Marcas e Empresas
Dados, fatos e achismos: o uso de analytics na Saúde
Especialista fala da importância de transformar os números, textos, imagens e vídeos disponíveis em informações para, assim, criar valor para a organização
No Gartner ITXpo 2011, o mais importante congresso de Tecnologia de Informação do mundo, o tema mais discutido não foi o uso de computação em nuvem ou o aumento das redes sociais: foi o uso de analytics nas organizações.
Para resumir o que significa analytics, pense no seguinte cenário: há alguns anos, reclamávamos que era muito caro ou difícil coletar e analisar dados sobre nossos clientes, fornecedores e competidores. Por isso, não conseguíamos tomar decisões com base em dados e fatos. Hoje, com toda a tecnologia existente, essa desculpa não cola mais: temos os dados e a tecnologia para analisá-los. Então, por que ainda gerenciamos nossas organizações com base no “achismo”? Faltam análise e uso desses dados. Falta analytics.
A Saúde sempre foi um negócio dependente de informação. Os pacientes são diagnosticados e tratados com base em números, textos e imagens. As operadoras auditam os serviços descritos e pagam os prestadores de serviços. Campanhas de vacinação são planejadas com base na incidência ou prevalência de determinada doença na população.
Usamos tantos dados diariamente que não nos damos conta do tamanho da infraestrutura necessária para acessá-los e transmiti-los. Muito desse alicerce está relacionado ao uso da Tecnologia de Informação – TI. Entretanto, se avaliarmos o poder que essa tecnologia possui hoje, veremos que aproveitamos muito pouco de sua capacidade para realmente gerar valor para os negócios.
Explico melhor. Na maior parte das organizações de Saúde, a análise dos dados existentes é feita ainda de forma muito superficial. Na prática, elaboramos estudos que poderíamos fazer há mais de 20 anos, sem computadores modernos ou acesso à internet. Teríamos mais trabalho “braçal”, mas chegaríamos aos mesmos resultados.
Tomemos como exemplos os principais indicadores hospitalares comumente publicados. São os de sempre: taxa de ocupação, média de permanência, taxa de mortalidade pós-operatória, relação funcionário por leito. Utilizamos esses mesmos números para gerenciar nossas organizações. Na prática, o que sua análise resolve? Que decisões justificamos com esses números?
A famosa taxa “ideal” de ocupação, de 85%, presente em inúmeros artigos e textos sobre o assunto, é realmente a melhor situação para um hospital? A resposta é sim apenas para um determinado perfil de hospital.
Um estabelecimento de pacientes crônicos, por exemplo, pode apresentar excelentes resultados com uma taxa de 90%. Afinal, o “respiro” dos 10% serve para os períodos de manutenção dos leitos e/ou sua inatividade, já que sua rotatividade é menor do que nos demais hospitais.
Com este exemplo, procure analisar qual é a taxa realmente ideal de funcionamento de sua organização. Reflita sobre as variáveis que influenciam neste cálculo. Além do tipo de hospital, a especialidade também influencia? Ou a complexidade dos casos? E, cá entre nós, o que você está chamando de “ideal”? Um valor suficiente para dar lucro? Ou você está calculando de acordo com os recursos que tem? Ou seja, se chegar a 100%, sua organização implode?
Raramente vemos nossos profissionais levantarem este tipo de questão. Raramente buscamos enxergar além do óbvio. E não adianta termos dados, dados e dados. Os números, textos, imagens e vídeos estão disponíveis. Mas o que realmente vai criar valor para a organização é transformá-los em informações.
Para isso, precisamos de conhecimento sobre nosso negócio e, claro, de uma mãozinha da tecnologia – afinal, ninguém tem muito tempo para fazer contas à mão. É apenas com o uso desse conhecimento; dessa análise cuidadosa sobre nosso ambiente de trabalho que conseguiremos tomar decisões nas organizações sem apelar para o “achismo”.
Qual foi a última vez que você usou o “achismo” para tomar uma decisão estratégica na gestão de sua empresa? Como poderia ter buscado dados e fatos para isso?
Fonte:saudeweb24/11/2011
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