Marcas e Empresas
Banco do grupo JBS quer comprar empresas
O Banco Original, do grupo JBS, negocia a compra de uma fatia da rede de supermercados Mambo, com seis lojas em São Paulo. Se concluída, a operação pode marcar a entrada do banco em um novo tipo de atividade: a compra de participações em empresas. A inspiração para essa virada vem do BTG Pactual, que tem atuado agressivamente na compra de “ativos reais”.
O Valor apurou que o plano é investir para transformar a rede Mambo na segunda maior cadeia de supermercados (excluindo hipermercados) da cidade, ficando apenas atrás da bandeira Pão de Açúcar. Se o negócio prosperar, o plano de expansão é agressivo e contempla a abertura de dezenas de lojas. A avaliação do grupo é que há uma pulverização muito grande no segmento de supermercados.
As conversas são preliminares e há muitos pontos em aberto. Nenhum documento foi assinado ainda. As negociações têm sido tocadas entre Emerson Loureiro, presidente do Original, e André Francez Nassar, da família controladora do Mambo, que estudaram juntos.
O Mambo pertence hoje à família Nassar. Segundo os termos em negociação, o banco poderia ingressar no supermercado com uma pequena participação acionária e, no futuro, pode chegar a até metade do capital da rede.
Procurado, o Banco Original não comentou. A rede Mambo afirmou em nota que a informação não procede.
O objetivo do grupo JBS é aproveitar a grande folga de capital, que o banco conquistou depois de fechar uma operação de empréstimos com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), para comprar companhias de médio porte. A avaliação é que o banco poderia aproveitar o contato inicial que tem com as empresas por meio de operações de crédito para conhecê-las melhor e posteriormente transformá-las em participações acionárias.
Criado em 2008 para financiar a cadeia de fornecedores do frigorífico da família Batista, o JBS, o banco deu seu grande salto neste ano ao assumir em agosto o banco gaúcho Matone, que tinha como foco o crédito consignado e estava com deficiência de capital.
Nessa operação, o braço financeiro do grupo JBS fez um aumento de capital de R$ 1,8 bilhão no Matone, em uma transação financiada pelo FGC que superou o volume que seria necessário para cobrir os problemas da instituição comprada. Com o aporte, ao absorver o Matone, o banco JBS foi de um capital de R$ 101 milhões, em junho, para R$ 2,1 bilhões em setembro.
De acordo com pessoas a par do caso, o FGC financiou 100% da aquisição do Matone, por meio de um empréstimo de longo prazo que conta com garantia do grupo JBS. A folga de capital do banco pode ser percebida pelo índice de Basileia, que mede a capacidade de alavancagem dos bancos, de 28%. O Banco Central exige um mínimo de 11%.
Joesley Batista, presidente da holding do grupo, e Emerson Loureiro têm dito que não há intenção de crescer agressivamente em crédito a partir do capital obtido do FGC.
No crédito consignado, por exemplo, o objetivo do banco é apenas manter o patamar atual da carteira do banco, que soma R$ 1,8 bilhão. Nos financiamentos agropecuários, a meta é dobrar o volume para R$ 1 bilhão no próximo ano. Mas essa meta é relativizada pelos executivos.
Inspirada no BTG Pactual – que também chegou a analisar a rede Mambo -, a família Batista pensa em usar essa plataforma para comprar participações em empresas. Hoje, além do Banco Original e do frigorífico JBS, o grupo já tem negócios na área de papel e celulose (Eldorado) e de cosméticos (Flora). Daniele Madureira
Fonte:ValorEconômico12/12/2011
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