Marcas e Empresas
Revistas nos meios digitais carecem de modelo de negócios rentável
As editoras de revistas brasileiras investiram nos últimos cinco anos R$ 15,1 bilhões na difersificação de produtos para aumentar a audiência. Mas ainda não encontraram o caminho para transformar os novos produtos digitais em fontes de receitas tão rentáveis quanto os títulos impressos, de acordo com empresas que participam do V Fórum Aner de Revistas, realizado hoje em São Paulo.
"O modelo de negócios para revistas na internet ainda não está definido. É preciso que seja desenvolvido um modelo bem sucedido financeiramente de integação de plataformas impressas e digitais", afirmou Silvio Genesini, diretor-presidente do Grupo Estado e presidente da comissão de estratégias digitais da Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Ele observou que, até 2009, analistas consideravam como tendência irreversível a publicação de conteúdo gratuito na internet. Mas, com o lançamento dos tablets - modelo em que o internauta paga um valor para baixar um aplicativo e ter acesso a informações - mudou esse conceito. "As grandes editoras consideraram a salvação a vinda dos tablets, mas agora questionam o pagamento de 30% do valor arrecadado para a Apple a a dependência que se cria com as empresas de tecnologia", afirmou Genesini.
Ele citou o caso do "Financial Times", que recentemente decidiu remover os aplicativos para iPad, da Apple, após perder uma disputa para manter o controle de dados dos clientes obtidos por meio de assinaturas. "Outras editoras estão também buscando alternativas para fugir ao controle da Apple", disse Genesini.
Embora existam discussões em relação às exigências da companhia americana de tablets, há um consenso entre as editoras de que esses dispositivos móveis representam a melhor plataforma para produção de conteúdo jornalístico e gráfico fora do meio impresso. "As editoras ainda não dominaram totalmente a linguagem dos tablets, mas, sem dúvida, é um meio que vai ajudar muito as editoras a elevar a audiência com novos produtos", afirmou Luiz Lara, presidente da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap).
Youssef Mourad, executivo-chefe da Digital Pages, observou que existem dois modelos de negócios adotados por editoras no mercado americano que podem ser adotados no Brasil. Um deles é a publicação de conteúdos diversificados, com venda de publicidade específica para cada plataforma - seja revista, smartphone, site ou aplicativo para tablet. Outra opção é a oferta de um pacote publicitário, em que a empresa terá anúncios publicados em todas as plataformas. "O caminho náo será o mesmo para todas as editoras", diz Mourad.
Ele citou o caso do jornal "New York Times", que oferece modelos de publicidade diferentes para o site e para a versão do jornal em tablets, que funciona como um aplicativo próprio, no formato de shopping virtual. "No Brasil esse tipo de peça ainda não existe, nem é possível definir um preço ainda", observou.
Outro modelo citado é o aplicativo para tablets da revista "The Economist". Para ter acesso, o usuário precisa antes fazer um cadastro, que inclui a sua localização. Ao ter acesso ao conteúdo, o usuário recebe publicidade regional. "A venda de publicidade regional é um modelo que também pode ser adotado pelas revistas no Brasil", disse Mourad.
Daniela Falcão, diretora de redação da revista "Vogue", ponderou que as editoras vèm se dedicando muito à produção de conteúdos regionais, mas a venda de publicidade nem sempre acompanha essa mesma tendência.
Fonte:Valor12/09/2011
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