Marcas e Empresas
Tangará tem novo sócio e planeja expansão
A Tangará Foods, empresa capixaba que faturou R$ 1,6 bilhão em 2011 fornecendo ingredientes para produção de alimentos, vendeu, há cerca de três semanas, 7,8% de seu capital para o fundo de investimento Neo Capital Mezanino. A meta, com o novo sócio, é profissionalizar a gestão, ampliar vendas e faturar R$ 4 bilhões em 2017.
Aquisições, fusões e aumento de portfólio fazem parte do plano de expansão. O aporte feito pelo Neo, de valor não informado, dá-lhe direito a debêntures conversíveis em ações. "Se houver um momento de liquidez, como uma abertura de capital, a Neo pode converter as debêntures em ações", diz José Aloizio Teixeira de Souza Jr, vice-presidente de relações institucionais e sócio-controlador do Grupo Tangará, com sede em Belo Horizonte e faturamento anual de R$ 3,5 bilhões.
O negócio fortalece a profissionalização da Tangará Foods e permite colocar em prática um plano para os próximos cinco anos. "Fizemos um planejamento estratégico para a área de ingredientes da empresa visando atender o 'food service'", diz Souza Jr. A meta é fazer da marca Tangará uma das gigantes do "food service" (setor que reúne restaurantes, hotéis, empresas que fornecem refeições corporativas etc) e entrar no varejo.
A ideia é produzir alimentos com a marca Tangará e colocar nas gôndolas dos supermercados - leite condensado é um exemplo citado pelo executivo. No começo da operação, a empresa vai se aproximar de pequenos estabelecimentos. "Isso vai variar de acordo com a distribuição de cada Estado".
A empresa prevê investir R$ 300 milhões até 2017, incluindo aquisições. Já foram mapeadas 20 empresas "que teriam sinergia" com os negócios, diz Souza Jr. "Pode ser que em uma [aquisição] se gaste esse valor, tudo depende. O foco é no B2B [mercado corporativo], mas pode ser algo no varejo. Acho que vamos criar uma divisão só para varejo."
O carro-chefe da Tangará são as soluções lácteas - produtos usados para substituir o leite em pó ou líquido na produção, por exemplo, de sorvete. Segundo Souza Jr., esse tipo de ingrediente pode reduzir em até 50% o gasto com leite para se fazer um sorvete. Entre os principais clientes da Tangará estão padarias, hotéis, bares, restaurantes e sorveterias. A empresa também vende muçarela, cacau em pó, achocolatado, glúten, fermento, recheios e farinhas especiais.
No portfólio todo a Tangará tem 90 produtos e a meta é dobrar isso em dois anos. Já foram lançados 15 produtos este ano e leite UHT e leite condensado devem chegar ao mercado nos próximos meses. O movimento de aquisições começou em 2011. Em março, a Tangará comprou a Laticínios Vale do Taquari (Lativale), de Estrela (RS), por R$ 55 milhões, para captar e processar leite. Esta unidade já faz leite em pó, compostos lácteos, creme de leite e vai produzir condensado em julho. Deve também fazer o UHT, ainda sem previsão.
Em maio, a Tangará comprou por R$ 25 milhões 51% da carioca Sanes Brasil, que vende vinhos, pescados, azeites, alho e azeitonas. "Eles já têm penetração no mercado [varejista] e isso vai nos ajudar."
A Tangará, que não tem nenhum centro de distribuição, planeja alugar 20 até 2017. Em agosto, deve ter os dois primeiros, um em Vila Velha (ES) e outro em São Paulo. A unidade paulista vai atender a capital, e a ideia é ter de três a quatro centros no Estado em cinco anos. Hoje, a Tangará atua por meio de 80 distribuidores, e o objetivo é assumir a entrega aos clientes a partir de 250 kg.
Em 2011, o crescimento da Tangará foi de 40% sobre 2010, ritmo que se mantém desde 2006 e vai desacelerar por causa do tamanho da base e da mudança de foco, diz Souza Jr. Em 2012 a expansão deve ser de 10%, para R$ 1,8 bilhão. "A empresa vai dar uma diminuída nas operações de café. Decidimos focar em ingredientes. Existia um crédito presumido de PIS/Cofins, mas o governo cortou neste ano, e isso acabou com a vantagem da operação", diz Souza Jr.
A divisão de ingredientes representa 60% do faturamento; 20% equivalem a negócios de café no atacado, que está sendo reduzida; e outros 20% correspondem a venda de arroz, açúcar, milho branco e macarrão, entre outros produtos. A Tangará negocia commodities em mais de 30 países.
As negociações entre o fundo Neo e a Tangará, de controle familiar, duraram mais de dois anos. Souza Jr. diz que esse foi o tempo necessário para acertar detalhes como cláusula de veto, saída do fundo e valor da empresa. "No nosso caso, a empresa é muito capitalizada, com liquidez e pouca dívida". Ele não informa o valor do endividamento, mas diz que "não é significativo para a operação".
O grupo Tangará, de controle familiar e com sede em Belo Horizonte, é sócia ou administra as seguintes empresas: Alicerce (do ramo da construção), Masb (incorporadora e construtora de imóveis), Mundi Investe (corretora de valores), Max Clean (produtos químicos), Mamoneira Agroindustrial (gado e mogno).
A Tangará Foods é o primeiro aporte da Neo Investimentos em uma empresa do ramo de alimentos, diz Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, sócio do fundo. "Acredito que o consumo vai ser vetor da economia brasileira nos próximos anos, e o segmento de alimentação fora do lar, foco da Tangará, principalmente", acrescenta.
Fundada em 2003, a Neo Investimentos é uma gestora de recursos que gere US$ 1 bilhão em diversas modalidades de fundos de investimentos, incluindo multimercados, private equity, imóveis e ações. Entre os investimentos da Neo estão a Livraria Cultura, a editora Gen, Aterpa (construção pesada) GPS (terceirização de serviços) e Gafor (logística). As informações são do jornal Valor Econômico, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
Fonte: milkpoint 28/06/2012
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