Para crescer em grãos, Bayer vai às compras
Marcas e Empresas

Para crescer em grãos, Bayer vai às compras


Impulsionada pela expansão do agronegócio, sobretudo grãos, e pela maior demanda por medicamentos no Brasil, a multinacional Bayer deverá investir neste ano R$ 200 milhões para continuar crescendo nesses dois segmentos. A companhia alemã está avaliando ativos para ampliar sua atuação em sementes de soja, disse Theo Van der Loo, presidente do grupo no Brasil. A ideia é concorrer de igual para igual com gigantes, como Monsanto e Pioneer (DuPont) no mercado brasileiro.

Nos últimos quatro anos, a Bayer tem feito aquisições no Brasil e na Argentina para avançar em sementes. Em 2010, comprou a empresa CVR, de Rio Verde (GO), e no ano seguinte a Soytech, também de Goiás, ambas com amplo banco de dados na área de sementes de soja. Em março do ano passado, adquiriu o banco de germoplasma da Agropastoril Melhoramento, de Cascavel (PR), e a empresa de soja e melhoramento genético Wehrtec, de Goiás. Em dezembro, a múlti anunciou a compra da FN Semillas, da Argentina, empresa especializada no desenvolvimento e produção de sementes melhoradas de soja.

Segundo Van der Loo, a empresa está olhando ativos no Brasil para avançar neste segmento, uma vez que o País é um dos maiores produtores e exportadores de grão. "Estamos apreensivos com a seca deste ano no Brasil, que não está ajudando muito a agricultura, mas não achamos que o setor será fortemente afetado", disse o executivo. A companhia, que já estava entre as cinco maiores no País em defensivos agrícolas, também quer disputar com mais agressividade o mercado de sementes no Brasil.

Em agroquímicos, o mercado brasileiro é dominado pelas multinacionais, afirmou André Pessôa, presidente da Agroconsult, uma das maiores consultorias em agronegócios do País. "Syngenta, Bayer, Basf, FMC e DuPont são as maiores desse mercado. Em sementes, a Monsanto é uma companhia muito forte, assim como DuPont, Syngenta, Dow e Bayer", disse.

Segundo Pessôa, ainda há empresas nacionais multiplicadoras de sementes, com forte atuação regional, que podem ser adquiridas por multinacionais.

Resultado

No ano passado, a Bayer Brasil registrou faturamento de R$ 7,04 bilhões. A divisão Cropscience (de ciências agrícolas) abocanha a maior parte da receita do grupo: 62,5% do total. No ano passado, essa divisão alcançou R$ 4,4 bilhões, um aumento de 41% sobre 2012. O Brasil é o segundo maior mercado para a Bayer na divisão Cropscience, atrás dos Estados Unidos. Os dois países têm forte vocação agrícola e são os maiores produtores globais de soja.

Medicamentos. A maior demanda por medicamentos também tem ajudado as vendas da companhia no Brasil. Líder no País em contraceptivos (anticoncepcionais), a companhia, dona da Aspirina, produziu no ano passado cerca de dois bilhões de pílulas, o equivalente a 86 milhões de cartelas do medicamento.

Além de abastecer o mercado brasileiro, a Bayer exportou seus produtos para 42 países da América Latina e Ásia. A fábrica da Bayer do País foi responsável por cerca de 10% das exportações de toda a indústria farmacêutica instalada no território brasileiro. A receita da Bayer nesse segmento atingiu R$ 1,65 bilhão em 2013.

Segundo Van der Loo, a Bayer é líder no segmento de saúde feminina e sua fábrica, localizada em São Paulo, é a segunda maior unidade produtiva de hormônios sólidos (pílulas e comprimidos) do grupo no mundo.

"As mulheres brasileiras não gostam de tomar anticoncepcionais genéricos", afirmou o executivo. Segundo ele, a companhia não tem intenção de produzir genéricos, mas não descarta produzir algum medicamento similar. "Nossas apostas são em produtos de inovação, que fazem parte do DNA do grupo."

Para este ano, a Bayer espera a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para lançar os medicamentos Xofigo (para câncer de próstata com metástase óssea) e Adempas (para tratamento de hipertensão pulmonar), além de Jaydess, um contraceptivo de longo prazo.

No segmento de medicamentos isentos de prescrição, a companhia mantém as apostas em produtos carros-chefes, como Bepantol, Redoxon e Flanax. O lançamento do Redoxitos, vitamina C em forma de goma, foi bem recebido pelo mercado.

A divisão química do grupo, Material Science, representa o maior desafio da companhia no País. Como o setor químico está pouco competitivo, Van der Loo afirma que a empresa tem trabalhado para otimizar seus custos na fábrica de Belford Roxo (RJ). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Por Mônica Scaramuzzo | Estadão



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