Marcas e Empresas
Mercado ativo de IPO de empresas de biotecnologia cria novos alvos para aquisições
Depois de terem sido eclipsadas no ano passado pelo boom de grandes fusões farmacêuticas, as transações no setor de biotecnologia estão dando o pontapé inicial a 2015.
A primeira grande transação no setor de remédios neste ano foi o acordo fechado pela Shire Plc no domingo para comprar a desenvolvedora de tratamentos para doenças raras NPS Pharmaceuticals Inc. por US$ 5,2 bilhões. A Biogen Idec Inc. também fechou um negócio de até US$ 675 milhões por uma empresa com um analgésico experimental. Mais aquisições de empresas jovens com remédios novos e prometedores poderiam se materializar posteriormente, já que os laboratórios estão buscando formas de alimentar o crescimento.
O recorde de aberturas de capital de empresas de biotecnologia no ano passado está fornecendo aos adquirentes um conjunto ainda maior de candidatos para escolher, com terapias inovadoras em áreas lucrativas de tratamento, como doenças hepáticas e câncer. O grupo se soma a uma lista de alvos potenciais que já estavam no radar dos analistas, como Achillion Pharmaceuticals Inc. e Tetraphase Pharmaceuticals Inc.
"A fábrica de aberturas continua produzindo novas empresas, e depois, com certeza haverá no futuro alguma outra empresa tentando" comprá-las, disse Asthika Goonewardene, analista para a Bloomberg Intelligence em Nova York, em entrevista por telefone.
Os líderes do setor estão abandonando empresas com margens menores que não fabricam remédios, tais como companhias de produtos de saúde para consumidores e de diagnóstico. Eles desejam "ser mais inovadores e ter uma receita maior com medicamentos", disse ele. "Há também empresas que ainda estão tentando reforçar sua carteira de produtos em preparação".
Agitação no setor farmacêutico
O somatório de mais de US$ 220 bilhões em aquisições de laboratórios anunciadas em 2014 quebrou um recorde do setor, segundo dados compilados pela Bloomberg. Embora a perseguição da AstraZeneca Plc pela Pfizer Inc., a transação cancelada entre a AbbVie Inc. e a Shire e a disputa pela Allergan Inc. monopolizassem as manchetes, grandes transações no setor de biotecnologia voltaram a ganhar importância discretamente durante o segundo semestre do ano.
Em junho, a Merck Co. anunciou a aquisição da Idenix Pharmaceuticals Inc., fabricante de tratamentos para a hepatite C, por US$ 3,6 bilhões. Dois meses depois, a Roche Holdings AG decidiu comprar a InterMune Inc. por US$ 8,3 bilhões para obter um dos primeiros remédios dos EUA contra uma doença pulmonar mortal. A Merck atacou novamente em dezembro com um acordo de US$ 9,5 bilhões pela compra da Cubist Pharmaceuticals Inc. a fim de adicionar novos antibióticos que ajudam a combater a crescente ameaça de bactérias resistentes aos remédios.
Os compradores estão disputando entre si produtos que constituem avanços tecnológicos, como a imunoterapia, uma nova forma de tratamento para o câncer que reforça o sistema imunológico do corpo para combater a doença. A Juno Therapeutics Inc. é um desses desenvolvedores. A empresa abriu o capital no ano passado e atualmente tem um valor de mercado de US$ 5,1 bilhões.
Doenças raras
Também está crescendo o interesse por doenças raras que afetam poucas pessoas e têm uma necessidade médica insatisfeita. Com frequência, os laboratórios podem cobrar preços altos por esses tratamentos com pouca ou nenhuma concorrência.
A Sage Therapeutics Inc., que também foi listada no ano passado, está fabricando remédios para transtornos raros e mortais do sistema nervoso central. A companhia foi avaliada em US$ 1,1 bilhão ontem depois que o valor de suas ações mais do que dobrou desde a abertura.
O rápido aumento das cotações poderia constituir uma barreira para alguns compradores. E como as taxas de juros continuam muito baixas, potenciais vendedores poderiam achar mais fácil arrecadar dinheiro e manter a independência, disse Christopher Raymond, analista da Robert W. Baird Co. em Chicago.
"Um fator determinante nas fusões e aquisições é a relação bid-ask", disse Raymond. "A taxa de oferta sempre é maior do que o a de procura, mas a taxa de oferta é especialmente alta" quando há financiamento disponível de forma imediata.
Mesmo assim, a atividade de transações "continua estando bastante saudável", disse ele. Título em inglês: 'Biotech's Hot IPO Market Creates Next Takeover Targets: Real M&A Tara Lachapelle (Bloomberg) Leia mais em Bol.Uol 14/01/2015
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