante polêmica, sendo até investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No cerne da questão estava a forma como a operadora francesa conduziu o processo de aquisição. A compra foi feita aos poucos, usando diferentes instrumentos e sem a devida comunicação ao mercado. A operação incluiu derivativos detidos por um fundo chamado Tyrus Capital. No final de 2010, a Vivendi fechou um acordo de R$ 150 milhões com a CVM para encerrar as investigações.O Fonte: Estado de S. Paulo 20/07/2012
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