Marcas e Empresas
Preços menores do petróleo abrem janela a predadores asiáticos de fusões e aquisições
O maior colapso dos preços de energia desde a recessão mundial de 2008 está dando às petroleiras estatais da Ásia com dinheiro em caixa uma janela de um ano para abocanhar ativos internacionais.
As exploradoras com dívidas em seus balancetes serão alvos prováveis, e a Oil and Natural Gas Corp. (ONGC), maior exploradora da Índia, entrou na caçada.
A ONGC estima que os preços do petróleo permanecerão nos níveis atuais nos próximos 10 meses, o que dá à empresa a melhor oportunidade para a compra de ativos na África, na América Latina e na América do Norte, segundo Narendra Kumar Verma, diretor administrativo da unidade da empresa no exterior.
A companhia, que investiu US$ 6 bilhões para comprar ativos nos últimos 18 meses, terá que concorrer com produtoras nacionais da China, da Malásia e da Tailândia, disse ele.
Em 1998, quando o petróleo caiu para cerca de US$ 10 por barril depois da crise financeira asiática, o valor das fusões e aquisições se multiplicou mais de sete vezes para um total combinado de US$ 376 bilhões naquele ano e no seguinte, conforme dados compilados pela Bloomberg.
"Empresas endividadas de petróleo e gás que não estejam bem protegidas poderão cada vez mais se tornarem alvos de aquisições em 2015", disse Christopher Sheehan, diretor de pesquisa sobre fusões e aquisições no setor de energia da IHS Inc., em um relatório de 5 de janeiro. "O volume dos ativos internacionais à venda pode aumentar se os preços do petróleo continuarem fracos durante o primeiro semestre".
O novo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da China, Xi Jinping, cujos países têm um enorme apetite por energia, podem estar esperando que a queda do petróleo continue e transfira o poder no mercado para os compradores de petróleo quando os vendedores tentarem manter a participação de mercado com descontos.
Petróleo em queda livre
"Os preços atuais do petróleo e do gás nos concedem uma nova oportunidade de dar um salto em nossa trajetória de crescimento", disse Verma, da ONGC, em entrevista em seu escritório, em Nova Délhi. "A janela máxima para que qualquer empresa capitalize isso é de um ano".
Os alvos potenciais são pequenas e médias empresas com ativos na África, na América Latina e na América do Norte registradas nas bolsas de valores de Londres, de Nova York e do Canadá, disse ele, preferindo não citar os nomes delas.
A queda livre do petróleo poderia empurrar o valor de mercado de algumas empresas petroleiras a um nível tão baixo que a ONGC, com US$ 4 bilhões em caixa, e a PetroChina Co., maior produtora de energia do país, com US$ 12 bilhões, buscam se transformar em predadoras.
PetroChina e concorrentes
"Os preços mais baratos do petróleo oferecem mais oportunidades para que a PetroChina e outras petroleiras chinesas realizem aquisições", disse Shi Yan, analista da UOB-Kay Hian Ltd. em Xangai. "Elas estão propensas a vasculhar a Rússia e os destinos tradicionais, como a América do Sul, o Iraque e a África".
Três telefonemas para o celular de Mao Zefeng, porta-voz da PetroChina em Pequim, não foram atendidos.
A ONGC quer estar presente ao longo da costa oeste da África, em Gana e Angola, nas águas profundas brasileiras e na América do Norte, disse Verma. A empresa está buscando também campos que estão sendo abandonados pelas exploradoras americanas para consolidar seus portfólios locais, disse ele.
O petróleo Brent, referência internacional, caiu quase pela metade no ano passado. Em 7 de janeiro, os preços estavam sendo negociados abaixo dos US$ 50 por barril pela primeira vez desde maio de 2009 devido à continuidade de uma oferta excedente, com os EUA bombeando petróleo no ritmo mais rápido em mais de três décadas e a Opep mantendo as cotas de produção.
Preços ideais
O Brent a US$ 90 por barril é o ideal tanto para produtoras quanto para compradores, disse Verma. Ele não espera que esse valor seja alcançado neste ano. Os preços chegarão perto de US$ 90 em 2017, segundo a média de estimativas de 18 analistas compiladas pela Bloomberg.
A empresa com sede em Nova Délhi planeja investir 11 trilhões de rúpias (US$ 174 bilhões) até 2030 para adicionar reservas na Índia e no exterior e reverter a queda da produção de campos antigos em seu mercado doméstico. Mais de metade da meta de curto prazo virá de campos que a empresa pretende adquirir, disse Verma.
O dinheiro que a ONGC investiu em aquisições recentes "pode ser apenas o começo", disse Verma. "Se temos que atingir nosso objetivo, precisamos ser agressivos. Há uma série de projetos que estamos perseguindo simultaneamente. Tenho certeza de que teremos sucesso". Título em inglês: Oil Slump Giving Asian M&A Predators One-Year Window for Deals | Bloomberg Debjit Chakraborty e Rakteem Katakey | Leia mais em Uol 09/01/2015
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