Marcas e Empresas
Fusões e aquisições da indústria alimentícia quase triplicam no 1º trimestre
Grandes empresas do setor de alimentos aproveitam capacidade instalada para investir na aquisição de concorrentes e na diversificação de seu portfólio de produtos
O mercado de alimentos, principalmente no setor da indústria alimentícia, começou 2015 bastante movimento. Além do anúncio de fusão da Kraft Foods, gigante do setor fabricante de produtos como o queijo Philadelphia, com a empresa Heinz, controlada pelo fundo brasileiro 3G Capital, números da Transactional Track Record (TTR), que cobre transações financeiras do mercado Ibérico e América Latina, mostram que as fusões e aquisições do setor no Brasil triplicaram – foram 11 nos primeiros três meses deste ano, ante 4 no mesmo período do ano passado.
A lista de transações inclui grandes empresas do setor como a compra do Frigorífico Mercosul pela Marfrig por R$ 418 milhões e a conclusão do acordo da Vigor e da Arla Foods pela Dan Vigor, estimado em R$ 156,2 milhões.
"O setor de alimentos sempre tem um grande número de negócios. Isso tem lógica, porque conta com empresas consolidadas e uma busca grande por ganho de escala, sinergia na distribuição de produtos e poder de barganha no varejo", diz Luis Augusto Motta, sócio da KPMG Corporate.
Segundo Motta, a busca por escala é o principal motivo para o grande número de transações. Isso acontece porque empresas consolidadas, que já tem grande capacidade instalada, podem usá-la para novos produtos. É o que acontece também com a diversificação do portfólio de produtos das marcas. "Você exonera seu sistema de distribuição. Você já tem o sistema e investe em novos produtos que usam a mesma logística", explica.
"As marcas têm optado por estratégia de investimento, aquisição de outras marcas e construção de novas marcas. Temos muitos grupos que operam mais de uma marca. Esse movimento deve continuar. O cenário mais desfavorável na economia pode ser oportuno para grandes redes em termos de investimento, oportunidades aparecem", afirma Alexandre Guerra, conselheiro do Instituto Foodservice Brasil (IFB).
Para Motta, no entanto, o maior número de transações no primeiro trimestre deste ano é resultado da conclusão de operações iniciadas ainda em 2014, quando o cenário econômico é mais favorável. "Acredito que no segundo semestre isso pode desacelerar."
Empresas investem na diversificação de produtos
Além dos investimentos na aquisição de outras empresas, companhias do setor têm investido na diversificação de seus portfólios internos.
A Perdigão, marca da BRF, por exemplo, anunciou na Páscoa sua entrada no mercado de pescados com o lançamento de um filé de bacalhau pronto para ir ao forno. Segundo a marca, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que "este é um dos mercados mais promissores do país e que cresceu cerca de 25% entre 2012 e 2013".
Já a JBS anunciou recentemente um investimento de R$ 20 milhões na ampliação de seu complexo de processamento de pratos prontos, lasanhas e pizzas, em Lages (SC), o que deve aumentar em 82% a capacidade de produção do produto.
"Vemos também empresas que tem produtos de volume e querem ir pra outro mercado, menor, mas de margens melhores. Em termos financeiros, é bem menor que o carro chefe, mas é uma estratégia para ganhar volume e margem, além da maior exposição da marca e participação no mercado", diz Motta.
Mercado espera internacionalização do setor
Entre as operações anunciadas em 2015, três envolvem empresas estrangeiras japonesas e britânicas: a compra de parte da fabricante brasileira de chocolates Harald pela processadora de óleos japonesa Fuji Oil (R$ 640 milhões), a aquisição de 50% das ações da Naturalle pela também japonesa Itochu (R$ 54,7 milhões), e a aquisição da Grano alimentos pelo grupo americano Arlon (valor não divulgado).
Para Luis Augusto Motta, sócio da KPMG Corporate, esse é um movimento que deve continuar intenso nos próximos anos. "Pelos nossos números do ano passado, de 52 negócios, 31% das aquisições foram estrangeiros comprando empresas brasileiras, e 16% foram empresas brasileiras adquirindo estrangeiras. Esse é um marco que deve continuar", afirma.
Setor de alimentação fora do lar quer ganhar abrangência nacional
Segundo Guerra, o setor de alimentação fora do lar, que inclui os fabricantes de pratos prontos, vislumbra ainda uma outra oportunidade: ganhar escala nacional.
"Nosso mercado é mutio concentrado. Temos um espaço territorial grande, esse movimento de consolidação e diversificação é uma tendência que deve acontecer nos próximos anos porque ainda temos muitas oportunidades", diz o consultor. Por Bárbara Libório - Leia mais em iG São Paulo 10/04/2015
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