Fundos são atraídos por bons preços
Marcas e Empresas

Fundos são atraídos por bons preços


Enquanto bilhões em recursos deixam os ativos brasileiros em busca de investimentos de menor risco, os fundos de private equity, que compram participações em empresas, tomam caminho inverso. Com as portas do mercado de capitais fechadas por conta da recente volatilidade de juros, câmbio e bolsa, os fundos de private equity se tornaram uma das poucas fontes disponíveis de capital de longo prazo para as companhias brasileiras.

 Passada a euforia que fez o preço dos ativos brasileiros disparar nos últimos anos, os gestores esperam agora encontrar boas oportunidades a preços mais convidativos. A estimativa é que ainda existam pelo menos US$ 10 bilhões comprometidos nos fundos para negócios no país.

 Nas últimas semanas, as firmas de private equity estiveram por trás de grandes negócios, como a compra do controle da empresa de loteamentos Alphaville pelas gestoras Pátria e Blackstone, por R$ 1,4 bilhão. A Gávea Investimentos, fundada pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, fechou três operações em um período de pouco mais de dois meses.

 A GP Investimentos anunciou no fim de semana a aquisição de 33% do capital da rede de salões de beleza e fabricante de cosméticos Beleza Natural, operação equivalente a R$ 70 milhões. A gestora também estaria de olho na área de educação do Grupo Positivo, assim como as americanas Carlyle, KKR e Apax, em um negócio avaliado em aproximadamente R$ 2 bilhões.

 Uma das características que ajuda os fundos de private equity num cenário como o atual é o fato de não terem que conviver com captações e resgates como os fundos de investimento. Os private equity são fechados durante todo o período da carteira, que possui prazo médio de dez anos, e a maior parte dos recursos disponíveis hoje para investimentos no Brasil foi captada entre 2010 e 2011.

 Alguns dos investimentos mais bem sucedidos até hoje no país, com maior retorno, como a compra de uma participação na Cetip pela Advent International, ocorreram no auge da crise financeira de 2008. 

Um estudo da empresa de auditoria e consultoria Ernst & Young mostra que o retorno obtido pelos fundos que atuam na América Latina nos últimos cinco anos superou em 2,4 vezes o desempenho do mercado de ações no mesmo período. O ganho superou o de mercados maduros, como Estados Unidos e Europa, de acordo com Carlos Asciutti, sócio da Ernst & Young. "Foi um retorno obtido principalmente com melhoras operacionais nas companhias, enquanto os fundos no exterior se valem de dívida para aumentar o ganho dos investimentos", compara.

 Com menos concorrência pelos ativos, os gestores devem encontrar condições mais favoráveis nas operações. Como grande parte das empresas nacionais possui controle familiar, a avaliação do negócio envolve questões nem sempre consideradas pelos donos, como possíveis contingências fiscais, segundo Carolina Lacerda, diretora da Anbima, associação que representa as instituições que atuam no mercado de capitais, e responsável pela área de banco de investimento do UBS. "A expectativa de valor agora começa a se ajustar", afirma.

 Apesar da queda dos preços, a piora nos fundamentos da economia e o aumento da intervenção do governo brasileiro na economia podem acabar por atenuar um pouco o apetite dos fundos. "A taxa de retorno dos investimentos pode não compensar o nível de incerteza, ainda mais em um cenário de recuperação da economia americana", diz Alain Belda, sócio e presidente da Warburg Pincus. A gestora americana, que recentemente fechou a captação de um novo fundo global de US$ 11,2 bilhões, possui no país participações no banco Indusval e na empresa de energia renovável Ômega.

 Os gestores de private equity, de uma maneira geral, evitam investir em setores nos quais existe um risco maior de intervenção do governo. Para Belda, o Brasil ainda apresenta boas oportunidades em áreas como logística e consumo.

 Embora não sejam afetados pelas oscilações de curto prazo dos mercados, pelo menos uma variável influencia diretamente os investimentos de private equity: o dólar. Como as grandes gestoras captam a maior parte dos recursos fora do país, a alta da moeda americana pode comprometer a entrega de resultados, em especial para quem fechou aquisições na época do real valorizado. Por outro lado, a recente alta do dólar aumenta o poder de fogo dos gestores nos novos investimentos.

 Para Clovis Meurer, presidente da Abvcap, associação que representa a indústria de private equity, ainda que a percepção dos investidores não seja a mesma de dois anos atrás, as oportunidades de negócio no país ainda são mais atrativas na comparação com os mercados desenvolvidos, de onde vem a maior parte do capital para investimentos na compra de participações empresas. Autor(es): Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo Valor Econômico -
Fonte: clippingmp 02/07/2013



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