Vivendi pode ter até 20% também da TIM Brasil
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Vivendi pode ter até 20% também da TIM Brasil


A proposta que a Telecom Italia prepara pela GVT pode levar a francesa Vivendi a ficar com até 20% também da TIM no Brasil, além de fatia equivalente na matriz italiana.

No negócio, a GVT, controlada pela Vivendi desde 2009, foi avaliada em € 7 bilhões. Conforme o Valor antecipou na semana passada, trata-se de R$ 20 bilhões mais a dívida. Entra na conta apenas R$ 1,5 bilhão em débitos com o BNDES, já que os demais compromissos são com a própria Vivendi.
O valor é cerca de € 250 milhões acima da oferta não solicitada lançada pela Telefónica em 2 de agosto, de € 6,75 bilhões. Desse valor, R$ 11,9 bilhões seriam pagos em dinheiro, à vista, e a Vivendi ficaria ainda com 12% da Telefônica Vivo.

Na transação com os italianos, a GVT seria comprada e incorporada pela TIM Brasil. Em troca, como pagamento, a Vivendi receberia entre 15% e 20% do capital da matriz Telecom Italia e também da TIM, já acrescida da GVT. E, parte essencial do negócio, acordos comerciais para distribuição do conteúdo do grupo francês, que nos últimos anos vem se concentrando na indústria de entretenimento.

Essa é a parte que mais interessa, portanto, à Vivendi. Tanto que, conforme o Valor apurou, o desenho da proposta já estava praticamente pronto. Nas últimas semanas, o que mais se discutiu entre italianos e franceses foi o modelo para o que chamam de “parceria estratégica”, ou seja, os acordos comerciais.
Outra questão já acordada é que Amos Genish, criador e presidente da GVT, deve conduzir a empresa resultante da soma com a TIM.

A Telefónica apresentou sua oferta justamente ao descobrir o alinhamento entre Telecom Italia e Vivendi. O grupo francês tem procurado reforçar, por meio de interlocutores, que a GVT não estava à venda e que seu principal interesse é avançar na distribuição de seu conteúdo. O que quer, segundo as interpretações de mercado, é deixar claro aos espanhóis que não adianta vir com mais dinheiro. A empresa não está sofrendo com necessidade de capital, embora liquidez seja sempre interessante.

Conforme o Valor apurou, a Telefónica já entendeu o recado e estaria estudando como tornar sua proposta mais competitiva na parte comercial. Mais uma vez, o grupo espanhol tem muito a oferecer. São operações próprias em 11 países, num total de 315 milhões de acessos, em telefonia fixa, móvel e TV a cabo.

A expectativa dos envolvidos, contudo, é que tanto Telecom Italia como Telefónica só apresentem suas ofertas finais no dia 27 – de preferência, à noite.

O conselho de administração da Vivendi se reúne na sexta-feira da próxima semana, dia 28, para avaliar o futuro da GVT. A decisão do colegiado é soberana e não há necessidade de submeter o tema a uma assembleia de acionistas.

Guardar as propostas para o último minuto é estratégico para Telecom Italia e Telefónica. Colocar o negócio na mesa antes, além de dar oportunidade de reação ao rival, inflacionaria a transação para qualquer dos vencedores.

A GVT deve ser, portanto, pela segunda vez alvo de uma guerra de propostas. Em 2009, antes de a Vivendi surpreender a todos, pagando R$ 7,5 bilhões, houve uma disputa acirrada com a mesma Telefónica com a qual negocia agora.

O futuro da competição no Brasil nesse setor passa pela definição do rumo da TIM e da GVT. Juntas, elas podem sustentar a existência de um quarto competidor, além dos grandes grupos já integrados – Telefônica Vivo, Claro (América Móvil) e Oi.

Assim, o ativo da Vivendi é estratégico para a sobrevivência da TIM no Brasil como para defesa e expansão da Telefónica fora do mercado paulista. O valor que isso tem para cada um dos grupos será conhecido até o fim do mês. Valor – Graziella Valenti –  Leia mais em Telcomp 19/08/2014



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