Marcas e Empresas
Capital Aberto nº. 68
Banido na crise
No Brasil e em outros países, a prática do guidance (“qualquer informação prospectiva de natureza quantitativa ou qualitativa fornecida pela companhia sobre seu desempenho futuro”, segundo o CODIM) está sendo abandonada. A justificativa é que o cenário atual é incerto demais para qualquer previsão por parte da empresa, que o erro de previsão seria muito grande. Em um artigo que eu comentei aqui, Alfred Rappaport já não recomendava o guidance porque os administradores poderiam gerenciar o lucro (de forma ruim ou menos ruim) de tal forma a artificialmente atingir as metas propostas. A reportagem fala dessa questão com o depoimento do diretor de RI de uma empresa brasileira.
A revisão do IAN (Nova 202) prevê que as empresas que desejarem divulgar guidance deverão fazê-lo no Formulário de Referência (o novo IAN) e devem seguir algumas regras, como divulgar metodologia e atualizar as informações.
Por fim, a reportagem fala de um estudo da Thompson Reuters que concluiu que as empresas que divulgam guidance possuem índice P/L 11% superior às empresas que não divulgam dentro de um setor onde a maioria não divulga, indicando a existência de um prêmio por risco (aumentando o custo de capital) nas empresas sem guidance. É para se tomar com ceticismo essa conclusão: pegar apenas empresas de um setor não controla por todas as diferenças que afetam o P/L ou qualquer outro múltiplo.
Governança de Ponta
A reportagem trata do King Report, o código de melhores práticas de governança da África do Sul, em vias de ter uma terceira edição, considerado como um dos mais avançados do mundo.
O código já recomendava a abertura individual de salários dos executivos em suas edições anteriores, algo que o código brasileiro do IBGC pensa em recomendar também e que a CVM estuda tornar lei ou não. Recomenda que a política de remuneração seja definida em assembleia, mas a terceira versão exclui a exigência de aprovação prévia do montante a ser pago (o say on pay), sob a alegação (pouco convincente) de que isso é desnecessário já que a maioria das empresas sulafricanas (como as brasileiras) têm um controlador definido.
O código ainda não recomenda que os conselheiros sejam remunerados com stock options. Ainda sobre os conselhos, o código recomenda maior transparência sobre o trabalho dos conselheiros e recomenda que executivos da diretoria façam parte do conselho, em especial o CEO e o CFO. Por fim (ao menos, o que consta na reportagem), o código propõe que números relativos à sustentabilidade constem das demonstrações financeiras (e não em um relatório separado) e que a administração divulgue suas estratégias sobre o assunto.
Fala-se muito em “sugerir” e “propor” já que os códigos de melhores práticas garantem certa flexibilidade às empresas quanto ao cumprimento das regras (já que não é uma lei). As empresas podem até não seguir as recomendações, mas deve explicar porque não o faz. É o conceito do “comply or explain” ou “apply or explain”, que dá nome à uma seção interessante da revista (Pratique ou Explique, não tão sonoro como em inglês).
Avaliação de Projetos e risco: Quando VPL não é o suficiente
A regra geral para se avaliar projetos de investimento é que o Valor Presente Líquido do projeto seja superior a 1 ou que a Taxa Interna de Retorno seja positiva (um resultado implica o outro). Mas o autor aponta uma situação exemplar: Imagine um projeto que exija investimento de $90 milhões e possa gerar $102 milhões em lucro ou $100 em perdas com igual probabilidade. O VPL do projeto é de $1 milhão, mas não parece sensato que uma empresa aceite esse projeto pelo seu elevado risco. Esse projeto aumenta o valor da empresa em R$ 1 milhão com os seus fluxos de caixa, mas diminui o valor da empresa ao aumentar o risco da empresa ter problemas financeiros.
Para solucionar a análise do investimento, o autor sugere o uso de técnicas como o Cash flow at Risk ou o Value at Risk para analisar o aumento de risco financeiro para a empresa e para medir a máxima volatilidade que poderia ser permitida. O uso de seguros poderia tornar um projeto arriscado mais atrativo; apesar do prêmio pago pelo seguro ser maior do que a perda esperada (diminuindo a rentabilidade do projeto), o seguro poderia diminuir o risco da empresa ter problemas financeiros por conta do projeto, criando valor dessa forma.
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Valor Ao Acionista Mal Compreendido
(Shareholder value misundestood) Marc Schauten Valuation Strategies. Vol. 13. 3ª Ed. 2010 Jack Welch, em uma entrevista ao Financial Times, disse, em citação indireta, “that it was "a dumb idea" for executives to focus so heavily on quarterly profits...
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Revista Capital Aberto Nº. 74
Mais abertas Essa reportagem trata das mudanças na Instrução 202 da CVM sobre o registro de companhias abertas, substituindo o relatório Informações Anuais pelo Formulário de Referência. O objetivo das mudanças era oferecer mais informações...
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Capital Aberto No. 70
Ponto para elasTexto relacionado Antes que a “Nova 202” saia, algumas empresas já se adiantaram na abertura individual de salários. Hoje, só é obrigatória a divulgação da remuneração global da diretoria e do conselho de administração. Algumas...
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Abertura Individual De Salários Nas Companhias Abertas
Na “Nova 202” que prevê substituir o Informativo Anual pelo Formulário de Referência, há a previsão de abertura individual dos salários dos altos executivos das companhias abertas, além da divulgação da proporção de remuneração fixa e...
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10 Maneiras De Gerar Valor Para O Acionista
(Alfred Rappaport – Harvard Business Review, Setembro 2006). Virou moda culpar a geração do chamado valor para o acionista pelos males que afligem o mundo empresarial americano: gestores e investidores obcecados pelos resultados do próximo trimestre,...
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