Fundo do BTG compra 35% da operadora logística Contrail
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Fundo do BTG compra 35% da operadora logística Contrail


A Estação da Luz Participações (EDLP) está vendendo 35% do capital da controlada Contrail, empresa pré-operacional que fará armazenagem e transporte de contêineres até o Porto de Santos (SP). O comprador é um fundo de infraestrutura administrado pelo BTG Pactual e, segundo o Valor apurou, a transação é estimada em mais de R$ 100 milhões - divididos em parcelas. Com investimentos estimados em R$ 600 milhões, a Contrail está colocando em prática um dos principais projetos privados de logística integrados a ferrovias.

 Segundo Guilherme Quintella, controlador da EDLP, que preferiu não divulgar os valores da transação, desde que a Contrail foi desenhada já era demandado um investidor estratégico para capitalizar a companhia. Ao todo, o projeto foi apresentado para cerca de 20 potenciais interessados até fechar um acerto com o BTG Pactual Infraestrutura II Fundo de Investimento em Participações, que concordou em subscrever as ações. 

Segundo Quintella, com a entrada do novo sócio, a estrutura financeira da companhia se completa. Cerca de 70% do montante deve ser financiado, provavelmente pelo BNDES - embora Quintella diga que há outras opções também interessantes no mercado.

 Inicialmente, é projetado faturamento de R$ 200 milhões no primeiro ano de operação, em 2013. Nos próximos anos, a Contrail prevê aumento da receita bruta, podendo chegar a R$ 2 bilhões em 2017, segundo ele.

 Para isso, a empresa pretende conquistar um quarto do mercado hoje sob monopólio das rodovias. Segundo Quintella, 97% dos contêineres exportados via porto de Santos chegam por caminhões.

 A Contrail quer atrair os clientes pelo bolso. Enquanto o caminhão demanda hoje cerca de R$ 1 mil para transportar de São Paulo a Santos um contêiner padrão de 20 pés (um TEU, ou twenty-foot equivalent unit, na sigla em inglês usada pelo setor), a Contrail pretende oferecer cerca de R$ 850 - o que seria uma economia de 15%.

 Para maximizar a produtividade dos trilhos, a empresa usará em suas composições vagões que permitem empilhar um contêiner sobre o outro, o chamado "double stack". Cada composição pode tirar até 200 caminhões das estradas, defende Quintella.

 Criada no fim de 2010, a companhia tem um programa de investimentos dividido em duas etapas principais, segundo o empresário. Em uma primeira fase, estão sendo usados R$ 500 milhões para custear, entre outros, compra de terrenos, construção de terminais, além de aquisição de equipamentos e softwares de terminais de carga na Grande São Paulo e no interior. Serão seis terminais de carga inicialmente - um na região do Vale do Paraíba, quatro na Grande São Paulo (um no bairro da Lapa, dois na Mooca e zona leste e um no ABC Paulista), e outro no litoral.

 A carga recepcionada nos terminais da capital e do interior - os centros de consolidação de carga, como chama a empresa - chegará de caminhão. Lá, ela será direcionada por ferrovia até o litoral de São Paulo, em Cubatão (SP). É onde está sendo erguido o Terminal Portuário Intermodal de Santos (Tips), que servirá como "hub" de distribuição de toda a carga. Terá 300 mil m2 e capacidade para movimentar até 1,2 milhão de contêineres por ano. Após serem consolidados e reorganizados nos vagões, os contêineres serão distribuídos para embarque nas margens esquerda e direita do porto.

 A partir de 2014, pode entrar em execução uma segunda fase, com objetivo de construir pelo menos dois terminais - em Campinas e Jundiaí - com investimentos estimados em R$ 100 milhões. Essa fase, no entanto, ainda depende de um projeto fora da alçada da Contrail: a construção do Ferroanel, uma espécie de círculo ferroviário que contornaria a região metropolitana de São Paulo.

 A dependência do Ferroanel se deve ao fato de que, sem ele, os vagões "double stack" teriam que passar pela Estação da Luz, região central de São Paulo, onde não há estrutura para a passagem dessas composições. "Não há dúvida do tamanho da demanda [por movimentação de contêineres] nessa regiões", resume Quintella. Por Fábio Pupo e Ivo Ribeiro
 Fonte Valor Econômico 06/06/2012



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