Pfizer deve assumir 100% da Teuto
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Pfizer deve assumir 100% da Teuto


Ao concluir a compra de 40% do laboratório goiano Teuto, especializado em genéricos no fim de 2010, a americana Pfizer não tinha ideia da dimensão que esse negócio tomaria para a multinacional. "O modelo de associação com o Teuto é considerado um caso de sucesso para o grupo", disse ao Valor Victor Mezei, presidente da companhia no Brasil.

 Dois anos e meio depois dessa bem-sucedida parceria, a farmacêutica Pfizer se prepara para começar a exportar medicamentos com a marca Teuto para os países latino-americanos. Mas os planos da multinacional para a o laboratório nacional são ainda mais ambiciosos. O Valor apurou que o grupo americano poderá exercer o direito de compra pelos 60% restantes da companhia e, por essa fatia, deverá desembolsar entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,7 bilhão nessa operação.

 No acordo amarrado entre as duas empresas no fim de 2010 já estava previsto que a Pfizer poderia exercer esse o direito de opção entre o fim deste ano e início de 2014 - o múltiplo a ser pago foi fechado em 14,5 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Teuto. O Ebtida da companhia nacional para 2013 está estimado entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões, apurou o Valor. No Brasil, os recentes negócios envolvendo aquisições de laboratórios não são fechados por menos de 20 vezes o Ebtida.

 Mezei não nega que a integração entre as duas companhias é grande, mas prefere não comentar sobre o exercício de opção de compra da multinacional.

 Em relação aos planos de exportação dos medicamentos da Pfizer com a marca Teuto para a América Latina, o executivo disse que as negociações estão avançadas. "Estamos na fase de montar os dossiês", afirmou. Venezuela e Argentina estão mais adiantadas nesse processo. Esses países já fizeram uma análise do portfólio do Teuto e estão fechando a lista de dossiês que têm interesse de submeter em seus países para lançamento local.

 A Pfizer já tinha uma pequena operação em genéricos nos Estados Unidos, mas a compra da Teuto marcou definitivamente a entrada do grupo americano nesse segmento. Com o caso bem-sucedido da Teuto no Brasil, a múlti montou uma estratégia própria em cada mercado onde planeja expandir nesse segmento. "É bem diferente de fazer uma grande aquisição global", disse.

 Além dos planos bem traçados para os produtos genéricos e similares, a companhia tem uma estratégia agressiva de lançamento de medicamentos inovadores no país. "Trabalhamos para comercializar no mercado brasileiro novos produtos que vão contribuir para a prevenção e controle de doenças importantes, como artrite reumatoide, câncer renal, AVC e doenças pneumocócicas", disse.

 Entre os medicamentos que serão lançados no país este ano estão a vacina Prevenar 13 para adultos (voltados para pacientes com mais de 50 anos); o Inlyta (axitinibe), que recebeu recentemente aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regulamenta a venda de medicamentos e alimentos, para segunda linha de tratamento de carcinoma de células renais avançado e complementará a linha de medicamentos em câncer de rim; o Xeljanz (tofacitinbe), em fase avançada de pesquisa clínica e ação intracelular no combate à artrite reumatoide; além do Eliquis (apixabana), em fase de aprovação da segunda indicação para prevenção de AVC em pacientes com fibrilação atrial. 

Além de medicamentos inovadores, a companhia tem forte posição nos chamados medicamentos maduros ou já estabelecidos. Nesse segmento, a empresa também busca parcerias e iniciativas para ampliar seu portfólio de produtos no país.

 No ano passado, o faturamento da Pfizer no Brasil foi de R$ 4,6 bilhões, o que inclui os resultados das áreas farmacêutica, que ficou em R$ 3,7 bilhões, além das divisões de consumo e saúde animal. "Somente a divisão farmacêutica teve um crescimento de 14% em comparação ao resultado de 2011", disse. No ano passado, os medicamentos campeões de venda no país foram o Enbrel, Zyvox, Sutent, Lipitor, Vfend, Geodon. Esse ranking demonstra que a companhia tem um portfólio forte na área de especialidades e primary care/estabelecidos.

 Esse bom resultado reflete os planos traçados pela companhia no Brasil, segundo Mezei, lembrando que a companhia sofreu o baque da perda de exclusividade de dois produtos importantes, como o Lipitor (para colesterol elevado) e do Viagra (disfunção erétil), que tiveram suas patentes expiradas.

 Ao decidir entrar definitivamente no mercado de genéricos, a companhia não só começou a produzir as cópias de seus importantes medicamentos como também passou a fabricar remédios de concorrentes que perderam a patente. "A Pfizer, por força maior, se reinventou", afirmou Mezei, lembrando que somente com o Lipitor as vendas globais do grupo chegaram a US$ 14 bilhões por ano antes da perda da patente.

 Sem a força de um "blockbuster" (campeão de vendas), a estratégia global da companhia é focar seu pipeline em medicamentos voltados para importantes áreas terapêuticas, o que inclui tratamentos complexos. Em seu pipeline, o grupo tem 78 produtos em pesquisa e desenvolvimento. Com atuação em nove áreas terapêuticas, a companhia mantém fortes apostas nos segmentos biológicos e cardiometabólicos.

 O Brasil tem uma importante participação em grande parte dos estudos clínicos desses novos medicamentos em desenvolvimento pelo grupo. No país são pesquisadas atualmente 26 moléculas em 46 projetos de desenvolvimento - o que representa envolvimento em 59% dos estudos globais, envolvendo cerca de 2 mil pacientes.

 Com acordo de transferência de tecnologia já firmado com o governo federal para a doença de Gaucher, a companhia também firmou no ano passado acordo de cooperação científica e tecnológica com o governo do Rio de Janeiro para desenvolvimento de pesquisas no Brasil. Essa parceria envolve o Instituto Vital Brazil (IVB), com a finalidade de colaborar no processo de implantação do Centro de Inovação Tecnológica em Saúde (Sautec) da Secretaria de Saúde do Estado de Saúde, com ações no campo das neurociências, do mapeamento cerebral, de pesquisas neuromusculares e neurociências aplicadas ao esforço e à fisiologia do exercício. Por Mônica Scaramuzzo Valor Econômico
Fonte: clippingmp 30/04/2013



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