Eurofarma faz compras ousadas e amplia alcance na América Latina
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Eurofarma faz compras ousadas e amplia alcance na América Latina


Empresa é finalista na categoria Negócio Mais Ousado do ano por aquisição do Volta, um dos principais laboratórios do Chile

Uma das maiores farmacêuticas nacionais, a Eurofarma concluiu em 2010 a compra do laboratório chileno Volta e de sua empresa coligada, a Farmaindústria. Com essa aquisição, a companhia intensificou seu processo de internacionalização na América Latina depois de, em 2009, ter adquirido a argentina Quesada e ficou entre as finalistas na categoria Negócio Mais Ousado do Prêmio Negócio do Ano iG/Insper.

“O mercado farmacêutico chileno é o sexto mais importante da América Latina, representando cerca de 3% do total, com vendas superiores a US$ 1 bilhão”, afirma Maria Del Pilar Muñoz, diretora da área de Sustentabilidade e Novos Negócios da Eurofarma, em comunicado. “Nossa estratégia é cobrir 90% do mercado latino-americano com operação própria. O Chile tem um papel importante na consolidação desta visão.”

O Volta é um dos principais do Chile, com destaque nas áreas de oftalmologia, cardiologia e dermatologia. A empresa vende cerca de 200 tipos diferentes de remédios entre produtos de marca e genéricos. Possui mais de 250 funcionários e fechou o ano de 2010 com vendas de aproximadamente U$ 20 milhões. Já a Farmindustria fabrica principalmente para terceiros.

Também em 2010, a Eurofarma anunciou a compra do laboratório uruguaio Gautier. No mercado há 93 anos, a empresa atua nas áreas de psiquiatria, neurologia, cardiologia e medicina geral. A Gautier também mantém vendas no Paraguai e na Bolívia.

A expansão para os países vizinhos é um caminho natural do setor, entende o analista Bruno Nogueira, da consultoria Lafis. Segundo ele, o mercado brasileiro de medicamentos é o segundo que mais cresce no mundo – atrás da China. Dado o tamanho e a posição estratégica do país, faz sentido para as empresas usar o país como plataforma para os negócios na América Latina.

Mesmo com a expansão para outros países, a Eurofarma também não descuidou das compras no mercado interno. Em 2010, a companhia comprou o Segmenta, laboratório especializado em soro hospitalar, instalado em Ribeirão Preto (SP). A transação foi avaliada pelo mercado em R$ 400 milhões, mas a empresa não confirma o valor.

A companhia estuda um novo modelo de negócios, em parceria com a também farmacêutica paulista Cristália, para o desenvolvimento de produtos, mas a Eurofarma nega a intenção de fazer uma proposta para aquisição ou incorporação da Cristália.

A empresa também fechou parceria com a americana Pfizer para produzir a versão genérica do medicamento Lipitor, de combate ao colesterol elevado. Medicamento mais vendido no mundo e conhecido como “blockbuster”, com receita anual em torno de US$ 13 bilhões, esse remédio acaba de ter sua patente expirada no Brasil.

De acordo com Bruno Nogueira, os fatores que mais impulsionam o mercado brasileiro são o aumento da renda, o crescimento econômico e o envelhecimento da população – fatores que têm alterado o perfil do consumo. Por isso, medicamentos para doenças “de primeiro mundo” – como câncer, colesterol elevado e diabetes – ganham cada vez mais destaque no país.

Para ele, o setor de fármacos tem apresentado resultados “muito bons” nos últimos anos, com crescimento médio de 10% ao ano desde 2008, a despeito da crise internacional. No segmento de genéricos, a alta tem sido o dobro: 20% ao ano. Essa é área que deve atrair mais investimentos nos próximos anos e acelerar o movimento de consolidação e concentração nesse mercado, diz.

“No mundo inteiro, a indústria farmacêutica vem apresentando dificuldades para criar e registrar novos medicamentos e comercializá-los com exclusividade”, diz Nogueira. Isso se deve ao aumento da burocracia e da pressão de órgãos reguladores e dos governos por custos menores e também à concorrência. “As grandes indústrias mundiais estão querendo cortar caminho”, diz, para justificar sua opinião sobre a tendência de concentração do mercado e de entrada de capital externo no setor cada vez maior nos próximos anos.

Fundada em 1972, a empresa atua em praticamente todos os segmentos farmacêuticos e também na área de saúde animal. Com a aquisição da Segmenta, a expectativa da companhia é crescer 30% em vendas em 2011.
Fonte: iG12/07/2011



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