Governança baixa limita investimentos no Brasil
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Governança baixa limita investimentos no Brasil


Diretora da F&C, maior gestora mundial de fundos sustentáveis, defende a adoção de regras mais rígidas por parte da CVM

 A gestora inglesa F&C, líder mundial em investimentos sustentáveis com US$ 4,9 bilhões alocados nessa estratégia, está de olho no Brasil, onde tem aplicados US$ 844,3 milhões de uma carteira total de US$ 162,7 bilhões (dos quais 25% está em ações). No entanto, a quantia poderia ser ainda maior. Para ampliar suas apostas, a gestora monitora de perto o nível de adesão às melhores práticas de governança corporativa por parte das empresas listadas na BM&FBovespa.

 Em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO, a diretora de governança corporativa e investimentos sustentáveis da F&C, Karina Litvacj, que está no grupo desde 1998 — o que significa que já passou por diversas crises mundiais e acompanha de perto o avanço do tema sustentabilidade nos investimentos—diz que a gestora quer influenciar a adoção de padrões mundiais de governança corporativa de forma mais ampla no Brasil.

 Para ela, o país já tem um alto padrão de governança corporativa, se comparado com outros emergentes—emparte, devido aos três níveis de listagem da BM&FBovespa, que geram credibilidade uma vez que aderir é umcompromisso voluntário assumido pelas companhias participantes. No entanto, diz, ainda há o que fazer para encorajar as outras a implantar esses padrões, já que das 530 listadas, somente 181 estão nos níveis mais elevados de governança da bolsa: 33 no Nível 1 e 20 no Nível 2 — ambos, ambientes de negociação precursores do acesso ao Novo Mercado, que por sua vez é o padrão mais elevado de governança, com 128 listadas. As 181 empresas representam 65,81% do valor de mercado, 82,12% do volume financeiro e 85,68% dos negócios realizados no mercado à vista da bolsa.

 “Temos pressionado a Comissão de Valores Mobiliários e a BM&FBovespa a adotarumposicionamento mais claro, rigoroso e consistente”, afirma Karina, que participará da 18ª Conferência Anual da Rede Internacional de Governança Corporativa (ICGN, na sigla em inglês), que será realizada entre 25 e 27 de junho no Rio de Janeiro.

 Para Karina, o órgão regulador e a BM&FBovespa têm uma postura muito complacente com empresas que escolhem não se listar nos níveis de governança corporativa e/ou se envolvem em práticas que vão contra este princípio. “Isso não apenas tira a confiança do investidor como interfere negativamente na credibilidade no mercado brasileiro como um todo. Há muito mais a perder do que a ganhar com essa abordagem excessivamente elástica em relação a adoção das melhores práticas de governança.” Karina explica que a governança corporativa dita como as companhias são dirigidas, controladas e geridas e que a visão da gestora é que a boa governança age como uma proteção fundamental para acionistas com interesse de longo prazo. O F&C lançou seu primeiro fundo com este conceito em 1984; em 2011, aplicava em 1,2 mil empresas, de 54 países, com o serviço que ajuda a melhorar a governança e também a performance de fundos de investimento.

 “Os principais riscos para investir em empresas na América Latina estão relacionados à instabilidade política, com crescente interferência dos governos na operação e administração de companhias onde têm participação acionária elevada, como ocorre, por exemplo, em Petrobras e Vale”, afirma Karina. A especialista também cita o nacionalismo e a baixa proteção dos direitos dos acionistas minoritários como questões problemáticas nas empresas da região. Por Flávia Furlan
Fonte: Brasil Econômico 20/06/2012



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