Algumas informações da IPO da Visanet. O texto sobre IPOs (marcador “Todas as IPOs”) foi atualizado contando com essa oferta. O texto sobre a Visanet enquanto companhia fechada também foi modificado (e reclassificado em “perfis de empresas”).
Informações Básicas
Data: 29/06/2009
Preço: 15,00
Rateio: 38,35%
Volume da Oferta: R$8.397 milhões (número preliminar), é a maior de todas.
Nível de Governança: Novo Mercado
Natureza da Oferta: Secundária
Coordenador-líder: Bradesco BBI
Um comentário sobre o rateio proporcional: li que assim seria no prospecto mas, de início, imaginava que por proporcional deveríamos entender fixo mais proporcional pois, até então, de memória, não me recordava de oferta que tenha sido apenas proporcional. Depois, vendo os registros que tenho sobre IPOs e checando algumas informações, constatei meu erro inicial.
Apenas três ofertas, antes da Visanet, tiveram rateio apenas proporcional, Gol, Grendene e Dasa. As ofertas da Natura e da CPFL também teriam esse rateio, mas não houve rateio nessas ofertas. A ALL também usaria rateio proporcional, não sei se o fez. Todas essas ofertas foram realizadas em 2004. Em Dezembro de 2004, na oferta subseqüente (“follow on”) da Suzano Petroquímica (hoje Quattor) introduziu-se o rateio igualitário sucessivo (um valor fixo máximo para todos). Leia mais aqui.
Variação no primeiro dia
Abertura: +13,33%
Máxima: 15,67%
Mínima: +10,00%
Fechamento: +11,80%
28º maior variação (Maior valorização – Maior Desvalorização)
Dinheiro deixado na mesa: R$ 991 milhões (preliminar), 4ª maior.
Informações Contábeis/Mercado
Valor de mercado (@15): R$20.471.757 mil
P/L (@15): 16,90
P/VPA (@15): 128,70
O lucro usado é o lucro ajustado dos doze últimos meses (Abril 08 – Março 09). O lucro ajustado de 2008 exclui a receita extraordinária com a venda das ações da Visa Internacional no montante de R$502.900 mil (multiplicado por 66% para desconsiderar o efeito fiscal) e também outros efeitos extraordinários (explicados no prospecto).
Lucro Líquido 2008: 1.393.843
Ajustes 2008: -368.300 (Receitas Líquidas Extraordinárias)
Lucro Ajustado 2008: 1.150.765
Lucro Líquido 1T09: 333.199
Lucro Líquido 1T08: 604.178
Efeitos extraordinários 1T08: 502.900 (Receita Extraordinária)
Lucro Líquido 1T08 Ajustado: 272.264
Lucro Líquido 12 meses: 1.211.700
No meu texto original sobre a Visanet avaliei que essa empresa deveria valer 1,2 vezes a Redecard, com base no múltiplo P/L, controlando pelas diferenças por razão de distribuição de dividendos (em 2008, 100% para Visanet e 83% para Redecard) e assumindo que o restante (risco e crescimento) seja igual. Se for usado uma média das razões de distribuição de dividendos nos últimos 4 anos, ao invés de 1,2, o multiplicador deveria ser 1,12 (100% para Visanet, 90% para Redecard). Sinceramente não sei qual é o mais adequado e o P/L a mercado ficou 1,08 vezes o da Redecard (18,89 x 17,41).
Para finalizar, comentário sobre algumas análises e “análises” feitas sobre a Visanet.
“Dívida/Patrimônio Líquido” = 2,74. Não acho que securitizações no exterior devam ser consideradas como dívida, até porque tem securitizações no exterior a receber que quase equivalem as securitizações a pagar.
“Capital de Giro Líquido = -R$ 186.195 mil.” A pergunta é: “...e aí?”. É proibido a empresa ter menos ativos circulantes do que tem passivo circulantes?
“P/L de 18 (sic) está caro, mas barato em relação às outras IPOs”: O que indica que está barato ou caro? Está escrito em algum livro sagrado um P/L de corte (15, geralmente) que indica que a empresa está cara? Já li muitos livros (profanos) sobre o assunto, e nunca vi nada do gênero.
“Os atuais acionistas limparam o caixa e distribuíram os dividendos antes da oferta”: No final das contas, a relação de distribuição de dividendos é 100%. Distribuiu 100% no primeiro trimestre de 2009, também o fez em 2008 acrescido de lucros acumulados dos anos anteriores. Somando o dividendo sobre lucros acumulados em 2008 e o dividendo em 2007, chega-se ao lucro líquido de 2007. Pode-se discutir se essa é uma política de dividendos sensata, mas não tem errado, a priori, com ela. A AES Tietê, por exemplo, que sequer começou a ser listada via IPO (surgiu da cisão da Cesp), desde 2006 distribui 100% dos lucros e desde 2003 distribui 95% ou mais dos lucros.
“A queda no lucro talvez seja por conta de parte das receitas da empresa serem financeiras”: A queda no lucro no primeiro trimestre de 2009 frente mesmo período de 2008 foi por conta de efeitos extraordinários que aumentaram o lucro de 2008.
Não vi em lugar algum, mas esperava ler algum comentário estupefato sobre o P/VPA de 128,70. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido, por sua vez, é de 761,78%. Divida o primeiro pelo segundo que chegar-se-á ao P/L (faça o mesmo sem números e verá que é óbvio que isso aconteceria). Seja lá o que alguém possa achar da relação P/L, deve achar a mesma coisa olhando o P/VPA. Não existe essa de “olhando o P/L está barato, mas vendo o P/VPA está caro”.