Os planos ambiciosos de Raízen e Sapore
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Os planos ambiciosos de Raízen e Sapore


Foi um encontro de interesses antigos. Há tempos a Sapore, uma das três maiores fornecedoras de refeições coletivas no país, queria entrar no varejo. A Raízen, joint venture da Cosan e da Shell na área de combustíveis, buscava um parceiro no setor de alimentação para aumentar a oferta de serviços nos postos às margens das rodovias. Após negociarem por quatro meses, as duas companhias anunciaram ontem uma parceria para abrir 100 restaurantes nas estradas brasileiras em cinco anos. O projeto deve consumir investimentos de cerca de R$ 250 milhões.

Os recursos serão divididos entre os sócios na proporção da joint venture, na qual a Raízen tem 60% e a Sapore 40%. "Melhor do que buscar soluções sozinho é se juntar a quem conhece [o mercado de alimentação] para oferecer uma proposta mais robusta", diz Leonardo Linden, vice-presidente de planejamento estratégico da Raízen. "A logística é crítica nesse segmento e temos estrutura para atender todo o país", afirma Daniel Mendez, presidente e controlador da Sapore. A empresa opera 1,1 mil restaurantes corporativos e conta com cinco centros de distribuição no Brasil.

Segundo o plano desenhado pelas companhias, um restaurante iniciado do zero, com 300 m2 a 500 m2, requer investimentos de cerca de R$ 4 milhões. Mas nem todos os 100 previstos vão demandar tanto, porque podem ser aproveitadas estruturas existentes nos postos. Além de servir lanches e refeições, cada um terá uma área de venda de produtos de conveniência.

No ano passado, a Raízen chegou a negociar uma parceria com o grupo IMC, dono da rede de restaurantes de rodovias Frango Assado, que não foi para frente. Agora, será sua concorrente. E com uma meta de expansão ambiciosa. Para se ter uma ideia, a Frango Assado tem cerca de 30 unidades no país. Além disso, a economia está andando devagar. Mesmo assim, os novos sócios estão confiantes. "São nos momentos desafiadores que se faz os investimentos que farão diferença lá na frente", diz Linden.

Para a Sapore, o acordo tem valor estratégico. "Estamos criando alternativas para crescer e usar o que já conhecemos em outros mercados", afirma Mendez. Paralelamente, o empresário está estruturando também uma distribuidora de alimentos (processados, semiprontos e prontos), para atender hotéis, restaurantes, padarias e até supermercados.

A diversificação vinha sendo planejada há anos. Em 2011, por exemplo, ele tentou trazer a rede de fast-food americana Wendy's ao Brasil, mas as tratativas não avançaram. Enquanto a margem de lucro no setor de refeições corporativas fica entre 5% e 6%, no varejo pode ir de 10% a 15%, afirma Mendez. E, se de um lado garante uma receita recorrente, a operação dos restaurantes internos de empresas é mais engessada. Todas as decisões relacionadas ao cardápio têm de ser aprovadas pelo cliente e os contratos são anuais, exigindo negociações muitas vezes duras para repassar aumentos de custos.

Em 2013, a alta de gastos provocada pela inflação dos alimentos foi apontada no balanço da Sapore como uma das principais responsáveis pela queda de 55% no lucro líquido em relação ao ano anterior, para R$ 17,6 milhões. A receita líquida cresceu 12,6%, para R$ 1,2 bilhão. Neste ano, Mendez prevê uma expansão ao redor de 15%. A partir de 2015, a ideia é voltar ao patamar de crescimento de 20%, já alcançado no passado, com a consolidação das novas iniciativas.

Com 5 mil postos no país (95% franquias e 5% próprios), a Raízen Combustíveis teve receita de R$ 48,5 bilhões em 2013. A unidade também fornece combustíveis para indústrias e para abastecer aeronaves. A rede Shell tem ainda 850 lojas de conveniência Select (Valor, 30/4/14) Leia mais em brasilagro 30/04/2014



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