Negócio desfeito
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Negócio desfeito


O que está por trás do fracasso das negociações para a compra do Banco Modal pela Plural Capital - e quais serão os próximos movimentos.

Três meses de conversas entre a gestora de recursos paulista Plural Capital, criada pelos ex-sócios do Banco BTG Pactual André Schwartz e Rodolfo Riechert, e o banco carioca Modal foram encerrados abruptamente na sexta-feira 4, na sede do banco no Rio de Janeiro.

Em uma reunião tensa durante a manhã, os sócios da Plural e os controladores do Modal, Diniz Ferreira Batista, José Antônio Mourão e Ramiro Lopes de Oliveira, decidiram romper o acordo de compra do Modal pela Plural por R$ 300 milhões, anunciado em agosto.

A desistência do negócio, noticiada em primeira mão pelo portal da DINHEIRO, foi confirmada por Batista. “Tínhamos um acordo e a negociação foi encerrada, mas continuamos amigos”, afirmou. No entanto, o clima não é assim tão bom entre os dois grupos, ambos formados por executivos oriundos dos maiores bancos de investimento do País.

As razões apontadas para o fracasso das negociações são divergentes. No centro dos desentendimentos está uma multa aplicada em 2004 pela Receita Federal ao Modal. São cerca de R$ 300 milhões, em valores atuais.

Desde o início das negociações, a Plural exigia que esse problema fosse resolvido. Sem isso, não haveria negócio, pois o valor cobrado pela Receita supera o patrimônio do Modal, de R$ 230 milhões.

A multa originou-se do relacionamento do banco com o argentino Cesar de la Cruz Mendoza Arrieta, condenado por um golpe contra a Previdência e envolvido em venda de precatórios falsos para pagamento de dívidas com o INSS e o Fisco. Uma empresa controlada por ele, a Vale Couros Trading, investiu em certificados de depósito bancário no Modal, e o banco não recolheu o Imposto de Renda de 20% devido sobre os rendimentos, o que originou a autuação da Receita. Em 26 de outubro, o Modal ganhou um recurso junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), com o argumento de que estava apenas executando ordens do cliente. “Já tivemos ganho de causa na Receita, não devemos mais nada”, afirma Diniz.

O Carf é a última instância administrativa contra autuações da Receita e a chance de recurso contra sua decisão é pequena. Mesmo assim, aparentemente, os sócios da Plural não se sentiram seguros de que a contingência fiscal estivesse definitivamente sanada. “O valor da multa era alto demais e eles resolveram ficar livres para procurar oportunidades”, disse à DINHEIRO uma fonte próxima aos compradores.

O Modal também questiona na Justiça uma segunda multa, de R$ 15 milhões, aplicada pelo Banco Central, num processo do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), também por operações feitas por Arrieta no banco. O argentino teria movimentado R$ 1,5 bilhão na instituição carioca, que foi autuada por ter infringido a legislação de lavagem de dinheiro ao não informar às autoridades sobre as operações. Essa não é, porém, a única versão sobre as razões para o fracasso do negócio. Segundo outra análise, além da insegurança em relação às multas, comprador e vendedor não chegaram a um acordo quanto às datas em que a Plural pagaria os R$ 300 milhões aos controladores do Modal.

Ferreira Batista e os sócios, considerando que a questão com a Receita está superada, queriam que a Plural começasse a pagar imediatamente, assim que fosse assinado o contrato definitivo de compra e venda.

A Plural preferia assinar o acordo e assumir a instituição, fazendo o pagamento apenas quando houvesse a aprovação do negócio pelo Banco Central – o que costuma levar pelo menos seis meses. Isso daria tempo para saber se haverá ou não contestação da vitória do Modal na Receita.

O fato é que, agora, Plural Capital e Modal procuram alternativas ao negócio fracassado. Riechert e Schwartz não desistiram de abrir um banco para atuar na área de investimentos, assim que acabar o período do acordo de não competição que assinaram ao deixar o BTG Pactual. Os dois têm pressa e já estariam olhando outras instituições. Dentro do Modal, os sócios, que se conheceram no mítico banco Garantia, na década de 1990, afirmam que, agora, vão retomar um plano de crescimento que existia antes da negociação. O banco inaugurou uma agência nas Ilhas Cayman e deve abrir uma corretora de valores em breve.Por Tatiana Bautzer
Fonte:istoedinheiro11/11/2011



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