LDC-SEV votará abertura de capital
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LDC-SEV votará abertura de capital


A LDC Bioenergia (LDC-SEV), a segunda maior empresa de cana-de-açúcar do país, controlada pela multinacional francesa Louis Dreyfus Commodities, convocou ontem uma assembleia extraordinária para o próximo dia 8 com objetivo de votar a aprovação da abertura de capital da empresa na BM&FBovespa. O Valor apurou que a operação será realizada em julho.

 A multinacional afirmou que a proposta da assembleia é garantir que "todas as alternativas para o crescimento da empresa estejam disponíveis". Não comentou, no entanto, qual o potencial de captação de recursos na Oferta Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês) caso, de fato, siga em frente no plano que será autorizado por seus acionistas na próxima terça-feira.

 O mercado estima que essa captação poderia oscilar entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão para uma oferta de algo entre 25% e 30% da empresa. Neste caso, a empresa estaria sendo avaliada entre R$ 2,6 bilhões a R$ 4 bilhões. A LDC-SEV ainda tem dívidas de R$ 3,6 bilhões (posição no ano fiscal encerrado em 31 de março de 2011).

 Vender ações em bolsa - e outras alternativas de capitalização - é uma opção que vem sendo estudada já há algum tempo pela empresa sucroalcooleira, que no mesmo ano fiscal teve receita líquida de R$ 3,1 bilhões e lucro de R$ 267 milhões (resultado das operações continuadas). Mas ganhou no ano passado um certo caráter de "urgência" diante da pressão de acionistas minoritários - que somam participação entre 25% e 30% - para que a multinacional crie a liquidez prometida em contrato, já a partir de 2012. Com isso, eles terão opção de venda de suas ações.

 Lidera o grupo de minoritários, com 14% de participação, as famílias Junqueira Franco e Biagi, ex-controladores da Santelisa Vale, comprada pela Dreyfus em 2009. O outro bloco, com cerca de 13%, é constituído por acionistas estrangeiros, que estavam no negócio de açúcar e álcool da multinacional antes da compra da companhia paulista, em 2009. Ambos os grupos contrataram assessores financeiros no fim do ano passado para acompanhar como a LDC-SEV criaria a condição de liquidez.

 O mercado acredita que a LDC-SEV está aguardando a abertura de uma "janela" favorável no mercado de capitais para ofertar as ações. Mas que ainda não descarta a entrada de um sócio estratégico. Segundo especialistas de bancos de investimentos ouvidos pelo Valor, o processo do IPO pode ainda não se concluir, mas se tornar uma maneira de a múlti francesa, que detém cerca de 60% da LDC-SEV, precificar a companhia para negociar com os minoritários.

 Quando comprou a Santelisa Vale, em 2009, a Dreyfus criou a LDC-SEV, com 13 usinas e capacidade industrial para moer 40 milhões de toneladas. Na época a própria Dreyfus informou que a gigante tinha um valor patrimonial de R$ 8 bilhões. Descontando-se as dívidas de R$ 3,6 bilhões (empréstimos e financiamento no curto e longo prazos), o equity ficaria em R$ 4,4 bilhões e, numa eventual oferta de 30% da empresa, a captação de recursos no mercado seria equivalente a um valor próximo de R$ 1,3 bilhão, o que especialistas do mercado financeiro consideram improvável de acontecer.

 Isso porque a LDC-SEV está distante de preencher com cana sua capacidade industrial. Na última safra, 2011/12, concluída em 31 de março deste ano, a empresa teve uma forte quebra de safra, causada por problemas climáticos - que afetaram todo o Centro-Sul. A empresa não comenta o desempenho no ciclo passado, mas segundo apurou a reportagem a moagem ficou abaixo de 28 milhões de toneladas. Na temporada 2010/11, esse processamento havia sido de 33,7 milhões de toneladas.

 A Dreyfus começou a operar em cana-de-açúcar no Brasil em 2007 com a compra de quatro usinas do grupo Tavares de Mello. Com o negócio, a empresa dobrou pela primeira vez de tamanho no segmento sucroalcooleiro: de 5 milhões de toneladas, a capacidade de moagem foi para 10 milhões de toneladas. Avançou para 20 milhões de toneladas até a união com a Santelisa Vale, fusão que permitiu à empresa saltar para 40 milhões de toneladas. As usinas estão em cinco Estados, onde a empresa administra 450 mil hectares de cana. Por Fabiana Batista
 Fonte: Valor Econômico



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