Marcas e Empresas
De volta ao exterior, Amil quer hospitais em Portugal
Quatro anos após encerrar suas atividades nos Estados Unidos, a Amil quer voltar a atuar no exterior. A estratégia da maior operadora brasileira de planos de saúde é ter Portugal como a porta de entrada para a Europa. Para isso, a empresa de Edson Bueno está entre os três finalistas de uma acirrada disputa que envolve a aquisição de cinco hospitais e a gestão de uma unidade hospitalar, que pertencem à Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O negócio é da ordem de € 100 milhões e o anúncio do vencedor da concorrência - chamada de concurso, em Portugal - é esperado para até o fim deste mês. O processo foi iniciado em abril e, no início, havia mais de 50 empresas interessadas.
Além da Amil, os outros dois finalistas na disputa são o braço de saúde do grupo financeiro Espírito Santo e o empresário Jaime Antunes que se aliou a fundos de investimentos. Antunes é o principal acionista da Frontino Turismo, empresa envolvida em vários empreendimentos turísticos em Portugal.
A imprensa, em Lisboa, chegou a noticiar que a Amil estaria fora do negócio. Procurada pelo Valor, a operadora informou que não pode fazer nenhum comentário sobre a concorrência para não romper o acordo de confidencialidade, mas fontes do setor confirmaram que o grupo brasileiro continua na disputa.
A Amil só entrará com o seu plano em saúde em Portugal caso seja vitoriosa na compra dos hospitais. A operadora está buscando um sócio internacional. A estratégia que vem sendo montada é que Edson Bueno mantenha-se no controle do grupo e o novo sócio participe dos projetos de internacionalização, segundo o Valor apurou.
A Caixa Geral de Depósitos quer se desfazer dos hospitais pois procura atender ao acordo de ajuste que Portugal assinou com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia. O objetivo é desfazer-se de ativos que não sejam ligados à atividade- fim, como a administração de hospitais.
Fundada em 1876, a CGD, segundo informa o site do grupo, é o terceiro maior banco da Península Ibérica. Tem hospitais e clínicas espalhados de norte a sul de Portugal, além de um seguro saúde.
Os ativos que estão sendo negociados são: Hospital da Boavista (no Porto); Hospital da Misericórdia de Sangalhos (na cidade de Sangalhos); Hospital dos Lusíadas (em Lisboa); Hospital de Santa Maria de Faro (em Faro, no Algarve); Hospital São Gonçalo de Lagos (em Lagos); e o mais moderno de todos, o Hospital de Cascais, que opera em regime de parceria público-privada (PPP).
A HPP Saúde, empresa que administra os hospitais e clínicas, foi fundada em 1998 e conta com mais de 2 mil profissionais.
A Amil já chegou a ter 100 mil clientes em Buenos Aires (Argentina) e nos Texas (Estados Unidos) na década de 1990. No Estado americano, um dos seus clientes era o governo do Texas. A operadora também teve escritório em Miami e representação de hospital em Nova York.
Mas no início dos anos 2000 começou a recuar em suas atividades internacionais por conta da forte concorrência no mercado americano e devido à falta de perspectiva de abrir seu capital na Argentina, uma vez que a legislação local não permite empresas de saúde na bolsa. Nesse mesmo período, o mercado brasileiro de saúde começou a operar sob novas regras e Bueno resolveu focar suas atenções no país. Em 2007, abriu o capital da Amil na Bovespa, consolidando-se como a maior operadora de planos de saúde do Brasil, com 5, 8 milhões de clientes e receita de quase R$ 10 bilhões. O foco no país, porém, não eliminou as esperanças de Bueno de transformar a Amil numa companhia internacional. Heloisa Magalhães e Beth Koike Valor Econômico
Fonte: tudofarma 14/09/2012
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