Marcas e Empresas
Grupo Espírito Santo coloca ativos não financeiros à venda no Brasil
O Grupo Espírito Santo (GES) colocou boa parte dos ativos não financeiros no Brasil à venda, diante da necessidade de levantar recursos para quitar compromissos com credores, entre os quais está a Portugal Telecom. A informação foi confirmada por duas fontes próximas ao GES.
Levantamento feito pelo Valor conseguiu identificar ativos avaliados em pouco mais de € 290 milhões, ou quase R$ 900 milhões, que poderiam ser vendidos.
Entre os mais valiosos está a fatia de 11% da holding Rioforte no grupo brasileiro Monteiro Aranha, em valor aproximado de € 75 milhões, embora ainda não exista um processo formal em curso.
Já há conversas em andamento para venda de empreendimentos na área agrícola, enquanto os ativos na área de energia também devem começar a ser negociados.
Segundo uma fonte, diante da necessidade de saldar as dívidas, não há alternativa a não ser vender ativos. "Vão-se os anéis, mas ficam os dedos. Ou, no caso, podem ir os dedos, desde que fique o braço. O mais importante é saldar as obrigações com os credores."
Em relação aos hotéis Tivoli, as duas unidades brasileiras devem ser alienadas dentro de um pacote que inclua as 12 da rede em Portugal. Quando os ativos estiveram à venda, no fim de 2012, eles foram avaliados em € 62 milhões.
Empreendimentos em fase de investimento e que precisam ser desenvolvidos, como os da área imobiliária, estão fora da lista de venda porque não alcançariam um valor interessante hoje, segundo uma fonte próxima. O banco de investimento do grupo também não será negociado.
Os investimentos do GES mais fáceis de avaliar são aqueles que a Rioforte possui na Bovespa, como uma fatia de 11,1% na Monteiro Aranha e mais 3,7% da Brazilian Hospitality Group (BHG), este último próximo de € 10 milhões.
Ainda que as ações da Monteiro Aranha tenham poucos negócios, seu valor de mercado de R$ 2,07 bilhões apurado pela última cotação não é tão distante da realidade, já que ela possui basicamente investimentos financeiros, como 7,5% do capital da Klabin e mais 4,5% na Ultrapar, além de outras aplicações.
A fatia da Rioforte pode ser estimada, portanto, em R$ 230 milhões, ou € 75 milhões. Cabe notar, contudo, que parte dessas ações foi dada em garantia ao Bradesco por um empréstimo de R$ 50 milhões. O fundo de pensão dos funcionários do Banco Espírito Santo (BES) tem mais 9% da Monteiro Aranha, mas uma eventual venda dessa fatia não geraria recursos para o grupo.
Fora da bolsa, a fatia remanescente de 29% que a Rioforte diz ter na Energias Renováveis do Brasil (ERB), que investe em projetos de biomassa no país, pode ser avaliada em R$ 131 milhões (ou € 43 milhões), ao se ter em conta que a BNDESPar e a gestora Mantiq pagaram, no fim de 2013, R$ 213 milhões por 47% no negócio, que tem o FI-FGTS como sócio.
O fundo do FGTS também é sócio da Rioforte na Logbras, que reúne ativos na área de logística, e é avaliada por equivalência patrimonial em € 22 milhões.
Em seu balanço, a Rioforte também apresenta propriedades imobiliárias com valor aproximado de € 110 milhões em dezembro de 2013. Entre os maiores negócios estão a Fazenda Morrinhos, no interior de São Paulo, no valor de € 67 milhões, que é arrendada para produção agrícola, e um terreno no Guarujá, de € 14 milhões, onde ela não conseguiu levar adiante o plano de construir um shopping em parceria com a BR Malls.
Na área imobiliária no Brasil, a Rioforte diz que seus terrenos têm potencial para um valor geral de vendas (VGV) de R$ 3,5 bilhões, entre os quais estão as fases restantes do projeto de luxo Quinta da Baroneza, no interior paulista.
Em Portugal, o principal ativo da Rioforte é a Espírito Santo Saúde, que reúne diversos hospitais. A empresa abriu o capital na bolsa portuguesa neste ano e tem valor de mercado de € 318 milhões, com a participação de 51% da Rioforte valendo, portanto, € 162 milhões, sem eventual prêmio de controle.
Embora os negócios operacionais não financeiros do GES tivessem ativos a valor contábil de € 1,88 bilhão no fim de 2013, para passivos de apenas € 947 milhões, a holding Rioforte sozinha tinha uma dívida de € 1 bilhão - de curto prazo - mesmo antes de tomar dinheiro com a Portugal Telecom. Ou seja, há mais credores na lista. Valor Econômico - por Heloisa Magalhães, Vanessa Adachi e Fernando Torres | Leia mais em transparenciaegovernnca 16/07/2014
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