Empresas de autopeças buscam diversificação para sobreviver
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Empresas de autopeças buscam diversificação para sobreviver


Para fugir das oscilações das montadoras, companhias desenvolvem produtos e procuram novos nichos Para fugir dos altos e baixos do setor automotivo, empresas do segmento de autopeças tentam o possível para diversificar seu portfólio e experimentam mercados menos voláteis.

 Especialistas do ramo comentam que, apesar de o movimento não configurar uma tendência, a diversificação de produtos pode se intensificar nos próximos anos. Carlos Storniolo, diretor-geral da Schrader no Brasil, entende que a abertura de novos mercados será determinante para o sucesso das companhias de autopeças neste período desfavorável para o setor automotivo.

 Ele explica que, a cada cinco ou seis anos, os rumos do mercado mudam, e que apesar das medidas do governo para estimular a venda de veículos novos, o recente incremento na comercialização de automóveis ainda não é confiável. “Estamos entrando no segmento de compressores de ar para que nos próximos anos consigamos absorver as variações do mercado”, afirma o executivo.

 Storniolo prevê que as receitas do novo mercado devem representar 15% do faturamento da companhia no Brasil até 2017. “É uma estratégia agressiva. Hoje somos completamente dependentes do setor automotivo, o que ocasionou uma quase estagnação da companhia nos últimos cinco anos”, afirma. 

Caso semelhante é o da Mann, tradicional fabricante de filtros que abre caminho para o tratamento de água para indústrias. Conforme foi antecipado no início do mês pelo BRASILECONÔMICO, a multinacional concluiu a aquisição da Fluid Brasil como parte essencial da estratégia para atuar neste segmento.

 Não raro, companhias especializadas no ramo de veículos leves usam sua expertise para trabalhar no segmento de veículos pesados, como caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. O principal exemplo é da Monroe, fabricante de amortecedores, que hoje exerce grande influência no segmento agrícola. 

Marcelo Cioffi, sócio da consultoria PriceWaterhouse Coopers, comenta que é comum no segmento automotivo empresas que migram para outros ramos dentro do próprio setor. “O mais normal é um fabricante de freios de carros começar a produzir para motocicletas. Essas companhias são diversificadas por natureza. Por outro lado, mudar totalmente de segmento ainda é algo recente, mas que está acontecendo”, afirma Cioffi.

 Ele lembra que nem todas a companhias podem ampliar seu portfólio de produtos como fizeram Schrader e Mann. “Algumas vezes, a expertise da empresa é um impeditivo. Existem milhares de produtos fabricados com tecnologia utilizada exclusivamente pelo setor automotivo”, diz.

 Gilberto Grandolpho, sócio da área de auditoria da Deloitte e especialista na indústria de manufatura, também restringe o movimento a grandes companhias, que possuem capital para fazer aquisições e experiências. Segundo ele, pequenas companhias têm projetos mais limitados, o que as força a permanecer no mercado mesmo em períodos de baixa atividade. “Grandes grupos, principalmente os multinacionais, podem trazer produtos e técnicos de outras plantas que já trabalham em outros segmentos. Também possuem poder de compra, o que facilita uma aquisição de companhias menores que atuam no segmento desejado”, avalia o consultor.

 Consolidação 

 Apesar das apostas das companhias na diversificação de produtos, consultores esperam uma consolidação do setor de autopeças nos próximos anos.

Segundo eles, a tendência é o fortalecimento de grupos tradicionais no mercado brasileiro para enfrentar a concorrência de importados e novas empresas. Para Grandolpho, existem hoje mais de 500 companhias no segmento de autopeças, um número que ele reconhece como grande demais para suas expectativas de mercado. “A competitividade é muito alta. As montadoras pressionam por preços mais baixos, o que torna difícil a atuação de empresas menores”, explica o consultor.

 Em consonância, Cioffi espera que este processo de consolidação se intensifique no final do ano. “Já está acontecendo nas cadeias secundárias e terciárias, para aquelas ‘fornecedoras das fornecedoras’. Pequenas empresas não estão aguentando as mudanças atuais do setor automotivo”, afirma Cioffi. Gustavo Machado Brasil Econômico - 21/09/2012



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