Mania de grandeza
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Mania de grandeza


Don Horst - como gosta de ser chamado Horst Paulmann Kemna, fundador da rede varejista chilena Cencosud - é viciado em trabalho, tem mania de grandeza e ideias fixas. A descrição é de pessoas próximas ao empresário, um imigrante alemão, naturalizado chileno.

Sua mais nova obsessão é o Brasil, onde, na semana passada, fechou a compra da rede carioca Prezunic, por R$ 685,7 milhões (descontadas dívidas).

A sétima compra da empresa no País surpreendeu o mercado. Na única entrevista coletiva que concedeu no Brasil, em setembro, Paulmann havia dito que o interesse da rede era crescer por meio da abertura de novas lojas - e não por aquisições. Mas, na verdade, já negociava com o Prezunic desde maio.

Com a rede carioca, os investimentos do Cencosud no Brasil chegam a US$ 1,663 bilhão desde 2007, ano em que aportou no País. Aqui, a empresa passa a ter agora vendas estimadas em R$ 8,3 bilhões em 2011 e 314 lojas, incluindo supermercados, farmácias e lojas de eletrodomésticos. 'Eles conseguiram incorporar a cultura do varejo brasileiro', diz o analista Mauro Pacanowski. Muitos dos executivos das empresas compradas são mantidos pela companhia. O homem forte do Cencosud no Brasil, por exemplo, é Silvio Pedra, que chefiava o GBarbosa antes da venda aos chilenos, há quatro anos.

O sonho de Don Horst, comenta-se no mercado, é chegar a ser a maior varejista do País, desbancando o Grupo Pão de Açúcar. Para atingir essa meta, o Cencosud (ou Centros Comerciales Sudamericanos) precisaria crescer cinco vezes em número de lojas e multiplicar por quatro seu faturamento.

O plano de investimentos da companhia é ambicioso. São US$ 3 bilhões entre 2010 e o fim de 2012 - sendo boa parte disso para Brasil e Peru. 'Espera-se um crescimento de 52% na área de vendas do Cencosud de 2010 até 2014, o que permitirá quase duplicar o faturamento nesse período', diz um relatório sobre a empresa publicado pelo Banchile.

Elefante. A estratégia do Cencosud é reflexo da personalidade de Paulmann, que transformou o pequeno restaurante da família no primeiro supermercado autosserviço do Chile, em 1960. Hoje, HP, como também é chamado, detém 65% das ações do Cencosud, uma rede formada por 830 lojas em oito países e com vendas de US$ 11,3 bilhões este ano.

'Quem trabalha com ele diz que HP sempre pensa grande e que não importa muito se o contexto econômico não é favorável ou se seus executivos estão contra', diz Paulina Andrade, que, com Marcelo Cerda, é autora de Los pasos del elefante: el imperio de Herr Paulmann (Os passos do elefante: o império do senhor Paulmann). Foi assim na Argentina, nos anos 80, quando o grupo construiu o primeiro shopping do país.

O elefante do título do livro faz referência tanto ao símbolo do Jumbo, sua maior cadeia de supermercados, quanto à mania de grandeza do empresário. 'Ele sempre quis construir o maior supermercado, o maior centro comercial e agora está levantando a torre mais alta da América do Sul', diz Cerda, referindo-se ao Costanera Center, em Santiago, de 70 andares.

Para Don Horst não há Natal, feriado ou vida pessoal, garantem os biógrafos. 'HP quer que seus executivos estejam onde ele está, na hora em que ele quer', conta Cerda. A julgar pelo histórico dos executivos próximos do empresário, lidar com Paulmann não parece tarefa fácil. Laurence Golborne, ex-vice-presidente do Cencosud, por exemplo, foi braço direito de HP por oito anos. Deixou a empresa, sem maiores explicações, em 2008.

Seu substituto foi Manfred Paulmann, filho de Don Horst, que também acabou deixando a empresa em dezembro do ano passado. A gota d'água teria sido a negociação para compra da mineira Bretas, em 2010. 'Na hora de fechar a aquisição, conta-se que Manfred, que conduzira todo processo, foi afastado pelo pai e substituído por outro executivo', diz Paulina.

HP tem ainda hábitos excêntricos. Por dois anos morou sozinho, sem a família, em um andar inteiro do hotel Hyatt de Santiago. 'Ele dizia que tinha de ficar entre o Chile e a Argentina e que por isso era melhor viver em um hotel', diz um ex-executivo. Quando finalmente decidiu ter uma casa, ergueu uma mansão em Santiago. Na entrada, uma estátua de elefante - em tamanho natural- jorrando água pela tromba.

Paulmann, fundador da maior rede de varejo do Chile, avança no Brasil e sonha em desbancar o Pão de Açúcar no País presidente do Cencosud

HORST PAULMA Fundador e presidente do conselho do Cencosud Alemão naturalizado chileno, Paulmann tem 76 anos e é o segundo homem mais rico do Chile, segundo a Forbes. Construiu seu império a partir do restaurante da família. Por LÍLIAN CUNHA, Fonte:estadao21/11/2011



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