Gestão falha pode levar startup ao fracasso
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Gestão falha pode levar startup ao fracasso


Investimento não é garantia de que a empresa vai dar certo. É preciso mais: planejar e ter foco no produto.

Após semanas de tensão e dívidas acumuladas, a empreendedora Ligia Dutra foi a público revelar a crise pela qual passava sua startup, a UpaLupa. No início do ano passado, o negócio recebeu R$ 37 mil para realizar edições itinerantes do Bate Papo sobre E-commerce, um evento, na época gratuito, que mescla palestras e troca de experiências entre empreendedores.

Empolgada, Ligia descuidou-se e cometeu erros de gestão que consumiram a verba em apenas seis meses. Sem ter como bancar outras edições, mas obrigada a realizá-las para cumprir o contrato, ela se viu na iminência de fechar a empresa. Antes disso, porém, decidiu assumir o fracasso. 'Fazia tudo para mostrar aos outros que estava bem. Quando a ficha caiu, assumi que precisava de ajuda', diz. Na tentativa de salvar a empresa da falência, Ligia tomou uma atitude ousada.

Em uma longa mensagem postada no site da UpaLupa, em setembro do ano passado, ela descreveu o problema e propôs que amigos e clientes ajudassem a financiar de forma colaborativa os 12 eventos que ela precisava realizar até o fim do ano.

A tarefa exigiria investimento de cerca de R$ 24 mil. O resultado, porém, surpreendeu. Ligia recebeu doações de todo o País e conseguiu R$ 10 mil, com os quais bancou parte dos eventos. Para reduzir custos, transmitiu os demais pela internet.

Embora tenha solucionado o problema que quase fechou sua empresa, Ligia mudou o modelo de negócios. Desde o início do ano, por exemplo, cobra taxa de R$ 25 para bancar os custos do projeto. 'Não deixo de ajudar o próximo como queria quando a inscrição era gratuita, mas agora eu sei que não posso mudar o mundo sozinha e coloco o negócio em primeiro lugar', afirma ela, que diz ter aprendido com a experiência que os momentos bons de em empreendimento não duram para sempre. 'Hoje não dou mais um passo maior do que a pena. Primeiro eu consigo dinheiro e depois faço', diz.

Estrutura.
A empresária Maria Carolina Cintra passou por situação semelhante. A diferença é que o capital da sua empresa era proveniente de um investidor. A startup Kingo Labs, idealizada por ela em parceria com outros dois amigos, fechou as portas no fim do ano passado, após dois anos e meio de atuação no mercado. 'Nosso grande erro foi iniciar com uma estrutura grande e cara demais. Deveria ter aberto a empresa sem investimento', conta a empreendedora.

Segundo Carolina, gastos mal planejados e falta de foco no produto levaram os sócios a ter problemas no relacionamento com o investidor. Ainda de acordo com a empreendedora, a empresa teve faturamento 80% menor do que os R$ 500 mil previstos. Sem o resultado prometido, o investidor deixou o negócio após aplicar cerca de R$ 280 mil. 'Foi horrível. Me senti uma fracassada porque gastei muito tempo e energia em algo que deu errado.'

Antonio Shiroshi Hotta, o investidor-anjo da Kingo Labs, diz que o maior problema foi a falta de transparência. 'Eu financiei 100% do negócio e propus que se a empresa tivesse lucro ficaria com 20% (pelo acordo original, ele teria direito a 50%)', conta.

'O correto é o empreendedor prestar contas e falar no que gastou o dinheiro, mas eu não recebia os comprovantes dos gastos', diz. Para ele, o conhecimento e o envolvimento dos empreendedores em um negócio são essenciais. 'A garotada é muita inexperiente. Eu sempre tento orientar os gastos, a focar no produto, mas não pode faltar transparência', diz. Por LIGIA AGUILHAR,
Fonte:estadao 10/04/2012



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