Galp descarta necessidade de aval na venda à Sinopec
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Galp descarta necessidade de aval na venda à Sinopec


A Galp Energia, companhia de petróleo e gás portuguesa, não vendeu ativos no Brasil e por isso não precisava de aval da Petrobras, seu parceiro estratégico em operações no país, para fechar um acordo de US$ 5,2 bilhões com a chinesa Sinopec envolvendo 30% do grupo português no país, no ano passado.

Foi o que afirmou ontem o principal executivo da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, em entrevista ao Valor à margem do Fórum Mundial de Economia, onde os grandes nomes da produção mundial de petróleo estão presentes.

Segundo o executivo, antes da operação de aumento de capital da Petrogal Brasil - subsidiária integral da portuguesa - o valor da empresa era estimado em US$ 12,5 bilhoes. Onze investidores se interessaram em participar da operação, e a chinesa Sinopec foi a escolhida.

Com a operação, o valor da Petrogal subiu para US$ 17,7 bilhões e a Sinopec passou a deter 30% da empresa. Como a Petrogal tem divida de US$ 400 milhões com a matriz, a Galp Energia, seu valor final fica em US$ 17,3 bilhões.

"Se tivéssemos vendido nossa participação no campo de Júpiter, por exemplo, a Petrobras teria o direito de preferência, como parceiro do consórcio", argumentou o executivo português. "Mas aumentamos o capital e essa regra não se aplica. Se aplicaria se vendêssemos maioria de capital, e não vendemos. Não precisamos do aval da Petrobras, e as autoridades brasileiras e a Petrobras foram informadas."

Para Oliveira, a operação com a Sinopec foi especialmente importante porque tornou a Petrogal autossuficiente para os investimentos até 2016. A partir dai, terá "cash flow" positivo para cobrir os investimentos. "Em termos financeiros, a Petrogal deixou de depender da matriz, e esse foi o objetivo da operação", acrescentou o executivo.

A atualização do plano de investimentos no Brasil será comunicada ao mercado no dia 6 de março. "Temos muito o que fazer no Brasil sempre em parceria com a Petrobras", afirmou. Exemplificou que sua empresa tem 33 parcerias com a Petrobras. E ambas tem também um projeto de bicombustível conjunto em Belém do Pará, com plantação de 12 mil hectares para produção de oleaginosos como matéria-prima.

Indagado se, nesse contexto de relação tão estreita, seria o caso de a Petrobras entrar no capital da Galp Energia, o executivo retrucou: "Isso tem de perguntar à Petrobras. A Galp é empresa de capital aberto". Lembrou que a Petrobras examinou a questão ha um ano e meio e entendeu que não era o momento oportuno para investir, porque tinha muitos projetos em andamento.

No Fórum Mundial de Economia, o centro de todas as atenções é a crise da Zona do Euro. Portugal é um dos países mais afetados pela deterioração econômica e o peso da dívida pública. Manuel Ferreira de Oliveira nota que a Galp é a empresa mais valiosa do mercado de capitais portuguesa, com portfólio diversificado e suficiente balanço para financiar todos seus projetos.

Mas, com a Europa em dificuldades, nota que todas as empresas europeias sofrem, especialmente as pequenas e médias. A taxa de financiamento, mesmo para Galp, aumentou para algo entre 3,5% e 4,5%, que ele considera razoável, mas ressalva que isso não é para todas as empresas europeias.

"Depois do aumento de capital da Petrogal, a Galp é um dos [grupos] europeus do petróleo com balanços mais fortes. Estamos absolutamente confortável com os planos de projetos em curso"", afirmou Oliveira.

O grupo português considera razoável as projeções da Agência Internacional de Energia, de preço do barril de petróleo variando de US$ 90 a US$ 120. Mas observa que os preços que leva em conta para os projetos são substancialmente menores.

Segundo o executivo, a produção mundial de petróleo declina 6% ao ano, em média, no mundo, e daí a necessidade de novas descobertas. Se não houver investimento no setor, serão 5,4 milhões de barris a menos por ano. E ele diz que é um montante equivalente a grande ambição do Brasil para essa década. "A industria do petróleo precisa continuar investindo, para incrementar a produção. E seremos capazes de abastecer o mercado", completou. Por Assis Moreira
Fonte:ValorEconômico26/01/2012



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