Marcas e Empresas
Pelo terceiro ano, TI é campeã de fusões
Pelo terceiro ano consecutivo, o setor de tecnologia da informação (TI) liderou as transações de fusões e aquisições no Brasil. Um levantamento realizado pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), divulgado com exclusividade pelo Valor, apontou 96 operações no setor de TI no ano passado, ante 79 no ano anterior, o que representou um crescimento de 21,5% o período. A participação dos acordos de TI no total de fusões e aquisições no país cresceu dois pontos percentuais, para 12,5%.
O crescimento dos negócios de tecnologia ficou acima da média do mercado. O estudo relativo à soma de todos os setores da economia brasileira, inclusive TI, revela a ocorrência de 770 fusões e aquisições, 2,5% mais que no ano anterior.
Para Alexandre Pierantoni, sócio da PwC e principal executivo de fusões e aquisições na consultoria, o desempenho do setor de TI manteve a tendência de anos anteriores. “O mercado de TI continua bastante pulverizado no Brasil como no mercado internacional”, disse. Para ele, há uma movimentação no país de companhias de pequeno e médio portes interessadas em aquisições, com o objetivo de ganhar musculatura para competir em nível nacional ou internacional. Ao mesmo tempo, a procura de grupos de investimento estrangeiros – principalmente com origem no Vale do Silício, nos Estados Unidos – se manteve aquecida.
Em valores financeiros, no entanto, as operações do setor de TI ficaram abaixo da média verificada pela PwC. Das 770 operações analisadas no país, 308 tiveram o valor anunciado, sendo que o montante médio dessas transações foi de US$ 137 milhões. Se forem desconsideradas as 16 operações que apresentaram valores acima de US$ 1 bilhão, a média cai para US$ 80 milhões por acordo, ante US$ 70 milhões a US$ 75 milhões em 2011.
No mercado de TI, a maioria dos acordos anunciados ficou abaixo de US$ 10 milhões. Uma das exceções foi a aquisição da Digibras, dona da marca CCE, em setembro, pela chinesa Lenovo, por R$ 300 milhões (US$ 147 milhões à época). Outra aquisição que também ficou acima da média foi a da brasileira Politec, especializada em serviços de TI, pela companhia espanhola de software Indra. A operação envolveu a compra de 93,43% das ações da Politec, no valor aproximado de R$ 219 milhões (US$ 130 milhões).
Ao longo de 2012, foram intensas as negociações realizadas por companhias de capital internacional, principalmente com empresas novatas. Grupos de investimentos como Rocket Internet, RedPoint Ventures, Accel Partners e Kaszek Ventures já haviam realizado investimentos em 2011 e reforçaram a sua carteira no Brasil, seja com novos aportes nas empresas em que já tinham participação, seja com injeção de recursos em novas companhias.
Ao mesmo tempo em que os grupos de investimentos internacionais negociaram aquisições totais ou parciais de empresas de TI no país, alguns grandes de tecnologia também anunciaram a criação de fundos para aplicar em empresas de pequeno e médio portes. Pierantoni disse que a Totvs, maior companhia de software e serviços no país, estrutura a criação de um fundo de investimentos para adquirir participação acionária em empresas brasileiras e estrangeiras de tecnologia.
A Stefanini, especializada em serviços de TI, também desenvolveu há dois anos um fundo com características semelhantes ao do projeto da Totvs e tem por meta elevar o valor disponível para investimentos de R$ 75 milhões para R$ 100 milhões. Durante o ano passado, a fabricante de software Microsoft também anunciou um projeto de seleção de companhias novatas para investimentos. Outras empresas que já atuavam no país com seus braços financeiros, como a Intel, por meio da Intel Capital, também disputaram com os grupos brasileiros a aquisição de participações em companhias novatas.
A PwC não realizou um estudo específico sobre investimentos estrangeiros e nacionais por setor. No total de fusões e aquisições, os investimentos de origem estrangeira representaram 41% do total, ante 37% no ano anterior. Para Pierantoni, mesmo com os avanços das companhias brasileiras, a tendência é de aumento da participação do investimento estrangeiro no país, incluindo no setor de TI. Cibelle BouçasValor Econômico
Fonte: telcomp 17/01/13
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