Marcas e Empresas
Midea amplia mix e planeja aquisições em linha branca
Vanti, da Midea: produção de condicionadores de ar deve ser nacionalizada
A chinesa Midea já mostrou força no mercado brasileiro com sua linha de ar-condicionados. Em 2010, foram R$ 350 milhões em vendas - desempenho que levou a indústria nacional a reagir e cobrar do governo uma sobretaxa sobre os produtos importados. Agora, a gigante global, que faturou US$ 17 bilhões em 2010, amplia seu mix, como parte da estratégia para reforçar sua presença no país e a imagem de fabricante de eletrodomésticos. No médio prazo, planeja aquisições de fabricantes locais, para entrar também nos segmentos de geladeiras e máquinas de lavar roupa.
Segundo Luciano Vanti, diretor comercial da Midea do Brasil, até o fim do ano a empresa vai oferecer ao mercado uma linha de frigobares e outra de adegas climatizadas. "Para crescer como marca no Brasil, a Midea precisa de um mix mais consistente de produtos", diz o executivo. Outra iniciativa é o aumento do investimento em marketing. Segundo o gerente do setor, Benjamin Peña Isla, os valores desembolsados com ações na área passaram de 1,5% para 5% do faturamento.
Além de linha de ar-condicionados, umidificadores e aquecedores de ar, a empresa passou a vender também micro-ondas no país, no fim de 2010.
A ampliação do mix, por enquanto, será feita com a importação de produtos acabados, mas a estratégia tende a mudar. A empresa espera obter, em no máximo 60 dias, um sinal verde a respeito da aquisição de 51% da operação da Carrier na América Latina, uma transação de US$ 223 milhões. Segundo Vanti, se a operação for aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Midea e a Carrier passarão a deter 30% do mercado de aparelhos de ar-condicionado no Brasil.
A Carrier tem uma fábrica em Canoas (RS) e outra em Manaus (AM). Segundo o diretor comercial da Midea do Brasil, a estratégia será nacionalizar a produção dos condicionadores de ar do tipo split e de outros modelos mais voltados para uso doméstico. Vanti diz que a Midea pretende se antecipar ao aumento do imposto de importação, que poderá gerar um incremento de 14% no preço final dos aparelhos de ar-condicionado importados. "A produção nacional virou questão vital para se manter no mercado. Os volumes planejados pela Midea/Carrier para o próximo ano no segmento de condicionadores certamente ultrapassarão a barreira de 1 milhão de unidades", disse.
Já a entrada no mercado de refrigeradores e máquinas de lavar-roupa exigirá, segundo Vanti, uma estrutura produtiva mais robusta. Segundo o diretor, os custos com frete inviabilizam a importação desse tipo de produto acabado. Por isso, a empresa planeja, no médio prazo, partir para a aquisição de fábricas menores que já atuem no país.
Os planos mais ousados no Brasil levaram a matriz chinesa a adquirir, no início do mês, o controle da Midea do Brasil, até então nas mãos do First Group, do empresário Natanael de Souza. A trading importadora detinha 60% do capital da Midea do Brasil desde 2006, quando foi criada.
Com isso, o chinês Fu Jian, que já estava na operação brasileira como vice-presidente, assumiu a presidência da empresa, no lugar de Souza. Além dele, outros quatro chineses trabalham desde 2006 na companhia. Pouca coisa mudou no dia-a-dia da operação, que ainda mantém a sede em um prédio do First Group em Palhoça, na Grande Florianópolis.
Segundo Souza, a Midea do Brasil permanece como cliente do First Group até março de 2012. Até lá, a trading vai realizar as operações de importação, armazenagem e distribuição para a chinesa.
Motivada pelo programa de incentivos à importação em Santa Catarina, a Midea deve manter as operação de desembaraço das mercadorias no Estado. Segundo Vanti, a sede poderá mudar com o início da produção nas unidades adquiridas da Carrier.
Fonte:valoreconomico25/08/2011
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