Grupos de energia investem em telecom
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Grupos de energia investem em telecom


Está em curso um movimento de aproximação das empresas de energia elétrica do setor de telecomunicações. As companhias de energia sempre tiveram que administrar uma infraestrutura própria de comunicação, para ativar seus circuitos internos. Mais recentemente, muitas delas descobriram que podem ganhar dinheiro com isso. É o caso da Copel, do Paraná, e da Cemig, de Minas Gerais, que criaram subsidiárias para explorar o mercado de telecomunicações, com a construção de redes de fibra óptica para levar o tráfego de voz e dados das teles. A mais recente investida é da CPFL, de São Paulo: o Valor apurou que a concessionária vai anunciar, em cerca de um mês, a CPFL Telecom.

 A nova empresa já recebeu o aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para iniciar suas operações. A autorização para prestação do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) vale para todo o país, mas segundo a autorização concedida pela agência, a companhia vai começar a instalação da rede de fibra óptica sobre a sua rede de energia no interior e litoral de São Paulo. Inicialmente, a rede será constituída nas cidades de Campinas, Piracicaba, Sumaré, Araraquara, Bauru, Ribeirão Preto, Marília, São José do Rio Preto, Sorocaba, Santos, Praia Grande, Jundiaí, São Vicente, Franca, São Carlos e Americana. Os pontos de interconexão com outras redes ficarão em Campinas, onde fica a sede da CPFL.

 A rede de fibras ópticas instalada pela CPFL Telecom vai prover interconexão de redes locais, acesso à internet banda larga, redes empresariais, hospedagem de páginas na internet e videoconferência. Procurada pelo Valor, a CPFL informou que não vai comentar o assunto nesse momento.

 A partir de setembro, Cemig planeja oferecer infraestrutura de fibra óptica em quatro Estados, além de Minas

 A Anatel vê com bons olhos a iniciativa. "Isso aumenta a infraestrutura de telecomunicações e proporciona maior competição ao mercado, uma vez que a rede de fibra óptica também pode ser oferecida a provedores locais de internet", afirmou ao Valor o presidente da agência, João Rezende.

 Trata-se de uma oportunidade de negócios valiosa neste momento, em que as teles se veem pressionadas a aumentar sua cobertura para garantir maior qualidade e expandir a rede até localidades distantes ou de baixa densidade demográfica. Para as empresas de energia também é a chance aumentar a geração de caixa.

 "É uma comodidade contar com as redes das empresas de energia", disse um especialista em telecomunicações. Há lugares onde a operadora de telefonia tem dificuldade de instalar infraestrutura própria, tendo em vista a topologia do local, o que exige maiores investimentos, afirmou. Além disso, há lugares onde a infraestrutura da operadora está no gargalo ou onde a demora para conseguir a autorização da prefeitura pode comprometer o negócio.

 Outra empresa que estaria interessada em criar uma subsidiária para atuar nessa área é a EDP Energia. Procurada, a empresa não quis se comentar o assunto.

 No caso da CPFL Telecom, a empresa passa a atuar em um mercado estratégico: o Estado de São Paulo, que concentra 24% de todas as linhas de celular do país e 31% dos acessos nacionais de banda larga, fixa e móvel.

 "As empresas de energia alugam para as operadoras de telecom espaço em postes para a instalação de fios, mas essa receita é pouco atrativa", disse Renato Pasquini, analista de telecomunicações da consultoria Frost & Sullivan. "Para as empresas de energia, é mais interessante abrir uma subsidiária de telecomunicações e atuar diretamente no fornecimento dessa infraestrutura", afirmou. É preciso que a empresa de energia crie uma subsidiária específica para este fim, conforme determina a resolução 375 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

 Para Pasquini, as empresas de energia também pode fazer dinheiro vendendo o ativo de telecom depois de torná-lo atraente. Há dois anos, a Atimus, rede de fibra óptica da AES Eletropaulo, foi vendida para a TIM por R$ 1,6 bilhão. A rede cobria 21 cidades das regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio.

 Uma das primeiras concessionárias de energia a explorar o mercado de telecomunicações foi a mineira Cemig, que lançou em 1999 a Cemig Telecom. "Nós já tínhamos uma infraestrutura de telecomunicações montada para atender toda a parte de automação das subestações, da usina e da manutenção da própria rede", afirmou Sérgio Belisário, diretor técnico e comercial da Cemig Telecom. "Decidimos aproveitar essa rede para criar um negócio que atendesse a terceiros."

 A rede de fibra óptica da Cemig Telecom estende-se por 9 mil quilômetros e chega a 70 cidades de Minas Gerais. A partir deste ano, a empresa pretende investir R$ 150 milhões na expansão da rede a outros Estados, onde controla empresas de transmissão de energia. "Vamos começar a atuar nas regiões metropolitanas de Goiás, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro", afirmou Belisário. Com isso, serão instalados mais 8,5 mil quilômetros de fibra óptica, em dez anos. "Há carência de infraestrutura nesses Estados, principalmente no interior", disse o executivo.

 Cerca de 90% da receita da Cemig Telecom, de R$ 150 milhões no ano passado, provem das teles que usam sua infraestrutura. "Os demais 10% são de clientes empresariais, a grande maioria do próprio grupo Cemig", disse Belisário. A possibilidade de oferecer infraestrutura diretamente ao consumidor está descartada, afirmou o executivo. "Isso seria concorrer com nossas clientes." Por Daniele Madureira | Valor Econômico
Fonte: clippingmp17/07/2013



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